JOGOS OLÍMPICOS

Da paixão pelo Atlético ao topo do vôlei, Lucarelli busca o bi olímpico em Paris 2024

Natural de Contagem, ponteiro 'testou' vários esportes antes de chegar ao vôlei; conheça a história de Lucarelli, que disputará a terceira Olimpíada da carreira
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O pequeno Ricardo Lucarelli não parava quieto. Aprontava nas festas de amigos e nas viagens em família, pendurava-se nas janelas e dava trabalho para os pais Rosa e Sérgio na casa em que moravam em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Apaixonado por futebol e pelo Atlético, ele talvez não imaginasse que, no futuro, entraria para a história do Brasil em outro esporte – o vôlei.

Lucarelli foi, desde cedo, um entusiasta dos esportes. Era uma forma de o garoto agitado aproveitar toda a energia que tinha. Com sete anos, entrou para a escolinha de futebol. Mas não parou por aí – sempre que assistia à irmã Rafaelly praticando algo, queria praticar também. Foi assim com o basquete, a natação, o handebol e, por último, o vôlei.

Aos 32 anos, o ponteiro disputará, em Paris, a terceira Olimpíada da carreira e vai em busca do segundo ouro. A trajetória dele no esporte, no entanto, começou por acaso. Há mais de duas décadas, o garoto começou a brincar com a bola de vôlei enquanto acompanhava Rafaelly, que treinava no projeto social do treinador Tutão. A partir daí, não largou mais.

“Como todo brasileiro, o futebol acaba chegando às nossas vidas muito cedo. Com sete anos, eu já estava fazendo escolinha. Era a minha paixão. Só que eu sempre fui uma criança muito agitada, então acabei sempre praticando um pouco de tudo. Assistia muito à minha irmã competir em vários esportes e acabava praticando também. No vôlei foi a mesma coisa. Acabei estando ali com ela no treino e, assim, o vôlei entrou na minha vida por brincadeira. E quando eu vi, já não era mais brincadeira e estava virando minha profissão. Não me arrependo nunca, acho que foi a melhor decisão que tomei. Mesmo gostando ainda muito de futebol, mas hoje o vôlei é minha vida”, contou Lucarelli, de forma exclusiva, ao No Ataque.

O ponteiro campeão olímpico Ricardo Lucarelli, do vôlei, é atleticano. Ele já foi convidado pelo clube, inclusive, para uma visita à Cidade do Galo (foto). - (foto: Reprodução)
O ponteiro campeão olímpico Ricardo Lucarelli, do vôlei, é atleticano. Ele já foi convidado pelo clube, inclusive, para uma visita à Cidade do Galo (foto).(foto: Reprodução)

O início no vôlei

Enquanto brincava com a bola, o jovem Ricardo chamou a atenção de Tutão pela altura. No entanto, o projeto social do treinador não tinha equipe masculina. Por isso, ele o indicou para Geraldo Corgozinho, que coordenava o Meritus, time amador de Contagem que disputava competições de base.

Aos 12 anos, portanto, Lucarelli iniciou os treinamentos no Meritus. Imediatamente, tomou gosto pela prática do vôlei, destacou-se e teve ascensão meteórica. O dom para a posição de ponteiro era evidente. Mas, para Cogorzinho, a chave do sucesso vai além da habilidade natural que ele tinha para o esporte.

“O Lucarelli, desde o início, mostrava muita habilidade e facilidade para jogar. Mas, além disso, a dedicação dele contribuiu demais para o sucesso. Ele nunca faltou a um treino. Era o primeiro a chegar e o último a sair, ajudava a arrumar a rede e os materiais, orientava os menorzinhos. Isso é importante, porque quando o menino fica indiferente para o que está em volta dele, desenvolve-se de maneira limitada”, contou o treinador, ao No Ataque.

Entre 14 e 15 anos, Lucarelli já era convocado para a Seleção Mineira de base. Com 16, veio o primeiro título nacional, em torneio de seleções estaduais de base. O talento do jovem ponteiro atraía o interesse de grandes equipes e, aos 17 anos, ele foi contratado pelo Minas Tênis Clube.

