O ícone de uma geração de fãs de vôlei. A atleta brasileira com mais medalhas olímpicas na história – são seis, duas de ouro, três de prata e uma de bronze. E uma relação que evidencia a força do Brasil no esporte e as incentiva para que sigam em alto nível. Assim é o convívio da ponteira Gabriela Guimarães, capitã da Seleção Brasileira, e a ginasta Rebeca Andrade. Quem conta é a própria Gabi, em entrevista exclusiva ao Olimpicast, novo videocast do No Ataque.
A jogadora de vôlei do Conegliano é a primeira convidada do projeto. O episódio já está disponível em NoAtaque.com.br e nas principais plataformas de áudio e vídeo.
A importância dos Jogos Olímpicos para unir atletas
Em qualquer tipo de vínculo, há um contexto por trás do primeiro capítulo. E foi a Vila Olímpica em Paris que uniu dois dos principais nomes do esporte brasileiro. Há um ano, durante os Jogos Olímpicos, Gabi Guimarães e Rebeca Andrade se aproximaram e se conectaram. E os encontros se repetiram em outros lugares desde então.
Uma conexão com gosto de medalha: a jogadora de vôlei foi bronze em 2024, e a ginasta fez história ao levar quatro medalhas – um ouro no solo, duas pratas no salto e individual geral e um bronze por equipes.
“Sempre falo que os Jogos Olímpicos é um momento muito especial, porque temos a oportunidade não só de realizar o sonho de representar o país, mas também de estar num ambiente de alta performance e conhecer os principais atletas no mundo. Brincamos que a delegação do Brasil é ainda mais incrível, porque encontramos com todos os atletas ali no dia a dia e todo mundo está torcendo. Tem sempre uma televisão na recepção do prédio. É uma torcida diária. Assistimos, torcemos e trocamos muita ideia”, iniciou Gabi Guimarães na entrevista ao No Ataque.
“Nesses três ciclos que eu participei (Rio, Tóquio e Paris), tive a oportunidade de conhecer muitos atletas. A Rebeca foi uma delas. Conheci a Bia também, a Rayssa [Leal, do skate] também e, agora, nos aproximamos um pouquinho mais. Acaba que se mantém esse carinho, essa amizade muito forte, né?”, ressaltou a ponteira da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei.
A conexão entre Gabi Guimarães e Rebeca Andrade
O primeiro episódio dessa amizade que marca o esporte brasileiro foi em Paris. E Gabi Guimarães fez questão de destacar a importância de Rebeca Andrade em um momento delicado. Em 8 de agosto de 2024, o Brasil perdeu para os Estados Unidos na semifinal na disputa olímpica do vôlei feminino. E lá estava a ginasta para amparar a companheira.
“A Rebeca teve uma importância muito grande ali na derrota contra os Estados Unidos. Ela estava num momento especial, passei por aquela derrota, conversamos e até hoje a gente conversa muito sobre o dia a dia. A performance, a pressão do dia a dia, da gente tem que dar o nosso máximo o tempo inteiro, das lesões, as lesões que ela teve. Poder ter pessoas perto de você que passam pelas mesmas situações é completamente diferente”
Gabi Guimarães, ícone do vôlei mundial
E essas conversas não ficaram “presas” em Paris. A amizade rendeu outros encontros nestes últimos 12 meses. Logo depois da disputa na capital francesa, Rebeca Andrade visitou a terra natal de Gabi Guimarães. A ginasta esteve em Belo Horizonte, onde se encontrou também com outras jogadores de vôlei, como Pri Daroit, Carolana e Anne Buijs.
“Quando elas me chamaram para ir a Belo Horizonte foi sensacional. Eu já tinha ido uma vez, mas eu era muito pequena, então não lembrava de muita coisa. Mas a gente já queria comemorar essa medalha. Já estava no Brasil conversando, e eu falava: ‘Não, gente, a gente precisa comemorar a nossa medalha’. E elas: ‘Sim!’. Fui para BH e foi muito bom. Fiquei muito feliz de estar um pouco mais próxima das meninas, de criar uma conexão de amizade. É um contato muito gostoso”
Rebeca Andrade, em setembro de 2024 ao No Ataque
Depois disso, outras ocasiões chamaram atenção dos fãs, como a ida de Rebeca a um jogo de Gabi Guimarães na Itália – a atleta joga pelo Conegliano – e recentes encontros, durante as curtas férias da capitã da Seleção de vôlei antes da disputa da Liga das Nações de Vôlei (VNL).
