VÔLEI

Vôlei: Sheilla e Fabi falam sobre o desafio da maternidade para as atletas

Sheilla revelou que um clube desistiu de contratá-la porque tentava ser mãe. Fabi contou que, depois de engravidar, voltou às quadras ‘do zero’
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Bicampeãs olímpicas comentaram sobre o desafio da maternidade para atletas do vôlei em entrevista ao podcast PodDelas. Já aposentada, Sheilla revelou que um clube desistiu de contratá-la porque tentava ser mãe. Fabi, central do Osasco, contou que, depois de engravidar, voltou às quadras “do zero”, como se fosse ninguém.

Em qualquer esporte de alto rendimento, a maternidade não é bem vista pelos clubes. Duas das melhores atletas do vôlei brasileiro confirmaram este panorama: “Não tem apoio de time nenhum”. 

Sheilla compartilhou uma experiência negativa que teve em relação ao assunto. A ex-oposta fez planos de engravidar depois da Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. Durante o processo, foi procurada de forma insistente por um clube cujo nome não foi mencionado. Ao comunicar que tinha o desejo de ser mãe, a surpresa: o time recuou no mesmo instante. 

Agora, ela aconselha as amigas para que elas não precisem correr riscos, já que os clubes não dão qualquer tipo de suporte: “Eu falo para todas as minhas amigas ‘congela óvulo’. Porque aí não precisa parar com 32, quando está no auge”.

Na mesma linha, Fabi contou que sempre teve o sonho de engravidar e se preparou para o momento. Mesmo com o grande número de conquistas, ao voltar da licença maternidade, a central precisou provar tudo novamente.

“Foi muito difícil. Tanto mentalmente, quanto fisicamente. Quando você volta, você precisa provar. Seu salário é baixo. Eles não acreditam em você… Teoricamente você volta do zero”, revelou Fabi. 

A atleta sentiu uma espécie de ingratidão: “Você faz tudo pelo voleibol, pelo seu país e, quando você mais precisa, você é colocada lá embaixo e desafiada novamente a provar o que você é”.

A interferência da pandemia no desafio das mães atletas

Depois da Olimpíada de 2016, Sheilla se retirou das quadras para tentar engravidar. Finalmente, em novembro de 2018, ela deu à luz gêmeas – Ninna e Liz. No ano seguinte, retornou à Seleção Brasileira a pedido do técnico José Roberto Guimarães. Depois, quando começou a pegar ritmo na volta ao Minas, foi pega de surpresa pela pandemia de Covid-19.

Inclusive, foi a pandemia um dos fatores que a fez deixar o esporte outra vez, em agosto de 2020. “Minhas filhas estavam com 1 ano e 2 meses. Eu morava em frente ao Minas, em um apartamento. Só que estava tudo fechado. No clube não podia entrar criança, as praças em Belo Horizonte foram cercadas. Eu falei ‘não vou ficar aqui’. Então foi por isso que eu decidi parar de novo e vim para o litoral norte de São Paulo”.

Fabi atuava no Japão e tinha a expectativa de participar de mais uma Olimpíada – a de 2020, em Tóquio – e, depois, ser mãe. O evento esportivo foi cancelado por causa da pandemia e a central não quis esperar um ano para realizar o sonho fora das quadras. 

Enfim, ela engravidou. Asaf nasceu em abril de 2021. E, em escolha conjunta com o marido, optaram por não ter babá. Por isso, o filho precisou acompanhá-la durante os treinamentos. Se já era difícil voltar do zero e ter que provar tudo de novo, Fabi ainda precisou encarar a dupla jornada de mãe atleta.   

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