O Cruzeiro divulgou, nesta quarta-feira (3/5), uma nota oficial em que critica as decisões tomadas pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico Brasileiro (Cecob) com relação à suspensão de Wallace e às sanções contra a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
O Cecob informou na terça-feira (2) que o oposto teve a suspensão ampliada de 90 dias para cinco anos. Além disso, determinou que a CBV seja desligada do sistema do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) por seis meses, impedindo que a organização receba repasses financeiros, inclusive das loterias.
As decisões foram tomadas após Wallace entrar em quadra na final da Superliga, no último domingo (30/4), vencida pelo Cruzeiro sobre o Minas. No entendimento do Comitê de Ética, o jogador não deveria ter sido utilizado na partida.
Em nota, o clube celeste demonstrou seu descontentamento com o Cecob e declarou que “tomará todas as medidas jurídicas cabíveis para proteção dos direitos do atleta”.
Wallace foi punido por causa de uma postagem no Instagram fazendo apologia à violência contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante da repercussão negativa, o oposto se arrependeu e pediu desculpas pela conduta.
Leia a nota na íntegra:
Perplexidade, incredulidade. Não faltam adjetivos para a decisão do Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil – Cecob, divulgada nessa terça-feira, 02/05, com a suspensão do oposto Wallace para cinco anos. O clube colocou o atleta em quadra, no último domingo, na final da Superliga, amparado por decisões do Superior Tribunal de Justiça Desportiva – STJD, e do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem – CBMA.
Wallace foi ilegalmente suspenso de forma cautelar, há quase três meses, e ficou de fora de 17 partidas oficiais. Depois, pelos meios legítimos, junto ao STJD, e com uma decisão do CBMA, o jogador foi liberado para atuar na sequência da Superliga.
Não bastasse a nova punição totalmente desproporcional e descabida ao atleta, que tanto fez pelo esporte brasileiro, o Conselho de Ética ainda suspendeu por seis meses a filiação da CBV ao Comitê Olímpico do Brasil – COB, determinando a suspensão do repasse de recursos à entidade.
Sob a constituição brasileira, a justiça desportiva é um órgão independente e suas decisões devem ser cumpridas. Ao ignorar a decisão do STJD do vôlei, órgão que, segundo o artigo 217 da Constituição Federal, é responsável por julgar as questões envolvendo disciplina e competição, o Conselho de Ética do COB se confere uma competência que não possui.
Não estamos em uma terra sem lei, em que se pode passar por cima de tudo e de todos. Que prevaleça o bom senso. A briga política entre instituições e de egos não pode prejudicar o esporte e todo o sistema do voleibol.
O Cruzeiro, como clube formador e que há quase 17 anos vem trabalhando pelo desenvolvimento do vôlei brasileiro, se posiciona de forma contundente contra a decisão do Cecob.
E acredita que todos devem questionar essa decisão descabida, que extrapola as normas e competências previstas na lei. A sociedade precisa compreender o que está se passando, que é uma clara intervenção pública e política no esporte brasileiro.
Wallace cometeu um grande erro. Se desculpou e foi punido. Ele e toda a sua família sofreram pelo ato infeliz. E por causa de seu ato ele será perseguido eternamente?
O Cruzeiro informa que tomará todas as medidas jurídicas cabíveis para proteção dos direitos do atleta.