JOGOS OLÍMPICOS

De BH para o mundo: Gabi Guimarães lidera Seleção Brasileira Feminina de Vôlei na busca pelo ouro olímpico

Seleção Brasileira feminina de vôlei estreia na Olimpíada de Paris em 29 de julho (segunda-feira), contra o Quênia, às 8h, na Arena 1 Paris Sul
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O tempo, que quase foi prejudicial a Gabi Guimarães, a fez líder da Seleção Brasileira e uma das melhores jogadoras de vôlei da atualidade. Ponteira do Conegliano-ITA, a atleta de 1,80m e 30 anos é uma das 12* que disputarão a Olimpíada de Paris 2024 com a camisa do Brasil, entre 29 de julho e 11 de agosto. Será a terceira vez que a mineira competirá nos Jogos Olímpicos.

Gabi foi revelada pelo Mackenzie, de Belo Horizonte, em 2009. Chegou ao clube da capital aos 15 anos – idade considerada avançada para pensar em se tornar profissional. Mas algumas habilidades a colocavam no páreo. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Delicélio Rodrigues, o primeiro treinador da ponteira ainda na base, contou detalhes sobre o comportamento da atleta.

O início de tudo

Delicélio revelou que a ponteira demorou cerca de oito meses para engrenar, mas, depois, deslanchou. “A Gabi começou a treinar em fevereiro e, no mês de setembro, foi pela primeira vez destaque em um jogo. Pela boa coordenação e base motora, evoluiu em todos os fundamentos. O ataque forte chamou logo a atenção”, contou.

Carismática e querida pelas companheiras de time, Gabi nem sempre teve perfil de liderança. Ela desenvolveu a forte característica ao longo do tempo, à medida em que adquiriu experiência em diferentes torneios. Individualmente, era conhecida pela inteligência e pelo alto nível de sensibilidade, conforme alegou Delicélio.

Passagem triunfante de Gabi pelo Flamengo

O treinador percebeu que estava diante de uma jogadora extraclasse quando Gabi, aos 16 anos, passou a integrar a categoria Sub-18 e se destacar. Ainda adolescente, a ponteira começou a atuar com a equipe adulta. “Fez sucesso imediato na Superliga e foi convidada a participar da equipe do treinador Bernardinho, no Rio de Janeiro. Lá, se tornou titular na primeira temporada”, relembrou Delicélio.

O primeiro técnico de Gabi relatou como o incentivo dos familiares e profissionais ao redor fizeram a diferença no trajeto dela. Na sequência, fez questão de elogiá-la: “Esteve sempre em contato com esportes por interesse dela e pelo apoio da família. Por onde passou, encontrou pessoas que lhe deram oportunidades. E ela sempre correspondeu acima das expectativas, sempre”.

Gabi defendeu o Flamengo por grande parte da carreira, entre 2012/13 e 2017/18. Lá, venceu três edições do Campeonato Carioca (2012/13, 2013/14, 2014/15, 2015/19 e 2017/18), duas da Copa Brasil (2015/16 e 2016/17), cinco da Superliga (2012/13, 2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17), quatro do Sul-Americano (2012/13, 2014/15, 2015/16 e 2016/17) e três da Supercopa (2015/16, 2016/17 e 2017/18).

De volta à capital mineira, vestiu a camisa do Minas. Em BH, encerrou a experiência no Brasil, pelo menos por agora, de forma vitoriosa. Conquistou o Campeonato Mineiro (2018/19), a Copa Brasil (2018/19), a Superliga (2018/19) e o Sul-Americano (2018/19).

Sucesso no exterior

A passagem pelo exterior a projetou para o mundo. Hoje, Gabi é considerada uma das melhores atletas de vôlei e empilha prêmios de melhor ponteira nas competições em que participa. A força no ataque, elogiada por Delicélio, segue sendo uma das principais características da jogadora. A eficiência na recepção também a diferencia. Além, é claro, da postura de capitã.