“As meninas [do vôlei] são muito incríveis, cara. Sempre admirei e torci demais. Não vou falar que eu acompanho todas as competições delas, porque seria mentira, já que minha rotina também é muito intensa, então é muito difícil acompanhar tudo. Mas sempre que eu tenho a oportunidade, estou torcendo, sim. Eu assisto pela TV. Porque a gente, que é atleta, sabe como é bom ter outras pessoas torcendo por nós, pessoas que entendem toda a nossa rotina e estão ali querendo o nosso bem e que tudo dê certo”, disse Rebeca à época.
Conversas no mais alto nível do esporte
A relação de Gabi Guimarães e Rebeca Andrade ultrapassou os limites da Vila Olímpica, estendeu-se por outros encontros desde então e também existe nas redes sociais. Além de interações públicas em postagens, as atletas mantêm conversas sobre o dia a dia. E a jogadora de vôlei destacou quão crucial é ter esse diálogo em meio ao alto nível no esporte, já que elas vivem rotinas semelhantes.
“É claro que a gente tem a família, tem os amigos. Mas você ter um um amigo, um parceiro que realmente entende o que é o alto nível, a pressão de você jogar uma Olimpíada, de você competir, querer sempre estar entre os melhores… é realmente muito legal. Então, acho que essa troca com os atletas que temos na Olimpíada, acabamos depois levando para a vida também essa amizade. É muito importante”, afirmou Gabi, que continuou.
“Rebeca é uma pessoa muito muito especial, e a gente tem essa troca muito legal fora de quadra, assim: ‘Ei, como é que você tá?’ ‘Como é que estão os treinos?’. A gente fica: ‘Nossa, estou morta hoje, estou cansada’. Ela fala: ‘Pô, o Chico (Francisco Porath Neto, técnico da Seleção de ginástica) acabou comigo hoje’. Eu falo: ‘O Zé [Roberto Guimarães, técnico da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei], hoje, acabou com a gente, mas vamos embora. Esse é o grande objetivo'”
Gabi Guimarães, capitã do time de vôlei do Brasil
Esse detalhe também havia sido apontado por Rebeca Andrade há menos de um ano. “Nós nos entendemos muito. Não entendemos 100% o esporte das outras, mas compreendemos que tem uma rotina, a vida de atleta. Poder falar sobre outras coisas que não são só relacionadas ao esporte é muito legal. Então, criei uma relação maravilhosa com as meninas e espero levar para a vida toda”, destacou a ginasta, em setembro de 2024.
Gabi Guimarães faz ‘apelo’ a Rebeca Andrade
O apoio vira incentivo. Aos risos, Gabi Guimarães contou durante a entrevista ao No Ataque que insiste com Rebeca Andrade para que ela participe dos Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles. A ginasta deixou o futuro em aberto e ainda não garantiu que disputará a próxima Olimpíada.
Enquanto a atleta de vôlei tem como grande meta a medalha de ouro nos EUA, Rebeca não competiu neste ano, ficará fora do Mundial de Ginástica Artística de 2025 e já afirmou que não disputará mais algumas provas, como a de solo, devido ao desgaste físico. No entanto, para Gabi, a presença da ginasta é inegociável.
“Fico no pé dela: ‘Você tem que ir para Los Angeles, pelo amor de Deus’ [risos]. Eu vou junto com todo mundo: ‘Você não pode se aposentar não, pelo amor de Deus’. Então, a gente tem essa troca, tem essas brincadeiras super saudáveis e é uma puxando a outra sempre para cima, mas também uma forma de apoio muito grande, né? É um diferencial muito grande”
Gabi Guimarães sobre Rebeca Andrade
Inclusive, Gabi Guimarães inicia nesta semana a busca por um título inédito para o Brasil. O Mundial Feminino de Vôlei começa na sexta-feira (22/8), e a Seleção Brasileira, que ficou com a prata em 2022, estreia diante da Grécia, às 9h30 (de Brasília), na Tailândia.