
Lenda do vôlei, bicampeão olímpico pela Seleção Brasileira e hoje levantador do Campinas, Bruninho celebrou a volta de Neymar para o Santos após 12 anos, mas fez pedido especial ao amigo: que ele não marque gols contra o Botafogo, seu time do coração.
“Por favor, só pedi isso a ele… Faça gol pra caramba, vou torcer sempre pelo Santos, menos contra o Botafogo”, disse o atleta, após vitória do Campinas por 3 sets a 2 contra o Suzano, nessa quinta-feira (30/1), pelas quartas de final da Copa Brasil de Vôlei.
“O que ele sentia necessário era voltar a ser feliz jogando futebol, que é aquilo que ele mais ama fazer. Ficar na Arábia sem poder jogar pra ele seria muito difícil, seria um martírio, e nada melhor do que voltar pra casa, voltar pra onde ele ama, onde as pessoas realmente gostam dele”, afirmou Bruninho.
Trajetórias parecidas
Bruninho comparou a escolha de Neymar de voltar para o Santos com a decisão que o próprio levantador tomou no meio do ano passado, de retornar ao Brasil após muitos anos atuando fora. O atleta de vôlei decidiu fechar com o Campinas, time da cidade em que cresceu, onde se sente “em cada”.
“É algo parecido com aquilo que eu fiz também. de voltar pra casa nesta temporada depois de muitos anos fora. Não sabemos se vai ser por pouco tempo, se vai ser por muito, mas o mais importante é que ele seja feliz fazendo o que ele ama, perto das pessoas que ele ama. Então acho que esse era o grande objetivo dele e a gente deu muita força, porque eu sei que é assim que ele vai conseguir atingir os objetivos dele, principalmente chegar bem na Copa do Mundo”
Bruninho, levantador do Campinas
Carreira de Bruninho
Bruninho passou a infância e parte da adolescência em Campinas, mas o primeiro clube da carreira profissional dele foi o Unisul, de Santa Catarina, em 2003. Posteriormente, o clube se transformou em Florianópolis, e Bruninho seguiu por mais sete temporadas.
No período, colecionou as primeiras conquistas: Campeonato Catarinense (2004/05, 2006/07, 2008/09, 2009/10, 2010/11 e 2011/12), Liga Nacional (2005/06), Copa Brasil (200607), Sul-Americano (2008/09) e Superliga (2003/04, 2005/06, 2007/08, 2008/09 e 2009/10).
Experiência internacional
No fim de 2011, eliminado da Superliga, Bruninho assinou rápido contrato com o Modena, da Itália, para a disputa dos playoffs da liga nacional. Foi eliminado na semifinal. E retornou ao Brasil para jogar no RJ Vôlei. No clube carioca, venceu o estadual (2012/13 e 2013/14) e a Superliga (2012/13). Sem receber em dia, decidiu rescindir contrato com a equipe.
Logo na sequência, em 2014, retornou ao Modena para passagem vitoriosa. Alcançou o ouro no Campeonato Italiano (2015/16), na Copa Itália (2014/15 e 2015/16) e na Supercopa Italiana (2015/16).
Na temporada 2016/17, o levantador vestiu a camisa do Sesi. Em relação as conquistas, ficou no quase. No ano posterior, voltou ao Modena pela terceira vez. Diferentemente das outras vezes, ficou com o bronze no Mundial (2018/19). Ainda na Itália, Bruninho assinou com o Civitanova por duas temporadas. Sagrou-se campeão do Mundial (2019/20), da Liga dos Campeões (2018/19), da liga nacional (2018/19) e da Copa Itália (2019/20).
Em 2020, voltou ao vôlei brasileiro para defender o Taubaté. Venceu o Troféu Super Vôlei (2020/21), a Supercopa (2020/21) e a sétima Superliga (2020/21). Ao fim da breve passagem, retornou ao Modena pela quarta vez e conquistou o ouro da Copa Cev (2022/23). Agora, em 2024, assinou contrato de dois anos com o Campinas.
Bruninho na Seleção Brasileira
Logo no início da carreira, quando atuava por Unisul e Florianópolis, Bruninho recebeu o primeiro convite para vestir a camisa da Seleção Brasileira principal. À época, Bernardinho comandava o time. De imediato, venceu a Liga Mundial (2006 e 2007), o Pan-Americano (2007) e o Sul-Americano (2007).
O levantador chegou na primeira Olimpíada sob desconfianças por ser o filho do treinador. Em Pequim, conquistou a prata. Depois, consolidou-se na função e participou de outros três Jogos Olímpicos: Londres 2012, Rio 2016 e Toquio 2020. Certamente, o mais especial foi disputado em casa. Naquela edição, a Seleção Brasileira se sagrou campeã.
