VÔLEI

Sofya Kuznetsova, russa do Praia Clube, abre o jogo sobre experiência no Brasil

Aos 23 anos, ponteira de 1,84m vai atuar em clube brasileiro pela primeira vez; antes de chegar ao Praia, Sofya estava no Cuneo, da Itália

O Praia Clube contratou a ponteira russa Sofya Kuznetsova, destaque do Campeonato Italiano nas últimas duas temporadas. Aos 23 anos, a atleta de 1,84m vai defender um time brasileiro pela primeira vez. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, ela contou o que a fez vir para o Brasil, como foi o processo de adaptação e ainda valorizou características do vôlei nacional.

O que a motivou a jogar no Brasil?

A relação de Sofya com o Brasil começou em 2019. Naquele ano, o ginásio Nilson Nelson, em Brasília, sediou uma etapa da Liga das Nações (VNL). Na mesma época, destaque no Leningradka, Sofya chegou à Seleção da Rússia. 

Apesar da derrota das russas para o Brasil por 3 sets a 0 (25/15, 25/17 e 25/14), o jogo em 23 de maio marcou a carreira da ponteira positivamente. Ela se encantou quando 10 mil pessoas cantaram o Hino Nacional à capela. 

“Eu gostei muito de como esse jogo contra o Brasil foi. Todas as pessoas começaram a cantar a ‘música nacional’, e eu chorei. Gostei muito do momento e até me abalei um pouco porque, aqui, as pessoas são como família, como uma nação”

Sofya Kuznetsova, ponteira do Praia Clube

O alto nível do voleibol brasileiro também chamou a atenção de Sofya, que busca evoluir como atleta: “É uma experiência muito boa para mim jogar aqui, porque tem bom vôlei. Eu sei que são bons ataques e defesas, e você tem realmente que se esforçar muito”.

Sofya não poupa elogios ao vôlei brasileiro

Sofya começou a carreira no vôlei russo com apenas 15 anos. Mal chegou ao Brasil e já notou diferenças entre a modalidade jogada aqui e no país natal.

Segundo ela, rapidez e poder defensivo são características do vôlei brasileiro que exigem mais dos atletas.

“Eu acho o vôlei brasileiro mais rápido e defensivo. Não é fácil marcar um ponto. Se você ataca muito forte, elas [adversárias] conseguem defender. Não é como atacar e marcar… A partida só termina quando o árbitro determina e indica se o ponto foi para um ou para outro. E eu gosto muito disso. Você tem que se empenhar mais, e, para mim, isso é muito bom, mais velocidade, mais força”

Sofya Kuznetsova, ponteira do Praia Clube

Por que o Praia Clube procurou por Sofya? 

Sofya se destacou nas últimas duas temporadas pelo Cuneo, da Itália. Antes de chegar ao Praia Clube, terminou a competição italiana entre as 10 melhores atacantes, com 383 pontos. Também defendeu 210 bolas, o que a fez a quarta melhor atleta no fundamento. Ainda se consagrou como a sexta melhor bloqueadora – foi superior na rede em 27 oportunidades. 

Portanto, o clube uberlandense não atirou às cegas. A experiência adquirida pela atleta na carreira profissional e o potencial de crescimento despertaram a atenção do técnico Paulo Coco. Segundo ele, o estilo de jogo de Sofya vai contribuir com o Praia.

“É uma jogadora explosiva, veloz, tem bom saque viagem. É uma ponteira em definição”

Paulo Coco, técnico do Praia Clube

Naiane Rios, companheira de time, contou que Sofya já colocou à disposição a bagagem que adquiriu na carreira, principalmente na Liga Italiana, considerada pela levantadora uma das melhores do mundo.

Para além da experiência, ela citou o desejo que a ponteira tem de fazer boa temporada: “Ela é muito alto-astral, muito otimista. Ela ama o que faz e eu acho que ela vai contribuir exatamente dessa forma para a equipe… Ela tem muita vontade de fazer dar certo”.

