Para Rui Moreira, o Praia Clube saiu mais forte da derrota por 3 sets a 0 para o Conegliano de Gabi Guimarães nesta quinta-feira (11/12), no terceiro e último jogo do Grupo B do Mundial de Clubes Feminino de Vôlei. Em resposta ao No Ataque, o técnico português destrinchou a atuação aurinegra na partida, disputada no ginásio do Pacaembu, em São Paulo.
Para Rui, apesar da humildade necessária para enfrentar o melhor time do mundo, o Praia deveria ter “um pouquinho de arrogância” e respeitar menos o adversário. “Nós tínhamos que ter pé no chão, ser humildes, entender o time que está do outro lado, mas também não nos rebaixarmos completamente e ter um pouquinho de arrogância de querer crescer dentro do jogo”, iniciou.
“Entramos muito ansiosos, até com respeito a mais pelo time que estava do outro lado. O Conegliano não foi baixando o nível e a intensidade durante o jogo. Dentro daquilo que nós podemos fazer, entramos com respeito a mais e o primeiro set foi muito desnivelado. Depois, nos soltamos. Na linha de passe, fomos aguentando, conseguindo criar algumas alguns desequilíbrios na estratégia ofensiva, principalmente na primeira bola de side out.”
Rui Moreira, técnico do Praia Clube
O técnico português destacou que um dos principais aprendizados que a equipe leva é no ataque. “É um grande aprendizado, no ataque, no alcance e nas trajetórias, não no alcance do adversário, porque é difícil nós conseguirmos chegar 20, 30 com 40 cm mais alto. Mas a forma como atacamos, a decisão que tomamos, com que alcance, dentro do alcance que nós conseguimos atingir, e em que trajetória, eu acho que nós aprendemos durante o jogo.”
“Começamos o jogo atacando muito para baixo, no meio da quadra, na direção da zona seis, enfrentando as segundas colocadas e a central. À medida que o jogo vai rolando, e nós percebemos que as pancadas de ataque tinham de ser mais alongadas, que os contatos de ataque tinham de ser mais altos e que quando tínhamos que enfrentar as bloqueadoras, tínhamos que enfrentar a primeira bloqueadora para usar uma mão de fora ou então jogar em cima, na ponta do dedo, mas na primeira blocadora, nós começamos a conseguir pontuar mais algumas vezes”.
Rui Moreira
“E quando nós conseguimos pontuar principalmente no side out, foi no terceiro set. O placar foi rolando equilibrado. Como é lógico, o time adversário é sempre superior, mas enquanto o placar está equilibrado, há uma empolgação e uma motivação do nosso lado, e o outro lado também não pode jogar de qualquer jeito. Isso vai mantendo o jogo nivelado. Acho que nós conseguimos crescer dentro do jogo nesse aspecto no ataque.”, continuou Rui.
“Estamos de parabéns por isso e principalmente porque as meninas mentalmente nunca desistiram, tentaram sempre lutar, jogar juntas E encontrar soluções. Isso é muito bom para os jogos seguintes”, finalizou o português.
‘Terminamos mais fortes’
Rui explicou que, se o time encarasse a partida de uma forma negativa pela derrota, poderia sofer uma “desmoralização” no Mundial de Clubes. Contudo, ele opta por aderir a linha positiva do aprendizado de jogar contra as melhores do mundo.
“Olhe, eu acho que depende muito da forma como nós encaramos isto. Se nós quisermos encarar na perspectiva de que perdemos 3-0, podemos ter aqui um ponto de desmoralização agora”, iniciou. “Se pensarmos que não entramos bem no jogo contra provavelmente a melhor equipe do mundo, com algum respeito a mais e algum receio, que dentro do jogo conseguimos crescer sem que eles tivessem baixado o nível e a intensidade que apresentaram no início…”, prosseguiu o europeu.
“(O Conegliano) é uma equipe fisicamente muito boa, tem muitas armas, e nós conseguimos dar uma resposta, principalmente crescendo durante o jogo da segunda metade do segundo set, até o final de jogo nós fomos nos batendo. Nós temos que olhar para isto de forma positiva e perceber que crescemos, somamos mais alguma coisa ao ao nosso coletivo. Certamente hoje terminamos mais fortes.”
Rui Moreira
“Temos mais algumas opções de aprimoramento da equipe para a próxima fase da competição. Serviu 100% de aprendizado, como eu disse. E este alcance de ataque bloco, esta agressividade de ataque bloco e saque, nós não temos no campeonato, principalmente não temos de um time inteiro, porque também temos na Superliga jogadoras com algum alcance, mas não temos um time onde tem seis jogadoras agressivas.
Rui explicou que o Conegliano não tem pontos fracos tão aparentes: “Não tem como olhar para o time do Conegliano e dizer assim: ‘Ah, talvez a Gabi é um ponto de bloqueio a se explorar (por ser ‘baixa’, ter 1,80m)”. Mas não é um ponto de bloqueio explorado naquele time, porque é uma bloqueadora com grande alcance. Então, nós isto não temos. Isto fez o crescimento do jogo. Agora, o mais importante aqui é aprender, tirar tirar relações boas, tirar aprendizados bons, transportar já para o jogo de sábado.”