
O foco de Zé Roberto Guimarães é a Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, que disputará a Liga das Nações de Vôlei (VNL) a partir de quarta-feira (4/6) e o Mundial no fim de agosto. E o técnico do time nacional destacou, em entrevista exclusiva ao No Ataque, que essa “exclusividade” deve continuar dessa forma, embora tenha recebido propostas de clubes e até mesmo de outras seleções.
Na etapa da VNL no Rio de Janeiro, precisamente no Maracanãzinho, José Roberto Guimarães inicia mais um ciclo olímpico com a Seleção, agora rumo a Los Angeles 2028. O único tricampeão olímpico brasileiro da história – ouro em Barcelona 1992 com o time masculino e em Pequim 2008 e Londres 2012 com a equipe feminina – está no comando da Seleção há 22 anos e não “se divide” com clube atualmente.
Zé Roberto pediu demissão do Türk Hava Yolları, clube turco conhecido como THY, em outubro de 2024 e está “apenas” como técnico do Brasil. E ele revelou que isso deve continuar, mesmo com as propostas recebidas, já que ele quer ficar no país e não irá comandar equipes da Superliga Feminina porque a ligação com o Barueri impede que o treinador avance em qualquer negociação.
“Recebi [propostas]. Todo ano chega ou de clube ou de seleções. Não é só de clube não. Mas, assim, eu decidi ficar mais no Brasil agora. E trabalhar no Brasil é mais complicado. Eu sou gestor do trabalho do do projeto de Barueri. Muitas vezes ponho dinheiro no projeto. […] Como é que eu vou ser técnico de um time e jogar contra o projeto que eu luto para manter de pé? Eu não posso fazer isso. O que eu posso é sair do Brasil. Agora, no Brasil, é muito difícil”
Zé Roberto Guimarães, técnico da Seleção Brasileira
As diferenças sentidas por Zé Roberto por não estar na “jornada dupla”
A previsão de que Zé Roberto seguirá apenas no comando da Seleção Brasileira se dá pela conexão com o Barueri e pelo interesse de ficar mais tempo no Brasil. Aos 70 anos, a lenda do vôlei está aproveitando o tempo “livre” para viajar e presenciar o trabalho de amigos, como Paulo Coco, técnico multicampeão pelo Praia Clube e está no Atlanta, dos Estados Unidos.
“Eu acho que eu prefiro ficar viajando, por exemplo, como tem o Paulinho [Paulo Coco] nos Estados Unidos, vou para acompanhar o campeonato. Dá para ficar 15, 20 dias com ele lá, acompanhando jogo, treino. Dá para ir para a Europa, porque eu tenho alguns amigos lá também”, disse Zé Roberto.
Na sequência, o costume de Zé Roberto “falou mais alto”. Ele relembrou que era técnico de uma jogadora da Rússia na temporada 2011/12, ou seja, logo antes do Brasil protagonizar um jogo épico contra as representantes do leste europeu, ele já conhecia a destaque do rival. Essa possibilidade de treinar adversárias é uma diferença sentida.
“A única diferença [de não treinar clubes] é que você não dá treino [para futuras adversárias]. Na minha passagem pelo Fenerbahçe em 2011/12, eu treinei a Sokolova, que foi nossa adversária logo em seguida, naquele fatídico jogo contra a Rússia. Fatídico para eles, né? Bom para a gente”
Zé Roberto Guimarães, técnico da Seleção Brasileira
Em 7 de agosto de 2012, a Seleção Brasileira enfrentou as russas nas quartas de final, salvou seis match points e venceu o jogo por 3 sets a 2, no episódio mais impressionante do vôlei feminino brasileiro. Depois desse duelo, a equipe de Zé Roberto bateu Japão e Estados Unidos e conquistou o bicampeonato olímpico em Londres.