VÔLEI

Vôlei: Pelé conta história de superação em livro autobiográfico

No livro, Pelé conta, com leveza, sinceridade e até bom humor, como venceu a extrema pobreza, a violência doméstica e o preconceito
Foto do autor
Compartilhe

“Para mim foi muito importante o desafio de fazer este livro. Foi um grau de dificuldade muito grande, mas é importante o que conto, de uma infância difícil e que prova que nada é impossível. Eu era um garoto pobre, da Febem. Eu vivia entre dois mundos, o do mal e o do bem. Fiz a opção certa, pelo bem, pelo esporte. Este livro será importante para o jovem, para que ele sinta que tudo é possível. Estar numa área vulnerável, não quer dizer que você tem de optar pelo mal. Penso que servirá de exemplo.”

As palavras são de um dos grandes jogadores da história do vôlei mineiro, um ídolo: José Francisco Filho, o Pelé, tricampeão brasileiro com o Minas, em 1984/1985/1986, num time que tinha Helder, Elberto, Cacau, Henrique Bassi, Luiz Alexandre, Cebola, Guto, e que era comandado pelo técnico Young Von Sohn.

Aliás, os bastidores dessa conquista estão, também, no livro, que será lançado nesta quinta-feira (25/7), na Cafeteria do Centro Cultural do Minas Tênis Clube (Rua da Bahia, 2244 – piso 5, Bairro de Lourdes), às 19h. O evento vai até as 21h.

Pelé é mineiro de Belo Horizonte, nascido em 19 de março de 1958. No livro, ele conta, com leveza, sinceridade e até bom humor, como venceu a extrema pobreza, a violência doméstica, o preconceito social e racial para se tornar uma referência do vôlei e do esporte nacional, nos anos 1980.

O livro tem 98 páginas e traz também depoimentos de atletas e profissionais que fizeram parte da trajetória de Pelé, como Renan dal Zotto, Helder Zech Coelho, Henrique Bassi, Elberto Furtado, Hilma Caldeira, Cristina Pîrv e outros.

O presidente do Minas Tênis Clube, Carlos Henrique Martins Teixeira, assina o prefácio. A produção editorial é da jornalista Cláudia Leal.

“Essa autobiografia é uma homenagem à minha mãe, à minha família e a todos que me ajudaram a alcançar meus objetivos na vida. Espero que minha história possa contribuir para mostrar, principalmente aos nossos jovens, que cada um de nós é dono do seu destino e que, com força de vontade, foco, honestidade, disciplina e fé, podemos chegar aonde quisermos. Se a vida está difícil, trate de ficar mais forte”, diz Pelé.

O início de Pelé

Aos 5 anos, Pelé foi internado na extinta Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), autarquia do governo que acolhia crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

Seu pai havia morrido em consequência do alcoolismo, e sua mãe, empregada doméstica e viúva, não tinha recursos para cuidar dos filhos menores.

As duas irmãs dele, de 7 e 9 anos, foram para um internato, no interior; as duas pré-adolescentes trabalhavam e moravam em casas de famílias. Com a mãe ficou apenas o casal de gêmeos, ainda bebês.

Quando saiu da Febem, aos 12 anos, o menino Zezé conseguiu um emprego de trocador de ônibus e, nas “horas vagas”, era carregador na feira de Santa Tereza, além de entregador de marmitas.

Na juventude, foi aprendiz numa fábrica de luvas, instalador de som automotivo e técnico de telefonia.

Pelé começou a jogar vôlei aos 15 anos e logo entendeu que o esporte poderia mudar sua vida. Conciliava os treinos com o trabalho e a escola. Do Guaíra, seu primeiro clube, foi para o Olympico e, em seis meses, era o melhor atacante juvenil do país.

Foi convidado pelo Minas para o time juvenil. Em menos de um ano já fazia parte da equipe principal do clube, com a qual conquistou os principais títulos da sua carreira: tricampeão brasileiro (1984, 1985 e 1986), bicampeão sul-americano (1984, 1985 e 1986) e melhor atacante do campeonato brasileiro adulto por sete temporadas consecutivas.

Também defendeu a Seleção Brasileira em 165 jogos, se sagrando tetracampeão sul-americano (1981,1983,1985 e 1987), medalha bronze na Copa do Mundo (1981) e medalha de bronze nos Jogos Pan-americanos de Indianápolis (1987).

A caminhada foi dura, segundo ele. Um dos episódios mais marcantes para Pelé, no início de sua carreira, foi o desmaio durante um treino. Essa e muitas outras histórias estão no livro.

Compartilhe