VÔLEI

Destaque do Brasil no vôlei desabafa: ‘Tive que trabalhar muito mais do que um hétero’

Líbero brasileiro relembrou preconceitos sofridos na juventude e falou sobre os desafios enfrentados por ser um atleta homossexual

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Maique Reis desabafou sobre o preconceito no mundo do vôlei. Em entrevista à ESPN Brasil, o líbero da Seleção Brasileira Masculina de Vôlei ponderou os desafios de ser um atleta homossexual. Inclusive, destacou o sentimento de sempre ter que trabalhar muito mais do que uma pessoa hétero para ter reconhecimento.

Segundo ele, a mãe o alertou desde novo sobre os preconceitos, mas sempre ponderou para que ele não tivesse vergonha de se assumir e ser a pessoa que é. “Quando eu sai de casa, minha mãe sempre me alertou. Ela me falou assim: ‘não tenho vergonha do que você é, da pessoa que você é e do que você está se tornando. Eu só tenho medo do que as pessoas lá fora podem fazer com você, podem te matar. Esse é meu maior receio, as marcas ou clubes não querer te contratar por você ser gay.'”

“‘Então esse é meu receio. Não quero que você fique se expondo, quero que você tente se conter e ser quem você é.’ Isso ficou muito comigo, me marcou muito. A gente vai se blindando diante da sociedade do que as pessoas te falam, agridem verbalmente ou da forma como elas te tratam. Ou de como você tem que fazer para chegar onde quer chegar.”

“Sempre senti que tive que trabalhar muito mais do que um hétero padrão ou um garoto branco que teria as oportunidades.”

Maique Reis, líbero da Seleção Brasileira Masculina de Vôlei

O atleta brasileiro comentou, ainda, não ter sofrido discriminação desde que se tornou profissional. No entanto, se recordou, com dor, dos momentos em que ouviu insultos ainda na juventude.

“É um assunto delicado, até porque falam que no esporte não existe preconceito e a gente vê muito preconceito por aí. E não só falando de homofobia, mas de diversos tipos de discriminação. Eu não cheguei a vivenciar, desde que me tornei profissional, em algum momento dentro de quadra ou em clubes que passei, diretamente não.”

“No início, quando jogava como ponteiro, lá atrás, eu era ponteiro e me destacava. Aí ouvia alguns insultos de pais na torcida, porque o time do filho estava perdendo e eu me destacava porque eu estava desde muito novo jogando, e às vezes era ‘aquele viadinho’, ‘aquele menino preto’, ‘ah meu filho, você não vai perder para o viadinho’. Então ouvia coisas”, lembrou

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