JOGOS OLÍMPICOS

Bastidores do vôlei: como Zé e líderes blindam Seleção das redes sociais em Paris 2024

Treinador e atletas mais experientes, como Gabi e Thaisa, são fundamentais nesse pocesso durante a Olimpíada
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As turbulências semanas antes da viagem a Paris preocuparam a Seleção Brasileira Feminina de Vôlei. Em quadra, o time ia bem – não à toa, celebrou o melhor início da história na Liga das Nações. Fora, contudo, algumas situações tinham o potencial de estremecer o ambiente, em especial o conturbado término da capitã Gabi com a bicampeã olímpica Sheilla, que foi uma das auxiliares. O fim do relacionamento gerou um frenesi nas redes sociais. Nesse cenário, a comissão técnica comandada pelo técnico José Roberto Guimarães resolveu agir.

Receoso com o potencial negativo das redes sociais, o treinador resolveu agir para evitar que comentários, publicações e fofocas repercutissem no ambiente da Seleção e atrapalhasse o foco maior: a luta pela medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

Zé Roberto e a comissão técnica, então, conversaram com as jogadoras. Em um papo franco, reforçaram que disputar a Olimpíada pode ser um momento único. Por isso, deve ser vivido intensamente e com atenção para a competição. Nesse sentido, pediram um uso consciente e controlado do celular.

Nesta quinta-feira (1º/8), o treinador admitiu que a preocupação com as redes sociais aumentou com as polêmicas às vésperas dos Jogos. “Sempre. É uma questão de maturidade de grupos. Tudo está passando tão rápido. Não vai causar problema para ninguém ficar um pouco ausente disso, e pode causar tanto benefício. Não adianta ficar se ligando nisso agora”.

“Ninguém proíbe nada, mas a gente procura orientar. A orientação é a seguinte: tempo muito curto. A internet é terra de ninguém, temos que tomar cuidado e filtrar isso. Ou seja, não ficar lendo, respondendo, nem se colocar em embate nenhum”, prosseguiu o comandante da Seleção.

Jogadoras fazem ‘pacto’

O recado dado por Zé causou impacto imediato nas jogadoras. As mais experientes – fundamentalmente a capitã Gabi e a bicampeã olímpica Thaisa – reforçaram o pedido e as orientações às atletas mais jovens, que disputam os Jogos Olímpicos pela primeira vez. Há uma espécie de ‘pacto’ para reduzir o uso das redes sociais, especialmente nas horas antes de dormir, para não atrapalhar o descanso e a recuperação.

Não é que o uso esteja proibido. As atletas podem, sim, registrar e postar o que vivem nos dias olímpicos. O segredo, segundo elas, é fazer isso na hora certa e de forma consciente para que a performance não seja afetada.

“Na verdade, a gente conversou para evitar um pouco. E tentar deixar para lá um pouquinho. Tira uma foto, posta, porque é um momento que também temos que curtir. Cara, você está vivendo uma Olimpíada. Se você não puder fazer nada, é meio pesado. Então, se diverte, posta a sua fotinha, mas não fica ouvindo e prestando muita atenção ao que está acontecendo”, pontuou Thaisa.

“Depois, quando sair daqui, aí pronto, vai olhar, ver o que chegou e o que não chegou. Porque realmente você pode ir do céu ao inferno em um jogo, em um momento. Então, acho que é tentar se blindar ao máximo mesmo”, prosseguiu.

Gabi reforçou as palavras da companheira: “Nós, mais velhas, viemos de uma geração que está um pouco mais acostumada a lidar com as redes sociais. Nós não nascemos já com o telefone na mão, as redes sociais. É muito fácil para a gente se desconectar: posta uma foto, chama a galera para a torcida e já se prepara, se desconecta. A gente teve um cuidado de ter essa conversa com as mais novas, principalmente aquelas que nunca viveram os Jogos Olímpicos”.

“A partir do momento que começam os Jogos Olímpicos, vamos desconectar de redes sociais, de comentários, de reportagens. O time está muito focado, blindado. A gente tem muita sorte de ter uma comissão técnica muito experiente, que já passou por diversas situações. Partiu muito deles, primeiramente, esse papo de querer realmente conscientizar a equipe”, completou.

Por enquanto, tem dado certo. A Seleção Brasileira começou muito bem. Venceu Quênia e Japão por 3 sets a 0 e garantiu classificação antecipada às quartas de final. A avaliação interna é de que as conversas funcionaram.

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