Contratado por 250 bolas

A transferência para o Minas envolveu acordo inusitado: como “pagamento” pela contratação de Lucarelli, o Meritus receberia 250 bolas oficiais de vôlei. O trato, no entanto, nunca foi cumprido – Cogorzinho contou ao No Ataque que o clube da Rua da Bahia enviou algumas bolas não-oficiais e usadas.

No time minas-tenista, o mineiro despontou rapidamente e, com 18 anos, já era o ponteiro titular da equipe principal, além de continuar se destacando nas seleções de base.

Em 2011, ele foi eleito o melhor atacante da Superliga e, no mesmo ano, veio a primeira convocação para a Seleção Brasileira principal. Lucarelli tinha apenas 19 anos e entrou para a história como o jogador mais jovem a atuar pela equipe nacional.

Em 2013, deixou o Minas e acertou com o Sesi-SP, onde, no ano de estreia, conquistou o primeiro título profissional por clubes da carreira: o Campeonato Paulista. Dois anos depois, foi jogar no Taubaté-SP, pelo qual foi multicampeão – venceu cinco Paulistas, uma Copa Brasil, uma Superliga e uma Supercopa.

Na Seleção Brasileira, Lucarelli tornou-se figurinha carimbada a partir de 2013, ano em que venceu a Copa dos Campeões e o Pan-Americano.

Ápice da carreira

Em 2016, aos 24 anos, o ponteiro chegou ao ápice da carreira: em “casa”, no Rio de Janeiro, disputou sua primeira Olimpíada e saiu com a medalha de ouro. Lucarelli foi protagonista na histórica conquista, sendo eleito o melhor ponteiro da competição.

Nos anos seguintes, vieram mais títulos inéditos pela Seleção: o Sul-Americano, em 2017; a Copa do Mundo, em 2019; e a Liga das Nações, em 2021.

Trajetória internacional e possível volta ao Brasil

Em 2020, ele deixou o Brasil e foi jogar na Itália. No país europeu, passou por três equipes em quatro anos e faturou um Campeonato Italiano.

Em maio de 2024, o ponteiro anunciou que atuará no Japão na próxima temporada. Ao No Ataque, declarou estar ansioso para a experiência em outro continente e revelou o desejo de voltar ao Brasil no futuro. Caso essa vontade se materialize, o Minas será considerado, garante.

“A expectativa de jogar no Japão é grande, sempre gostei muito de jogar com a Seleção Brasileira no Japão. Sempre fomos muito bem recebidos, as pessoas são educadíssimas, país organizado, então acho que vai ser uma experiência muito bacana. E, sim, tenho planos de voltar para o Brasil. O Minas obviamente tem um lugar especial nessa vontade de voltar, mas ainda não penso que seja por agora”

Expectativa para Paris 2024

Como um dos atletas mais experientes do grupo, ele diz o que a torcida pode esperar da Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris após a campanha frustrante na Liga das Nações. Na volta de Bernardinho ao comando, o Brasil parou nas quartas de final.

“A meta para Paris é que a equipe chegue com consistência um pouco maior. Nos últimos jogos, fizemos grandes sets, mas vacilamos em alguns momentos. Precisamos alcançar o equilíbrio. Chegar como um dos mais experientes da Seleção para esta Olimpíada é uma novidade, mas tem sido tranquilo, porque a galera mais nova é muito disponível”

Ricardo Lucarelli

  • Modalidade: vôlei
  • Naturalidade: Contagem, Minas Gerais
  • Data de nascimento: 14 de fevereiro de 1992 (32 anos)
  • Altura: 1,96m
  • Chance de medalha: média
  • Olimpíadas anteriores: Rio (2016) e Tóquio (2021)
  • Principais conquistas: Medalha de Ouro em Rio 2016, Sul-Americano 2017, Superliga 2018/2019, Copa do Mundo 2019, Campeonato Italiano 2021 e Liga das Nações 2021

Participações de Lucarelli na Olimpíada de Paris

  • 27/7 – 8h – Itália x Brasil
  • 31/7 – 4h – Polônia x Brasil
  • 2/8 – 16h – Brasil x Egito
  • 5/8 – quartas de final (caso o Brasil se classifique)
  • 7/8 – semifinais (caso o Brasil se classifique)
  • 9/8 – disputa pelo bronze (caso o Brasil se classifique)
  • 10/8 – final (caso o Brasil se classifique)
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