VÔLEI

VNL, Gabi, Carolana e mais: Zé Roberto abre planos da Seleção feminina de vôlei

Histórico técnico do vôlei brasileiro, José Roberto Guimarães conversou de forma exclusiva com No Ataque e falou sobre a Seleção feminina

A Seleção Brasileira Feminina de Vôlei voltará às quadras na próxima semana. A primeira competição após a medalha de bronze conquistada na Olimpíada de Paris, em agosto de 2024, será a Liga das Nações de Vôlei (VNL) – que terá a etapa inaugural no Rio de Janeiro, precisamente no Maracanãzinho.

O técnico José Roberto Guimarães conversou de forma exclusiva com o No Ataque sobre o novo momentoTricampeão olímpico – Barcelona 1992 com o time masculino e Pequim 2008 e Londres 2012 com a equipe feminina -, o treinador é uma lenda do vôlei e está no comando da Seleção feminina há 22 anos. 

Na quarta-feira (4/6), diante da Tchéquia, Zé Roberto e a Seleção Brasileira darão início ao ciclo rumo aos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. Porém, em 2025, além da VNL, a equipe disputará o Mundial – entre o fim de agosto e o início de setembro.

Já de olho em toda a temporada, o técnico falou sobre o recomeço, a disputa da VNL em casa e a reformulação em algumas posições. Ele respondeu se voltará a trabalhar em clubes brasileiros – deixou o THY, da Turquia, no fim de 2024 – e comentou a situação das belo-horizontinas Gabi Guimarães (ponteira que foi apenas inscrita e ainda não está treinando com o grupo) e Carolana, central que pediu para ficar fora da Seleção. 

Íntegra da entrevista do No Ataque com Zé Roberto Guimarães, técnico da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei

Como avalia a primeira competição depois de Paris ser logo no Rio de Janeiro?

É interessante, porque já vamos para algo que é importante para a experiência das jogadoras. Estamos com um grupo que já jogou a VNL no Rio, mas outras jogadoras estão vindo para a Seleção pela primeira vez. Então, é um motivo de muita expectativa, mas também de ansiedade, nervosismo, tensão. Mas isso é parte de um processo delas, que elas vão ter que passar para crescer, para aprender”

Como vai administrar o elenco na VNL?

“O que acontece é que precisamos dar experiência para todo o elenco, mas ao mesmo tempo precisamos ganhar. Então, eu vejo as pessoas falando: ‘Tem que dar chance para aquela, tem que dar…’. A coisa é assim: você dá chance, mas você sabe o quanto é difícil jogar aqui, o quanto a torcida cobra. E isso precisa ser uma coisa muito bem dosada, muito bem adequada para a gente poder estabilizar”

E como está a reformulação da Seleção?

“Eu acho que [a reformulação] está sendo natural, como sempre foram as outras. O ano pós-olimpíada sempre é onde as jogadoras pediam para ficar fora ou davam uma diminuída no ritmo. Então não está sendo diferente. Está entrando uma nova geração com a possibilidade de treinar. O que aconteceu positivamente foi uma mudança de planejamento da Confederação. Então, aqui em Saquarema, estão treinando as seleções sub-17 19, 21, 23 e a universitária [sub-26]”

As duas jogadoras mais velhas da Seleção na VNL são as levantadoras – Macris e Roberta, de 36 e 35 anos. Por que não há renovação na posição?

“Falta trabalho de base. Esse é o grande problema. Eu vejo times investindo na categoria adulta e pouco trabalho na base. Então o que que acontece quando você tem pouco trabalho na base? Você não tem quantidade. É o que acontece de ruim no vôlei brasileiro há algum tempo. Falta material. Grandes times precisam ser grandes formadores. A gente precisa disso. Nós estamos com uma carência enorme de levantadoras”. 

Quando Gabi Guimarães estará com a Seleção?

“A Gabi fez uma temporada incrível na Itália, e a gente tem conversado muito. Ela requer cuidados. Já está na batalha há alguns anos, precisa estar se cuidando e fez os procedimentos que tinha que fazer no joelho para aguentar a temporada toda. Ela deve encontrar com a gente na Europa, na nossa ida à Turquia, e começamos lá a preparar a Gabi com bola, porque a parte física ela não descuidou”.

Como pretende dividir protagonismo da Gabi Guimarães na Seleção?

Isso não é simples. A Gabi tem essa confiabilidade de todo mundo. Todas as jogadoras precisam disso. Não pense que uma jogadora, em uma semifinal de de Olimpíada, entra achando que é tranquilo, que vai lá e que vai jogar. Seria muito bom se fosse [fácil] a substituição: ‘Vai lá no lugar da Gabi e vai decidir agora, tá?’ Será que você daria bola naquele momento para a jogadora que entrou? Não é simples assim. O que é que a gente precisa fazer? Que as outras jogadoras cresçam, evoluam, para ter opções com confiabilidade para todo mundo, mas isso é um processo de crescimento que você vai construindo”

Carolana ficará fora só desse ano ou do ciclo para Los Angeles 2028?

“A Carol tem algumas prioridades na vida dela. Eu respeito. A escolha é dela. Ela pediu para ficar fora. Não vejo como ela voltar para esse Mundial não. […] Não sei [se ela ficará fora do ciclo de Los Angeles 2028], não sei o que vai acontecer. Seleção não é lugar que você pode estar escolhendo ‘agora eu vou, agora não vou’. Em Seleção você tem que fechar um ciclo, tem que participar”.

Pensa em voltar a trabalhar por clubes?

“Recebi propostas. Todo ano chega, ou de clubes ou de seleções. Não é só de clube não. Eu decidi ficar mais no Brasil agora do que fora, só viajando para acompanhar jogos e treinos no exterior. Mas, assim, trabalhar no Brasil é mais complicado porque sou gestor do projeto do Barueri e não dá para treinar um time contra o que eu luto para manter de pé”.

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