VÔLEI

‘As mulheres ganham mais’: os salários no vôlei feminino e masculino

Ao No Ataque, Marcelo Claudino explicou o motivo de as estrelas do voleibol feminino faturarem mais dinheiro que os astros do masculino

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O vôlei é uma das modalidades esportivas em que as mulheres recebem maior salários que os homens. Quem revela esse dado é o educador financeiro Marcelo Claudino, que cuida do patrimônio de mais de 100 atletas profissionais por meio da Top Family Office. A empresa de gestão sediada em Belo Horizonte tem a central Carol Gattaz, do Praia Clube, como embaixadora.

Em entrevista ao No Ataque, Marcelo Claudino explicou o motivo de as estrelas do voleibol feminino faturarem mais dinheiro que os astros do masculino. Segundo o especialista, trata-se da “lei da oferta e da demanda”.

“Com certeza as mulheres ganham mais. Por que? Porque a amostra de jogadoras é menor. Então, como há muita oferta de jogadores no masculino, o clube pode pagar menos. É a lei da oferta e da demanda. No feminino, achar as jogadoras mais fora da curva é difícil. Há uma amostra menor de praticantes. Então, geralmente, aquelas que se destacam, saem-se melhor, têm mais destaque, acabam tendo salários superiores ao dos atletas do masculino”.

Marcelo Claudino

Em agosto de 2024, quando esteve no Charla Podcast ao lado de Carol Gattaz, Marcelo Claudino comentou que uma “jogadora top” de vôlei no Brasil faturava de R$ 1,5 milhão a R$ 1,8 milhão por temporada (R$ 125 mil a R$ 150 mil por mês).

Ao No Ataque, o educador financeiro explicou os patamares salariais. “Você vai ter aqueles do topo da pirâmide, que são os atletas selecionáveis e que jogam as melhores ligas do mundo. O Flávio, o Lucarelli, a Ana Cristina, que está no Fenerbahçe e tem duas medalhas olímpicas já com 21 anos. A própria Thaísa, aqui no Minas. São atletas que têm um salário bem interessante e não deixam a dever a um atleta até do futebol profissional”.

Na sequência, Claudino analisou os jogadores intermediários – ou seja, aqueles que não fazem parte das seleções. “Assim como acontece no futebol, há várias faixas de salários. Existem clubes, por exemplo, que disputam a Superliga masculina e feminina, com um orçamento muito alto. E existem aqueles clubes que estão ali para competir com orçamento muito limitado. Então, há atletas que ganham cerca de R$ 10 mil por mês. E daí para frente. O nível de investimento é muito menor do que no futebol, mas hoje é possível também, através do voleibol, ter uma, uma vida financeira digna ao longo da carreira”.

Brasil conquistou a medalha de bronze no Mundial Feminino de Vôlei de 2025 - (foto: Divulgação/FIVB)
Brasil conquistou a medalha de bronze no Mundial Feminino de Vôlei de 2025(foto: Divulgação/FIVB)

O desafio de sempre poupar

Os profissionais de vôlei conseguem guardar dinheiro como no futebol? Segundo Marcelo Claudino, no início de carreira é um pouco mais desafiador. Na medida em que o jogador economiza parte de sua remuneração e consegue melhorar os contratos, ele constrói a sua reserva de emergência.

“Pode ser que no início do processo não tenha tantos recursos para poupar, porque tem que pagar aluguel, morar em outra cidade, os custos são altos. O atleta hoje acaba tendo um fisioterapeuta, às vezes um massagista que ele tem que pagar por fora, um personal, uma atividade complementar. Mas poupar sempre, ainda que possa poupar pouco, poupe sempre”, disse.

“O que faz diferença lá no final é o tempo, que está na exponencial da fórmula de juros compostos e principalmente a recorrência. Então, a gente sempre fala: ‘não sei se você vai poupar 100, 500 reais por mês, mas poupe todo mês, porque isso vai fazer muita diferença com o tempo'”, complementou.

Assista à entrevista de Marcelo Claudino ao No Ataque

Independência financeira no vôlei

Conforme o CEO da Top Family Office, há alguns anos o voleibol permite que o jogador conquiste sua independência financeira. “Trabalhei com vários atletas do Cruzeiro desde 2010. Aquele time multicampeão que começou a ser formado ali com o Marcelo Méndez, toda aquela geração do William, Filipe, Serginho, etc. É possível. Os salários permitem isso ao longo de uma carreira”.

Marcelo Claudino ainda listou quais ligas de vôlei oferecem os melhores contratos. Houve casos de brasileiros que faturaram 1,5 milhão de euros em um ano (R$ 9,3 milhões em valores atuais).

“Hoje, não há dúvidas de que as ligas mais fortes no masculino são na Itália, Polônia e Rússia. E no feminino, na Turquia e na Itália. No exterior, os atletas brasileiros têm um contrato líquido de impostos. Isso faz uma diferença grande, porque aqui ele vai ter uma carga tributária sobre o que ele ganha no Brasil, em torno aí de pelo menos 16%. Lá fora, ele não paga esses impostos. Isso é um atrativo para que eles saiam do país. E essas ligas são muito competitivas e pagam bons salários”.

“A gente tem atleta brasileiro que chegou a ganhar 1 milhão e meio de euros por temporada. Lógico, não são muitos, mas há casos de atletas brasileiros que fechavam contrato acima de 1 milhão de euros”.

Marcelo Claudino

Entrevista de Marcelo Claudino ao No Ataque

Marcelo Claudino, de 51 anos, é educador financeiro e CEO da Top Family Office, empresa que presta consultoria de investimentos, jurídica e contábil a mais de 100 atletas profissionais de futebol, vôlei e outras modalidades. Ele concedeu entrevista exclusiva ao No Ataque e falou sobre vários assuntos (veja a lista abaixo).

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