VÔLEI

Vôlei: campeã olímpica explica nova função como dirigente e revela vontade de ser técnica

Em entrevista exclusiva ao No Ataque, ícone do vôlei brasileiro revelou se inspirar em colega do título olímpico para traçar possível carreira como técnica

A bola e os tênis saem de cena e dão lugar às planilhas de gestão. Após aposentar-se das quadras com o fim da fase inicial da Superliga Feminina, a campeã olímpica Welissa de Souza Gonzaga, a Sassá, dá início a novo ciclo, como dirigente: agora, ela é a Supervisora de Vôlei do Mackenzie.

Em entrevista exclusiva ao No Ataque nessa quinta-feira (27/3), data em que foi lançado o documentário “Perseverança”, sobre sua trajetória no time mineiro, Sassá deu mais detalhes sobre o cargo que passa a ocupar. Embora conste como parte da comissão técnica, o posto está mais ligado à área de gestão e ao “extraquadra”, como explicou.

“A princípio seria mais uma função extraquadra, primeiro porque acredito que tem que haver uma preparação para estar na beira da quadra (como técnica, auxiliar técnica…), existem cursos que são exigidos pela CBV, então não é uma transição a curto prazo, se você quiser trabalhar mais na parte prática”

Sassá, ídola e agora dirigente do Mackenzie

“Me identifiquei muito na área da gestão nessas últimas semanas, em que tive a oportunidade de acompanhar o trabalho do Mateus, do Hugo, que é o nosso supervisor, foi uma parte que mexeu muito comigo e que eu gostaria de seguir. Óbvio que vai ter uma preparação, alguns estudos, mas quero ajudar da melhor forma possível o Mackenzie nessa área. Fico extremamente agradecida por esta oportunidade”, prossegiu.

Sassá revelou à reportagem que, antes da aposentadoria, já conversava com o Mackenzie sobre o desejo mútuo que ela continuasse no clube após encerrar a carreira.

“O Mackenzie sempre deixou muito claro a vontade da minha continuidade no clube. Não sabíamos ainda como seria essa função e essa continuidade, mas sempre teve uma conexão muito forte entre mim e o Mackenzie e esse desejo de continuar no clube. Mas ainda não tinha nada certo, um convite formal. Analisando um pouco nessas últimas semanas, a parte de gestão foi a que mais me tocou”, disse.

Vontade de ser técnica e inspiração em ex-companheira

A barbacenense, no entanto, admitiu a vontade de estudar para se tornar técnica no futuro e citou como exemplo a ex-levantadora Fofão, campeã olímpica com a ponteira/líbero.

“Tenho vontade de ter uma experiência, por isso quero me preparar bastante. Tive contato com a Fofão e vi o quanto ela estudou nos últimos anos, no pós-carreira dela. Ela estudou bastante, conseguiu chegar a uma Seleção Brasileira de base. Temos que ter dedicaçãoo e nos prepararmos para realizarmos um bom trabalho, porque a categoria de base é extremamente importante, formar o atleta para que ele chegue no profissional é muito importante, são muitos detalhes, fundamentos, então você tem que ter uma metodologia bem apurada. Acredito que para isso não só a prática, como a teoria também seja muito importante.”

A carreira de Sassá

Welissa deu seus primeiros passos no vôlei pelo Olympic, de Barbacena, como ponteira. De lá, foi para o Vasco, onde estreou na Superliga 2000/2001, se destacou e atraiu a atenção do Rio de Janeiro – hoje Flamengo.

No Rio, Sassá ficou por sete temporadas e participou de icônico time que conquistou as Superligas de 2005/2006, 2006/2007 e 2007/2008. Na sequência, foi para o Osasco, onde venceu a Superliga de 2009/2010 ao encerrar sequência de quatro troféus consecutivos do ex-time.

Pela Seleção Brasileira, a barbacenense foi multicampeã: além do ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, na China, em 2008, ela também conquistou cinco medalhas de ouro em Grand Prix (2004, 2005, 2006, 2008 e 2009), uma na Copa dos Campeões (2005), uma nos Jogos Mundiais Militares (2019), uma na Salonpas Cup (2008) e duas em Campeonatos Sul-Americanos (2009 e 2010)

Exaltada pelo bom passe, boa recepção e bom “fundo de quadra”, Sassá não tinha o ataque como principal fundamento, já que era considerada uma ponteira baixa, com 1,79m. Com as mudanças do vôlei e as atletas cada vez mais altas, Zé Roberto Guimarães pediu que ela se tornasse líbero em 2015 – o pedido foi acatado pela mineira imediatamente, visando longevidade.

“Minha troca de posição foi com o objetivo de prolongar ao máximo a carreira. A partir do momento em que vamos ficando mais velhas, o corpo não corresponde mais como queremos, a mente até procura trabalhar mais mas o corpo não acompanha, então a mudança para líbero foi muito em função disso. Alguns fundamentos do ataque não conseguimos exercer com tanta facilidade como quando tínhamos 20, 25 anos. E na função de líbero a gente não salta, o que já ajuda muito na questão de impacto de joelho, ombro, então dá para prolongar um pouco mais a vida útil”, disse, ao No Ataque.

Sassá, então, seguiu a carreira como líbero. No Mackenzie, ela jogou como ponteira em 2023/2024 mas, na elite da Superliga, voltou a atuar como líbero. A última temporada dela como profissional, no entanto, foi marcada por muitas lesões. Apesar de pouco tempo em quadra, ela liderou o time belo-horizontino rumo à permanência na Primeira Divisão, principal meta em 2024/2025 – até a última rodada, a equipe ainda conseguiu sonhar com icônica classificação para os playoffs.

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