COLUNA TIRO LIVRE

Atlético não brincou com a sorte na estreia na Libertadores

Os jogadores do Atlético, devidamente calçados de sandálias da humildade, encararam a estreia na Libertadores com o respeito devido

O Atlético precisava vencer o Caracas na noite desta quinta-feira (4/4), na Venezuela, na estreia na Copa Libertadores. Para confirmar o favoritismo diante do time mais fraco do grupo, mas não só por isso. Triunfo era necessário para mudar a energia do time para o jogo de volta da final do Campeonato Mineiro, contra o Cruzeiro. Tanto quanto vencer, o Galo precisava de uma atuação convincente, de gols. E tudo isso o alvinegro conseguiu, ao ganhar por 4 a 1, no Estádio Olímpico UCV.

No fim das contas, a análise que vale é a de que o Atlético não brincou com a sorte. Não abriu brecha para o azar. Não deu chance para a zebra. Levou a sério a partida, ainda que soubesse de sua superioridade técnica. Muitas vezes, assim se formam as armadilhas no futebol – quando se crê que é muito melhor que o adversário e vai resolver a parada quando quiser. A autoestima exacerbada é um grande perigo, nas quatro linhas e fora delas.

Pois os jogadores alvinegros, devidamente calçados de sandálias da humildade, encararam a estreia no torneio internacional com o respeito devido. Dessa forma, conseguiram explorar a fragilidade do Caracas e marcar três gols nos 45 minutos iniciais do confronto, quase em ritmo de treino. Sem forçar.

Essa naturalidade e fluidez devolveram a confiança a torcedores que estavam ressabiados depois de ver o Galo abrir 2 a 0 no primeiro tempo contra o Cruzeiro, sábado, na Arena MRV, na primeira partida da decisão do Estadual, e na segunda metade ceder o empate.

Por mais que não tenha perdido aquele jogo, o placar final deixou uma sensação de derrota nos atleticanos No torcedor e até em jogadores – por mais que o discurso deles após o duelo tenha seguido um tom diferente. Não conseguiram, contudo, disfarçar a frustração no olhar.

Assim, qualquer resultado que não fosse uma vitória retumbante na Venezuela aumentaria o número de interrogações. Imputaria um toque a mais de desconfiança, interna e externamente, mesmo com todos cientes de que é apenas o início de trabalho de um novo treinador. Seria mais um baque emocional. Baixa autoestima também é perigoso, nas quatro linhas e fora delas.

Ainda que no segundo tempo da partida em Caracas o Galo tenha diminuído um pouco a intensidade e até permitido um gol do adversário, o saldo é positivo. Os números comprovam: o alvinegro teve 791 trocas de passe – com nada mais, nada menos que 93% de acerto –, contra 275 dos donos da casa. Ainda: o dobro de finalizações, 14 contra sete.

Domínio absoluto do confronto. Estilo massacre mesmo.

Atlético na Libertadores

São três pontos que o garantem na liderança do Grupo G na Libertadores e um efeito moral para a finalíssima do Mineiro, no domingo, no Mineirão. É claro que o Cruzeiro não é o Caracas, nenhuma comparação cabe aqui. O que ocorreu nesta quinta, na verdade, tem a ver mais com o próprio Atlético do que com o arquirrival.

O alvinegro precisava de uma vitória como esta para confiar em seu taco. Olhar para dentro de si de maneira mais afirmativa.

Não adianta ter um time individualmente superior a nenhum oponente se isso não se traduz em força coletiva – e, consequentemente, em resultados. E isso ficou evidente no primeiro duelo da decisão do Mineiro, diante do Cruzeiro. Contra o Caracas, contudo, foi diferente.

Na bagagem, o Atlético traz para Belo Horizonte a primeira vitória de um time brasileiro nesta edição da Libertadores e a certeza do dever cumprido. Pode não ser suficiente para ser campeão mineiro no domingo, porém, era preponderante para que não jogasse a toalha antes da hora.

Compartilhe