VÔLEI

Dores, superações e valorização do vice: o amor de Dani Lins pelo vôlei aos 40 anos

Melhor levantadora da Superliga Feminina de Vôlei pelo Bauru, Dani Lins passou por uma cirurgia em março e exaltou o vice contra o Osasco

O título não foi conquistado. Só que o esporte, felizmente, não se resume ao resultado. E Dani Lins ilustra isso. A levantadora do Bauru passou por dores, protagonizou superações e fez questão de valorizar o vice-campeonato da Superliga Feminina de Vôlei 2024/25. Uma prova de amor pelo vôlei aos 40 anos.

Na quinta-feira (1/5), o time liderado pela campeã olímpica em Londres 2012 perdeu para o Osasco por 3 sets a 1. Durante a premiação, Dani Lins beijou o troféu de segundo lugar e deu a merecida importância à medalha de prata, até pela experiência, mas principalmente pela trajetória até a final.

Em 15 de março, a levantadora passou por uma cirurgia para tirar um nódulo da tireoide. Após 13 dias, ela esteve em quadra pelo Bauru e foi importante na vitória sobre o Fluminense nas quartas de final da Superliga. No mês seguinte, ela desfilou um alto nível de voleibol nas partidas decisivas da liga nacional e recebeu o prêmio de melhor levantadora do torneio.

As superações de Dani Lins até a final

A carreira de um atleta conta com diversas questões, e alguns processos são até desconhecidos pelas pessoas que estão distantes. E Dani Lins fez questão de falar sobre essas dores em entrevista ao No Ataque após a final da Superliga, ainda na quadra do Ibirapuera.

Ao ser perguntada sobre já ter a noção da prova de amor dada ao vôlei por essa reta final de temporada após a cirurgia, a experiente levantadora pernambucana – nasceu em Recife – destacou as pessoas que fizeram parte da trajetória até chegar à decisão e se emocionou.

“Porque não é fácil de voltar de uma cirurgia como se não tivesse feito a cirurgia. Eu tive o apoio da minha família, e todo o time me acolheu. Eu, como sempre, uma mulher muito forte, tentei passar isso a elas. Eu tive o apoio dentro de casa, fora de casa, com toda a torcida e de todos. Assim, o time está de parabéns. Eu estou me arrepiando só de lembrar disso porque não é fácil”, disse Dani Lins.

Na sequência, a campeã olímpica frisou que a sua história deve ser um exemplo para que as próximas gerações de jogadoras encare as barreiras. Dani Lins ainda recordou questões pessoais, como a perda de um filho antes do nascimento de Lara, que tem sete anos e estava com a mãe na quadra após a final.

“Eu espero que o exemplo sirva para muitas meninas novas que estão chegando, que a gente sim consegue passar por tudo. Eu já passei por várias, várias coisas na minha vida de superação e que muita gente não sabe. É mais pessoal. Mas eu já perdi um filho antes da Lara. Então assim, são várias e várias superações. Mas a vida é feita disso. Eu sou nordestina, sou ‘porreta’, sou arretada. Se vier mais uma, vamos passar por cima de novo”

Dani Lins, levantadora do Bauru

Jogar com amor e valorização da medalha de prata

A prova de amor foi clara. Mas esse nobre sentimento também é possível observar dentro de quadra pela leveza em que Dani Lins age. Mesmo em desvantagem durante a final, era possível ver a capitã do Bauru se divertindo e encarando o jogo com os verdadeiros princípios do esporte.

Dani Lins, levantadora do Bauru, e o carinho com a bola de vôlei - (foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)
Dani Lins, levantadora do Bauru, e o carinho com a bola de vôlei(foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Em um momento do terceiro set, Dani Lins tentou surpreender o Osasco com um ataque no segundo toque em vez do passe. Porém, a central Callie antecipou o movimento e bloqueou. Mesmo com a frustração na ação, a levantadora reconheceu o feito da rival e até riu para a estadunidense, em uma interação descontraída mesmo na tensão de uma decisão. Na entrevista ao No Ataque, ela deu detalhes da jogada.

“A gente tem que jogar com amor, e eu jogo com amor. A gente sabe da grande equipe do outro lado. Então, assim, mandei uma bola de segunda, e a Callie pegou. Eu olhei para a cara dela, e ela fala assim: ‘Eu sabia que ia te pegar um dia’. É isso. Tem que jogar livre, sem pressão, solto, leve. E eu acho que tudo flui, e eu fico feliz. Se eu tiver que jogar mais, sei lá, quantos anos, eu vou continuar jogando feliz assim”

Dani Lins, levantadora do Bauru

A forma com que a experiente jogadora encara o vôlei combinou com a análise sobre a derrota na final. Claramente, Dani Lins gostaria de ter vencido o Osasco e levantado a taça de campeão. Porém, a capitã do Bauru valorizou a trajetória da equipe, que eliminou Fluminense no Rio de Janeiro e o atual campeão Praia Clube com duas vitórias em dois jogos, além dos vices da Copa Brasil e do Paulista.

“O time está de parabéns. São muitas superações, obstáculos. A gente chegou em todas as finais neste ano. O time trabalhou duro. Foi o primeiro ano do Henrique [Modenesi] como técnico. O time todo está de parabéns. Cara, é triste não ganhar, mas tão feliz de ter chegado até aqui”, concluiu Dani Lins.

E a sorte do fã de vôlei é que, diferentemente da fala ao No Ataque, a carreira de Dani Lins ainda não foi concluída. Aproveitemos.

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