A Seleção Brasileira não é a única equipe a ter jogadores brasileiros em quadra no Campeonato Mundial Masculino de Vôlei, disputado nas Filipinas. Um dos outros 31 países representados na competição tem em seu grupo de convocados um atleta nascido em São Paulo, mas naturalizado para jogar em nação localizada a mais de 12 mil quilômetros de distância da cidade natal.
Trata-se do Renan Ribeiro, de 35 anos. Mais da metade do tempo de vida do ponteiro paulistano foi vivido em terras Qataris – ele mora no país árabe há quase 15 anos.
Renan é um dos seis jogadores naturais de outros países que atuam na Seleção do Catar, país que tem quase 90% de sua população composta por pessoas que não nasceram por lá. Os outros cinco são: Pape Diagne, de Senegal; Youssef Oughalaf, de Marrocos; Mahdi Sammoud, da Tunísia; Nikola Vasic, da Sérvia; e Bobby Georgiev, da Bulgária.
A equipe árabe, no entanto, já teve sua eliminação decretada mesmo antes da terceira rodada do Mundial. No primeiro jogo, perdeu por 3 sets a 1 para a Holanda – Renan foi o terceiro maior pontuador Qatari, com 10 bolas no chão – e, no segundo, foi atropelada por 3 sets a 0 pela favorita Polônia.
Com seis pontos cada, as duas seleções europeias algozes da equipe árabe já se garantiram antecipadamente nas oitavas de final, enquanto o terceiro colocado Catar e a lanterna Romênia se enfrentam a partir das 23h30 no Araneta Coliseum, em Araneta, nas Filipinas, para se despedirem da competição.
A carreira de Renan Ribeiro
Renan foi revelado pelo tradicional Pinheiros, de São Paulo. Em 2011, com apenas 21 anos, ele decidiu deixar o Brasil para jogar no Al Arabi, do Catar – clube que defende até hoje.
Em entrevista ao Olympics durante Pré-Olímpico de 2023, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, Ribeiro disse que inicialmente não pensava em construir toda a carreira em terras árabes, mas foi seduzido pelo projeto de jogar pela seleção do país.
“A ideia era ganhar um pouco de dinheiro e experiência, para tentar voltar. Mas a maneira como eles me trataram e a oferta de carreira, de me oferecerem a naturalização e o projeto da seleção… eu não me via no nível para jogar na Seleção Brasileira. Então isso foi determinante para eu ficar”
Renan Ribeiro
“Eu não trocaria [ter ido para o Catar] por nada. Lógico que jogar por uma seleção brasileira, com esse tipo de calor humano, é uma coisa surreal. Mas estava fora do meu alcance. As decisões foram corretas e agradeço a Deus por elas”, prosseguiu o ponteiro.