Pelo Vakifbank, que defendeu por quatro temporadas, também acumulou conquistas: Supercopa da Turquia (2021/22 e 2023/24), Copa da Turquia (2020/21, 2021/22 e 2022/23), Liga da Turquia (2020/21 e 2021/22), Campeonato Mundial (2021/22) e Liga dos Campeões (2021/22 e 2022/23). No início de julho, o Conegliano, da Itália, a contratou.

Gabi na Seleção Brasileira

Zé Roberto, comandante da Seleção Brasileira há 21 anos, convocou Gabi pela primeira vez em 2013. Depois disso, ela não saiu das listas do treinador. Com a camisa verde e amarela, empilha ouros: dois na Copa Internacional (2015 e 2016), três no Grand Prix (2013, 2014 e 2016) e quatro no Sul-Americano (2013, 2015, 2021 e 2023). Além das inúmeras medalhas de prata, incluindo a Olimpíada de Tóquio 2020, e bronze.

Outras equipes evoluíram no cenário mundial. Ainda assim, a Seleção Brasileira desembarcará na França com chances reais de conquistar o terceiro ouro olímpico. Para Delicélio, o “excelente treinador e as ótimas atletas” fazem do Brasil forte candidato. 

Durante a Liga das Nações Feminina de Vôlei (VNL), o último torneio de seleções antes da Olimpíada, o Brasil mostrou regularidade na primeira fase, mas caiu nas quartas de final e não figurou no pódio. As comandadas por Zé Roberto venceram as 12 partidas que disputaram na etapa classificatória e se consolidaram com a melhor campanha da história do torneio. Nas quartas, superaram as tailandesas. No entanto, não conseguiram furar a defesa do Japão e caíram na semifinal. Na disputa pelo bronze, com a Polônia, perderam por 3 a 2.  

Portanto, exercer a liderança em jogos eliminatórios será ainda mais fundamental. O importante personagem na trajetória de Gabi tem desejos: “Vamos esperar que ela esteja no melhor da condição física em todos os jogos. E que todas as atletas tenham excelente desempenho nos jogos. O vôlei é coletivo, precisaremos de todas”.

Orgulhoso, o profissional do Mackenzie é grato por ter participado da trajetória da ponteira: “É uma sensação, uma emoção muito boa. Sentimento de contentamento. Algum profissional do esporte precisava estar ali e fazer acontecer o aprendizado da Gabi no vôlei. Fico muito contente que tenha sido eu. Principalmente pela pessoa maravilhosa que a Gabi sempre foi, além da excelente atleta”.

*A líbero Natinha, do Praia Clube, é a jogadora coringa, a 13ª. Ou seja, ela está liberada para assistir aos jogos e participar dos treinos, mas só poderá atuar caso alguma companheira seja cortada por lesão. De forma inédita em Olimpíada, a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) autorizou que as seleções inscrevam essa suplente.

Quem é Gabi?

  • Nome: Gabriela Braga Guimarães
  • Modalidade: vôlei
  • Data de nascimento: 19/05/1994 (30 anos)
  • Local de nascimento: Belo Horizonte, Minas Gerais
  • Olimpíadas anteriores: Rio 2016 (eliminação nas quartas de final) Tóquio 2020 (prata)
  • Principais conquistas: Superliga (2012/13, 2013/14, 2014/15, 2015/16, 2016/17 e 2018/19), Liga dos Campeões (2021/22 e 2022/23), Campeonato Mundial de Clubes (2021/22), Grand Prix (2013, 2014 e 2016), prata em Tóquio 2020, entre outros

Participações de Gabi na Olimpíada de Paris

  • 29/7 – 8h – Brasil x Quênia
  • 1º/8 – 8h – Brasil x Japão
  • 4/8 – 16h – Brasil x Polônia
  • 6/8 – quartas de final
  • 8/8 – semifinais
  • 10/8 – disputa pelo bronze
  • 11/8 – final
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