Dezesseis títulos do Campeonato Mineiro de Vôlei nos últimos 16 anos – todos contra o arquirrival Minas. Hexacampeão do Mundial. Campeão de cinco dos últimos 10 Mundiais. Vencedor de nove das últimas 13 Superligas. O Cruzeiro é, sem dúvidas, o time mais dominante no cenário estadual, nacional e mundial do vôlei masculino nos últimos 15 anos.
Mas, afinal, qual o motivo de a equipe ser tão hegemônica assim? Em entrevista após o título do Estadual conquistado neste domingo (12/10), com vitória por 3 sets a 0 sobre o Minas, no Mineirinho, três ídolos da Raposa que já estão há muito tempo no clube analisaram: o oposto Walace, o técnico e ex-jogador Filipe Ferraz e o ponteiro Rodriguinho.
O que Walace disse?
“Uma boa parte é por isso (a manutenção do elenco). Trocamos muito pouco. Geralmente, quando troca muito, são três peças. Essa mentalidade de tentar manter a mesma base de um ano para o outro é importantíssima. Principalmente se você consegue manter o levantador, não precisa ter o tempo de adaptação para que ele acerte a bola (dos companheiros)…pode parecer que não, mas faz muita diferença”.
Walace, oposto do Cruzeiro e campeão olímpico pela Seleção em Rio 2016
“Não é questão de nunca perder. Faz parte perder, mas cada um dá seu máximo dentro de quadra, sabe do seu papel ali dentro, e a vitória é consequência. Treinos e treinos….a consequência disso é a vitória. Não que o outro lado não treine, mas a gente se doa ao máximo que puder ali dentro para sair com a vitória. Às vezes acontece, às vezes não”, finalizou.
O que Filipe Ferraz disse?
“Isso (manutenção do elenco) é um diferencial, não tenha dúvidas disso. Temos esse sistema, essa forma de trabalhar, na hora de renovar ou não com os atletas, (pensar na) manutenção de uma base. Para nós é sempre um diferencial por já conhecermos esses atletas, quem é aquele cara sanguíneo, aquele mais melancólico, aquele cara que entraga, que está na hora do…que precisa de uma mudança repentina em um jogo, trocar um atleta em uma situação diferente, e ele está pronto a todo momento. Então, a manutenção da base é um ponto-chave nosso aqui”.
Filipe Ferraz, dono de 39 títulos como jogador e de 19 títulos como técnico do Cruzeiro
O que Rodriguinho disse?
Atleta mais longevo do elenco do Cruzeiro, Rodriguinho explicou que a participação constante do time em momentos decisivos cria uma “casca” nos jogadores que é crucial para a construção dessa hegemonia.
“Acredito que sim. Não que vá ganhar novamente, porque não, nesse ponto de vista não, mas no ponto de vista de saber lider com a pressão, acredito que sim. Por exempo, um cara como o Walace, que já viveu muita coisa, chega um momento, como na temporada passada, em que fomos campeões, a bola veio atrás e ele dá um tapinha leve na paralela, a bola pega no bloqueio,, sai e somos campeões. 80% dos jogadores iam querer vir na maior força do mundo para furar o bloqueio, ele não, teve a calma e a lucidez para fazer o que precisava ser feito no momento.”
Rodriginho, ponteiro do Cruzeiro há 12 anos
“O que possibilita isso é a repetição, e quando a pessoa participa de momentos como esse muitas vezes, isso dá uma certa frieza e tranquilidade para agir em momentos positivos e negativos. Isso influencia bastante”, finalizou o cria celeste.