Um desempenho incrível. Foi dessa forma que Bruninho definiu as atuações de Fernando Cachopa na Liga das Nações Masculina de Vôlei, que encerrou no domingo (3/8) com a medalha de bronze da Seleção Brasileira. Porém, nesta segunda-feira (4/8), a Federação Internacional de Vôlei não escolheu o brasileiro como o melhor levantador, e o campeão olímpico no Rio de Janeiro 2016 disse que foi um “absurdo”, ainda citando as “politicagens” em premiações individuais.
Essa declaração de Bruninho foi em entrevista ao No Ataque, em Campinas, nesta segunda-feira (4/8). Além de assuntos sobre a Seleção Brasileira, o levantador de 39 anos que joga no Vôlei Renata, equipe campineira, falou sobre diversos outros temas. Acompanhe para ler outras matérias dessa conversa exclusiva com o lendário jogador de vôlei!
Indignação de Bruninho sobre Cachopa não ter sido premiado
Essa foi a primeira competição da Seleção Brasileira sem contar com Bruninho como levantador desde 2007. E é possível dizer que a substituição foi à altura. Fernando Cachopa terminou a Liga das Nações Masculina como o atleta que mais acertou levantamentos para pontos – foram 507 – e com só três erros em 15 partidas, ou seja, um a cada três jogos.
O atleta de 29 anos ainda foi o único que tentou mais de mil vezes (1.121), ou seja, a bola passou pela mão dele com frequência e ainda houve um ótimo aproveitamento de 45,2%, o segundo melhor rendimento entre os principais jogadores da posição. Essa regularidade de Cachopa foi elogiada por Bruninho, que citou a ida à Itália como diferencial – o ex-Cruzeiro está no país europeu há três anos.
“O Cachopa fez uma Liga das Nações incrível. Não é surpresa para ninguém. Desde a ida dele para a Itália, o jogo dele tem ficado mais consistente, porque é isso que a Itália acaba levando você a ter que estar em alto nível. Toda rodada você tem que estar no melhor, senão acaba tropeçando, perdendo. A saída dele para a Itália foi muito boa. Ele fez uma ótima Liga das Nações”
Bruninho, levantador do Campinas
Na sequência, Bruninho demonstrou a insatisfação com a premiação divulgada pela Federação Internacional de Vôlei nesta segunda-feira (4/8). Segundo a organização, o melhor levantador da competição foi Simone Giannelli, que atua no Perugia, e foi vice-campeão da VNL pela Itália. Mas o campeão olímpico discordou da escolha da FIVB e definiu como “absurda”, além de citar as “politicagens”, mas sem detalhar.
“Não tenho dúvida [que Cachopa foi o melhor levantador]. Foi um absurdo ele não ter sido escolhido. Talvez, se não tivesse chegado à semifinal, mas o Brasil ficou com o bronze! E com todo o respeito ao Gianelli, que tenho muita admiração também, mas não fez uma boa final. Por tudo que o Cachopa jogou, merecia ter sido o melhor levantador da Liga das Nações, mas a gente sabe que os títulos individuais muitas vezes existem politicagens e outras coisas que não vem ao caso…”
Bruninho, campeão olímpico em 2016
O levantador de 39 anos, que se aposentou da Seleção Brasileira Masculina de Vôlei após a frustrante queda nas quartas de final na Olimpíada de Paris 2024, ainda falou que Cachopa é um dos grandes levantadores do mundo. Bruninho e o titular do time verde-amarelo foram protagonistas da posição no último ciclo olímpico do Brasil.
“Seria um prêmio merecido por aquilo que ele fez e principalmente pela postura. Cachopa cresceu nessa parte de liderança também, algo que a gente conversava muito lá atrás desde pós-Tóquio. Com certeza as nossas conversas durante esses anos, [ajudaram]. Ele sempre foi um cara muito extrovertido que não pode perder, mas eu acho que ele conseguiu mesclar a alegria e ousadia de jogar com o lance do espírito de estar cobrando e brigando em certos momentos. Esse equilíbrio faz o Cachopa ser hoje um dos grandes levantadores do voleibol mundial”, destacou Bruninho.
Bruninho também falou sobre Matheus Brasília
Atual campeão da Superliga, o Cruzeiro segue muito tranquilo sobre a posição responsável por armar as jogadas. Após a saída de Fernando Cachopa, a equipe mineira contratou Matheus Brasília. Esses dois atletas são os principais levantadores disponíveis para a Seleção Brasileira para esse ciclo olímpico e devem ser base do time que sonha com o ouro olímpico em Los Angeles 2028.
E assim como o titular Cachopa, Brasília também foi muito elogiado por Bruninho pelas atuações na VNL masculina – foi acionado por Bernardinho nas inversões entre opostos e levantadores. O campeão olímpico destacou, principalmente, a postura do jogador de 28 anos que foi eleito o melhor levantador da Superliga Masculina de Vôlei 2024/25 – à frente do craque do Campinas, por exemplo.
“Já o Brasília é um cara que me parece cada vez mais seguro naquilo que ele faz. Ele tem evoluído muito ano a ano. Eu acho que é muito importante a postura que ele tem tanto durante os jogos, mesmo no banco ou entrando. É sempre um cara muito positivo. A gente brincava que é um soldado e eu continuo vendo isso”, disse Bruninho, que completou.
“Pessoas assim são fundamentais para equipes. Talvez pode não ser o gênio, mas assim, é um cara que realmente impacta da maneira que ele é. Precisamos buscar mais jogadores que impactam positivamente até do que os maiores talentos possíveis que não tenham a mesma mentalidade. Ele tem crescido, evoluído e fez uma ótima liga também”
Bruninho, levantador brasileiro