Bruninho coleciona títulos com a camisa verde e amarela. São seis edições do Sul-Americano (2007, 2011, 2013, 2015, 2017 e 2021), uma da Liga das Nações (2021), quatro da Liga Mundial (2006, 2007, 2009 e 2010), dois do Pan-Americano (2007 e 2011), três da Copa dos Campeões (2009, 2013 e 2017), dois da Copa do Mundo (2007 e 2019) e um do Mundial (2010).
Carreira de Neymar
Pelo Peixe, clube pelo qual estreou profissionalmente em 7 de março de 2009, Neymar fez 225 jogos, com 136 gols e 63 assistências. Além disso, as conquistas do Campeonato Paulista (2010, 2011 e 2012), Copa do Brasil (2010), Libertadores (2011) e Recopa Sul-Americana (2012), fizeram com queele se consolidasse como um dos maiores ídolos do clube paulista.
Quando deixou o Santos, aos 21 anos, Neymar já era o principal jogador brasileiro. Em 2013, chegou ao Barcelona em meio a uma polêmica transferência que até hoje é alvo de investigações.
Destaque no futebol europeu
Ao lado de Lionel Messi e Luís Suarez, o reforço do Santos formou o trio “MSN”, uma das parcerias de ataque mais icônicas da história do esporte. Com grandes atuações, Neymar se consolidou como um dos melhores jogadores do mundo.
Ao todo, foram 186 jogos, 105 gols e 62 assistências pelo clube da Catalunha. E o que não faltaram foram troféus: Campeonato Espanhol (2014/15 e 2015/16), Copa do Rei (2014/15, 2015/16 e 2016/17), Supercopa da Espanha (2013), Liga dos Campeões (2014/15) e Mundial de Clubes (2015).
Passagem pelo Paris Saint-Germain
Por 222 milhões de euros (R$ 812 milhões na cotação da época), Neymar foi vendido ao PSG, para liderar um projeto em busca da conquista inédita da Liga dos Campeões. A transferência bateu recorde e até hoje é o maior valor já pago por um jogador em toda a história do futebol.
Neymar não conseguiu levar o clube parisiense ao topo da Europa – bateu na trave ao perder a final da Liga dos Campões de 2020/21 para o Bayern de Munique. Contudo, atingiu números impressionantes no PSG (118 gols e 70 assistências em 173 jogos) e dominou o futebol francês.
Por lá, foi pentacampeão nacional (2017–18, 2018–19, 2019–20, 2021–22 e 2022–23), tri da Copa da França, ( 2017–18, 2019–20 e 2020–21), bi da Copa da Liga Francesa (2017–18 e 2019–20) e tri da Supercopa da França (2018, 2020 e 2022).
Frustação na Arábia Saudita
Durante reformulação do elenco do PSG, em 2023, o brasileiro surpreendeu ao fechar com o Al-Hilal, da Arábia Saudita, aos 31 anos. Neymar voltou a bater recorde com a maior transferência de um clube não europeu na história, por 90 milhões de euros (R$ 580 milhões na cotação da época).
A passagem na Arábia Saudita, no entanto, foi frustrante. Em 531 dias como jogador do Al-Hilal, o atacante só entrou em campo sete vezes – cinco vitórias e dois empates. Neymar anotou um gol e duas assistências no Oriente Médio.
Muito do insucesso se deve à grave lesão que ele sofreu em outubro do mesmo ano, quando rompeu o ligamento cruzado anterior e o menisco do joelho esquerdo durante um jogo da Seleção Brasileira. Após isso, passou por uma cirurgia e só retornou aos gramados em novembro de 2024.
Na segundo jogo após a volta, a vitória por 3 a 0 sobre o Esteghlal, pela Champions League da Ásia, Neymar atuou por cerca de 30 minutos e novamente se lesionou. Dessa vez, sofreu uma ruptura no tendão da coxa esquerda. O jogador não atua oficialmente desde então.
Líder da Seleção Brasileira
O atacante assumiu o protagonismo da amarelinha ainda com pouca idade. Em 2014, aos 22 anos, foi o camisa 10 e grande líder técnico da Seleção Brasileira na Copa disputada no Brasil. Em 2018 e 2022, a história se repetiu.
Neymar ainda ultrapassou Pelé e atingiu o posto de maior artilheiro da história da Seleção Brasileira, com 79 gols. Apesar das conquistas da Copa das Confederações de 2013 e do ouro olímpico na Rio 2016, o atacante ainda não consegui levar o Brasil ao sexto título mundial – seu grande objetivo na carreira.