Fora de quadra, Naiane relatou que Sofya “é feliz, de bem com a vida e gosta de conhecer as pessoas”, o que colabora para com a harmonia do time. A levantadora acredita que a russa tem gostado da nova experiência: “Eu acho que ela está gostando muito de estar aqui no Brasil, de estar com o grupo, então, acho que esse otimismo dela vai ser muito importante”.

O processo de adaptação no novo país

Mudar de país de uma hora para outra envolve se acostumar com cultura, clima, culinária e qualquer outro aspecto que englobe o modo de viver do novo espaço. O atleta de alto rendimento ainda precisa trabalhar o corpo para manter os níveis físico e mental.

É um processo demorado e que pode ser impactante. Gigante nas quadras, Sofya precisou de um tempo para aliviar a tensão da mudança. Primeiramente, sofreu com o calor. 

Em agosto, quando chegou ao Brasil, esbarrou em um inverno com cara de verão. A temperatura do mês, teoricamente mais amena, sofreu influência do fenômeno climático El Niño e decolou acima dos 30ºC. 

“Assim que cheguei, foi mais difícil. É muito quente e eu tentei respirar mais. Na primeira semana, eu não saia, tentei ficar em casa e relaxar no ar condicionado. E, depois, passo a passo, eu vou me adaptando”.

Sofya Kuznetsova, ponteira do Praia Clube

Atualmente, de pouco em pouco, a russa se apega às partes boas para completar o período de adaptação.

“Eu tento olhar ao meu redor e ver como aqui é bonito. Eu estava em uma cachoeira e é maravilhoso escutar a natureza. Muito maravilhoso. Acho que duas semanas atrás eu estava em Foz do Iguaçu e, meu Deus, acho que até chorei. É algo mágico, e você não consegue imaginar. Até me perguntei ‘isso é real?’. E sim, é real, maravilhoso”, disse Sofya.

Outra atratividade

Por vezes, acostumar-se com a culinária brasileira pode ser tranquilo. Esse é um dos facilitadores para Sofya. A jogadora se encantou com a comida do novo país.

A comida, meu deus. A comida é tão boa e saborosa, eu não consigo parar de comer porque toda vez eu experimento uma carne e um arroz e algo, e eu não paro. E tenho de tudo no meu estômago. E penso “ok, amanhã eu paro”, mas não. Toda vez é assim. Eu me preocupo com meu peso, mas está tudo bem. A comida é muito boa”.

Qual a expectativa de Sofya para a temporada no Praia?

Competitiva, Sofya quer, acima de tudo, “o resultado máximo”. Para ela, são duas alternativas: vencer ou vencer.

“Eu sou perfeccionista. Tenho que fazer tudo bem e perfeito. Então, sim, nós não precisamos só de resultados altos, nós devemos vencer tudo”

Sofya Kuznetsova, ponteira do Praia Clube

Calendário do Praia Clube

Em 29 de outubro (domingo), o Praia entra em quadra pelo Campeonato Mineiro. O jogo contra o Brasília será na Arena UniBH, em Belo Horizonte, às 16h.

A estreia na Superliga 2023/24, segundo a tabela provisória da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), está marcada para 7 de novembro (terça-feira). O Praia Clube vai receber o São Caetano, às 18h30, na Arena Dentil, em Uberlândia.

O primeiro confronto da temporada com o maior rival, o Minas, será pelo Campeonato Mineiro, em 31 de outubro (terça-feira), às 20h, na Arena UniBH.

Em seguida, os mineiros se enfrentam na Supercopa. Campeões da Superliga e da Copa do Brasil, respectivamente, Praia e Minas vão se encontrar em 3 de novembro (sexta-feira).

Posteriormente, em dezembro, o time comandado por Paulo Coco disputa o Mundial de Clubes.

Elenco do Praia Clube para a temporada 2023/24

  • Levantadoras: Claudinha, Naiane e Milla;
  • Líberos: Suelen e Natinha;
  • Opostas: Monique e Tainara;
  • Centrais: Adenízia, Milka, Lorena e Gabi Martins;
  • Ponteiras: Kasiely, Sofya, Pri Souza e Dobriana.
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