Rio de Janeiro – Pressão nas redes sociais, dedicação por um lugar no pódio, frustração pela falha e outras questões: a vida de um atleta é preenchida por muitas variáveis. E, no fim das contas, isso aparentemente consolidou duas das atletas do Brasil que mais tem chances de medalha na Olimpíada de Paris. Duda e Ana Patrícia disputaram Tóquio 2021 com outras parceiras e, agora juntas, as líderes do ranking mundial sonham com o ouro no vôlei de praia.
Em entrevista exclusiva ao No Ataque, a dupla brasileira que representa o Praia Clube, de Uberlândia, apontou questões encaradas na carreira. Ana Patrícia relembrou os aprendizados com os últimos Jogos Olímpicos e o choque que teve com as redes sociais. Já Duda Lisboa valorizou as conquistas do início da carreira e citou a rotina de dedicação como uma dificuldade na carreira de atletas.
Parceiras neste ciclo olímpico, Duda e Ana Patrícia venceram o Mundial em Roma de 2022 e o Pan-Americano de 2023 em Santiago e foram vice-campeões do Mundial em Tlaxcala em 2023. Agora, as líderes do ranking da Federação Internacional de Vôlei de Areia (FIVB) estão na reta final da preparação em busca da medalha olímpica inédita para as suas carreiras em Paris.
O aprendizado de Ana Patrícia em Jogos Olímpicos
Tóquio 2021 foi a primeira vez que Ana Patrícia disputou uma edição de Jogos Olímpicos. A queda nas quartas de final da competição, ao lado de Rebecca, sua antiga parceira, claramente é uma frustração esportiva, porém a mineira de Espinosa, cidade do Norte de Minas Gerais, fez questão de destacar todos os aprendizados no Japão. Além disso, a atleta destacou quão chocante foi o contato com as redes sociais após a eliminação “precoce”.
“Foi muito importante essa vivência [em Tóquio 2021]. Eu acho que teve várias coisas que eu precisava ter vivenciado de dentro: a pressão de resultado; o fato de ser Brasil, um país que sempre trouxe medalha; a pressão de redes sociais, que pós-Olimpíada, foi uma coisa muito chocante pra mim, e eu tive que aprender a lidar durante esses anos, de entender algumas reações; e do jogo em si, de ser mais espontânea”
Ana Patrícia, atleta mineira de 26 anos
A queda nas quartas de final foi criticada por parte da torcida brasileira por uma questão coletiva: pela primeira vez desde a implementação do vôlei de praia no programa olímpico, em 1996, o Brasil deixou a competição multidesportiva sem medalhas no esporte.
A pressão, infelizmente, fez parte do pós-Olimpíada de Ana Patrícia por causa de outras pessoas, mas o próprio foco da atleta em Tóquio a atrapalhou. Até por isso, ela traçou uma meta para Paris: aproveitar.
“Acho que eu fiquei muito bitolada em uma coisa só e deixei de aproveitar. Eu brinco que eu não tenho nenhuma foto da Olimpíada. Isso para mim é um absurdo. Eu não tenho uma foto que não seja de fotografia oficial. Então assim, eu não saí, eu não vi a Vila [Olímpica], eu praticamente não tirei foto com as pessoas que eu admiro. Então, para mim, uma das grandes missões que eu tenho nessa Olimpíada é curtir, é ser feliz, é ser a Ana Patrícia, que eu acho que isso aí já vai ser um ponto super positivo”, concluiu.
A carreira de Duda com as dificuldades de atletas
A jogadora de vôlei de praia mais nova a ser eleita melhor do mundo e a vencer o Circuito Mundial – 20 anos. Prazer, Duda Lisboa. Em contrapartida, nos seus primeiros Jogos Olímpicos, a queda logo nas oitavas de final com a sua antiga parceira Agatha surpreendeu. No entanto, ao ser perguntada como lidar com o auge e a frustração na carreira, a sergipana de 25 anos revelou como lida com as questões da carreira.
“O que eu vivo é aproveitar cada momento, cada oportunidade da minha vida porque a carreira do atleta é muito rápida, né? E eu estar vivendo isso tão nova, com 25 anos, aproveitar tudo isso, ser campeã do mundo, melhor do mundo. Mas eu acho que todo o trabalho, toda a dedicação, todas as parceiras que me ajudaram, toda comissão, eu acho que tudo é fruto disso”, afirmou Duda.
Na sequência, Duda Lisboa aproveitou para citar uma dificuldade encarada por todos os esportistas: a rotina de dedicação. Ela ainda destacou a tentativa por medalhas como algo que é tratado com um ótimo sentimento, o amor, mesmo sabendo, é claro, que existe uma dificuldade muito grande para ficar entre os três melhores de uma modalidade em uma Olímpiada.
“Eu sou muito grata a Deus, todo mundo que faz parte disso, porque é muito difícil ser atleta, né? A gente sabe que é todo dia dedicação, todo dia amor para tentar uma medalha. E hoje a gente está tentando isso. A gente está tentando isso: uma medalha junto da minha parceira. A gente vai tentar fazer o nosso melhor”
Duda Lisboa, dupla de Ana Patrícia no vôlei de praia
O repórter viajou ao Rio de Janeiro a convite da Petrobras para o evento de apresentação do time da empresa. Acompanhe o No Ataque nos próximos dias e veja mais entrevistas exclusivas com atletas que disputarão a Olimpíada e Paralimpíada de Paris, como Keno Marley, do boxe, Isaquias Queiroz, da canoagem, Laura Amaro, do levantamento de peso, Milena Titoneli, do taekwondo, e Petrúcio Ferreira, do atletismo paralímpico, além de mais falas de Ana Patrícia e Duda Lisboa.