Perguntar para Rosamaria sobre Roberta ou para Roberta sobre Rosamaria é ter a certeza de que as respostas serão em forma de declaração. De um lado, o No Ataque ouviu: “É uma pessoa que me dá muita segurança, é meu pilar aqui na Seleção”. De outro: “Eu tenho certeza que, se não tivesse o apoio dela, teria sido muito mais difícil”. E essa amizade “Rosaberta”, que conta com “skincare de lágrimas”, agita o “mundinho” do vôlei e pode ser protagonista do Brasil na fase final da Liga das Nações Feminina de Vôlei.
Medalhistas de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 – disputados em 2021 devido à pandemia do coronavírus – e bronze na Olimpíada de Paris 2024, Rosamaria e Roberta são duas das mais experientes atletas da Seleção Brasileira. Assim, s oposta de 31 anos e a levantadora de 35 podem ser peças importantes do time de Zé Roberto Guimarães.
O Brasil enfrentará a Alemanha nesta quinta-feira (24/7), às 15h (de Brasília), em Lodz, na Polônia, em jogo único das quartas de final da Liga das Nações Feminina de Vôlei. Não é possível cravar a escalação titular, mas o desempenho de Roberta na terceira semana da fase inicial da VNL – principalmente diante do Japão – e a confiança de Zé Roberto em Rosamaria dão indícios que elas podem começar a partida. A Seleção estaria representada por uma bela amizade.
Rosamaria e Roberta: a amizade dentro da quadra de vôlei
O esporte vai muito além da disputa esportiva. E Rosamaria e Roberta protagonizam um belo exemplo a partir da convivência na Seleção Brasileira Feminina de Vôlei. As atletas, que nunca jogaram pelo mesmo clube, se conhecem há muito tempo – até porque fazem parte do time de Zé Roberto há quase uma década -, mas só construíram a amizade nos últimos ciclos olímpicos.
A levantadora do THY, da Turquia, relembrou isso em entrevista ao No Ataque.
“Essa amizade é engraçada, porque já até dividimos quarto muitos anos atrás, no nosso início na Seleção, e nem éramos tão amigas assim. Acho que isso foi sendo construído aos poucos. Hoje, para mim, é uma pessoa que me dá muita segurança, é meu pilar aqui na Seleção, é a pessoa que eu posso entrar no quarto e sei que eu posso sorrir, chorar, ser eu mesma. Aquele ombrinho ali já aguentou muita coisa… [risos]”
Roberta, levantadora do Brasil
O espirito do esporte se conecta exatamente com a amizade das jogadoras. Até por isso, Roberta fez questão de lembrar que, embora as façanhas sejam marcantes, a relação cultivada com Rosamaria é o principal: “O que eu vejo sobre o voleibol, sobre o esporte, é isso, o que criamos de relações, porque depois se esquecem medalhas, títulos, mas, para mim, o que fica é esta amizade. Eu sei que eu vou levar esta amizade para o resto da vida”.
Na alegria e na tristeza…
Os discursos padrões de casamentos dizem que a relação será mantida “na alegria e na tristeza”. A amizade de Rosamaria e Roberta condiz exatamente com essa frase. Ao No Ataque, a oposta (que joga no Denso Airybees, do Japão) ressaltou que a presença da levantadora facilita o que é enfrentado no âmbito esportivo.
Rosa ainda destacou os momentos de dificuldades em que as atletas se amparam.
“Eu tenho certeza que, se não tivesse o apoio dela, teria sido muito mais difícil. Trocamos muito dentro e fora de quadra, conversamos muito sobre tudo, e ter esse apoio nos momentos difíceis e de alegria também é muito gostoso. Não é fácil passar pelo que a gente passa longe da família o tempo inteiro. A gente criou essa confidencialidade. Faz muita diferença para o meu desempenho e para o dela, essa cumplicidade que temos”
Rosamaria, oposta do Brasil
Perguntada sobre as principais histórias de “Rosaberta”, a oposta riu, ficou na dúvida e preferiu afirmar que a amizade é marcada por choro e sorrisos. Rosamaria ainda brincou que a amizade com Roberta conta com uma “skincare” – procedimento de tratamento da pele – de lágrimas, dando destaque às vezes em que elas caem em prantos juntas.
“Temos histórias boas e ruins… Não sei se mais ruins do que boas, mas brincamos que vivemos ‘chorrindo’ no quarto, porque rimos muito, mas quando temos que chorar, contamos os problemas. Vivemos dizendo que a gente faz ‘skincare de lágrimas’… [risos]. Quando estamos passando por momentos difíceis, choramos juntas no quarto. Mas também comemoramos os momentos bons”
Rosamaria, jogadora da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei
E como começou o “Rosaberta”?
A aproximação de Rosamaria e Roberta desencadeou um agito nas redes sociais, em que os fãs encheram o “mundinho” do vôlei de brincadeiras sobre a dupla, chamada de “Rosaberta” ao unir o nome das jogadoras. Isso ganhou força na reta final do ciclo olímpico para Tóquio 2020.
Também ao No Ataque, Roberta relembrou o início das brincadeiras, tratadas com muito carinho pelas atletas. A levantadora destacou que, além da aproximação pessoal, foi uma época em que ela e Rosamaria eram utilizadas juntas nas vagas de Macris e Tandara, respectivamente, na tradicional inversão entre opostas e levantadoras durante a partida.
“Fico feliz que a gente conseguiu [fazer essa amizade]. Acho que foi naquele ano começou essa brincadeira de ‘Rosaberta’, ‘Rosaberta’ na inversão. A gente meio que entrou na brincadeira e se conectou ainda mais. Foi o início de uma grande amizade. Ela é uma pessoa da minha família, uma pessoa que eu vou levar pro resto da vida”
Roberta, atleta brasileira
A amizade já está consolidada e tem um espaço especial no coração de diversos fãs de vôlei. Mas as atletas, claramente, desejam mais glórias esportivas para coroar ainda mais a relação. Além das medalhas olímpicas, Rosamaria e Roberta foram vice-campeãs da VNL em 2021 e 2022.
Desta forma, elas podem buscar o título inédito não só para a dupla “Rosaberta”, mas para o vôlei feminino brasileiro – a semifinal será disputada sábado (26/7) e a final ocorrerá no domingo (27/7). Que a conexão entre Rosamaria e Roberta siga ativa dentro da quadra!