Carol Gattaz e Minas Tênis Clube escreveram uma história de 10 anos, com direito a tetracampeonato da Superliga e diversas outras taças. Sem nenhuma dúvida, um nome marcante no vôlei da equipe belo-horizontina. No entanto, a saída da central diretamente ao rival Praia Clube não foi bem compreendida por alguns torcedores. Em entrevista exclusiva ao No Ataque, a atleta de 44 anos declarou amor ao ex-time e expôs as feridas que motivaram a troca: “As pessoas não entendem”.
Paulista de São José do Rio Preto-SP, Carol Gattaz está há mais de uma década em Minas Gerais, tendo como principal razão justamente o clube que leva o nome do estado. A central vestiu a camisa minas-tenista entre 2014 e 2024 e conquistou quatro taças da Superliga Feminina (2018/19, 2020/21, 2021/22 e 2023/24), duas da Copa Brasil (2019 e 2021), quatro do Sul-Americano de Clubes (2018, 2019, 2020 e 2022) e quatro do Campeonato Mineiro (2017, 2018, 2020 e 2022).
O currículo fala por si. Porém, a decisão de deixar o Minas e ir para o Praia Clube não foi bem vista por uma parte da torcida, tanto que Gattaz foi vaiada durante o Sul-Americano de Clubes, em março, quando visitou a Arena UniBH pela primeira vez como rival. Só que Carol frisou, ao No Ataque, que o sentimento pelo clube de Belo Horizonte segue o mesmo, embora lamente o comportamento de alguns torcedores.
“Minas: quem acompanhou sabe que foram 10 anos super importantes na minha carreira. Eu amo o Minas, a torcida. Agradeço de coração quem me aplaudiu e me aplaude até hoje e que sabe a importância. Sabemos o quanto foi importante a nossa trajetória lá, não só minha, mas todos os atletas que passaram lá. Mas eu estive desde o ‘comecinho’, desde quando a equipe começou com o primeiro patrocinador e nem estava nem entre os oito, só que nós fomos cada dia construindo um alicerce para o time melhorar”
Carol Gattaz, central de 44 anos
Por que Carol Gattaz saiu do Minas e foi para o Praia?
Uma pergunta recorrente na torcida minas-tenista é: por que Carol Gattaz saiu do Minas? Ao relembrar a história em entrevista exclusiva ao No Ataque, a central ressaltou que não gostaria de ter deixado o clube de Belo Horizonte, até pela identificação pela década vestindo o mesmo uniforme.
“A minha caminhada lá foi maravilhosa, fui tetracampeã da Superliga, sou muito grata. Muito feliz. Infelizmente, tem algumas pessoas que não entendem essa mudança. Eu não queria ter saído do Minas. Obviamente, gostaria de ter ficado lá, mas a gente sabe também que eu tive alguns problemas – não é novidade para ninguém – e preferi sair porque eu queria jogar, realmente”
Carol Gattaz, jogadora de 44 anos
Os problemas citados passam pela decisão de Nicola Negro de dar mais espaço para Júlia Kudiess. Como revelado pelo No Ataque, Carol trocaria o Minas pelo Praia ao fim de 2022/23, já devido à intenção do treinador italiano de dar mais espaço à novata. Porém, em março de 2023, a experiente central teve uma grave lesão no joelho e permaneceu em BH por mais uma temporada.
Porém, no retorno, ainda com o sonho de ir à Olímpiada de Paris 2024, Gattaz foi preterida por Nicola, que deu mais tempo de jogo a Júlia Kudiess e Thaisa. Pela vontade de atuar mais, Carol foi para Uberlândia e assinou com o rival Praia Clube.
“Eu tinha condições de jogar mesmo, e talvez as pessoas não entendam que eu gosto de estar dentro de quadra. Claro que se eu estiver lá fora, obviamente eu estaria ajudando o time, mas se posso estar dentro de quadra, não vou me contentar em estar no banco. Então, vim para uma equipe [Praia Clube] que me valorizou. Não que o Minas não tenha valorizado, me valorizou por 10 anos, mas chegou um momento em que eles tinham outros projetos, e está tudo certo, mas também tinha meus projetos de vida”
Carol Gattaz, central do Praia Clube
A reação dos torcedores com Carol Gattaz
Na reflexão sobre o assunto na entrevista exclusiva ao No Ataque, o termo mais utilizado por Carol Gattaz foi “entender”. A falta de compreensão de alguns torcedores do Minas sobre a saída da central a deixou chateada. Até por isso, ela tentou explicar o movimento e ainda ressaltou que a história no time minas-tenista é “eterna”.
“Felizmente, o Praia me convidou, deu valor como atleta, como pessoa que eu merecia por tudo que já fiz, pelo tanto que trabalhei, porque trabalho bastante. Não é fácil estar com esta idade jogando em alto nível. Não mato um leão por dia. Eu mato, sei lá, uns 10 por dia para estar aqui jogando em alto nível. Então, assim, estou muito feliz de ter vindo pra cá, mas fico triste quando as pessoas vaiam por eu ter trocado de time, infelizmente”, disse Gattaz.
“A gente não escolhe certas coisas, mas os ciclos se encerram, e estou muito feliz aqui e fui muito feliz no Minas. Então, espero que as pessoas entendam tudo o que eu passei, o que fiz e conquistei pelo Minas. Isso vai ser eterno. Vai ser pelo resto da minha vida e dos torcedores que realmente amam o Minas e que conhecem a história do Minas. Espero que as pessoas, que os torcedores, entendam. E quem não entender também não tem problema. Sei que as pessoas que realmente gostam de mim vão sempre aplaudir. E isso me deixa muito grata”
Carol Gattaz, medalhista olímpica em Tóquio 2020
Na entrevista exclusiva ao No Ataque, Carol Gattaz falou sobre diversos assuntos. Fique atento nos próximos dias para novos conteúdos!