2024 tem sido um ano “para se esquecer” no futebol feminino do Atlético. Rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro com três rodadas de antecedência, o Galo não venceu nenhum dos 13 jogos que disputou na competição: empatou um e perdeu 12, com direito a goleadas sofridas para os rivais América (6 a 0) e Cruzeiro (4 a 0).
Os péssimos resultados são consequência de planejamento falho – de 2023 para 2024, o clube alvinegro trocou grande parte do elenco, contratou muitas jogadoras que sequer tinham experiência na elite do futebol nacional. Em abril, o Atlético chegou a dizer, em documento, que o desempenho esportivo da equipe feminina não seria prioridade neste ano.
Por isso, o rebaixamento à Série A2 do Brasileiro já era esperado pela diretoria do Atlético. É o que afirmou Bruno Muzzi, CEO da SAF do Galo, em coletiva de imprensa na Arena MRV nessa quinta-feira (11/7). O dirigente reconheceu os diversos erros de planejamento no futebol feminino, mas prometeu reestruturação e estipulou prazo para melhorias na categoria.
“O futebol feminino vem passando por um processo de reestruturação. Até dezembro, a gestão do futebol feminino era feita por gestores não profissionais. Em janeiro, o orçamento passou de oito para seis milhões de reais. As medidas tomadas para a montagem do elenco não foram as melhores. Então a gente precisou entrar no futebol feminino para reestruturar de fato. Sabíamos que ia acontecer o que aconteceu (rebaixamento)”.
Bruno Muzzi, CEO da SAF do Atlético
Melhorias na estrutura
Muzzi afirmou que, em 2024, o Atlético investiu para melhorar a estrutura do futebol feminino: “A gente preferiu, dentro do orçamento, fazer os investimentos que eram possíveis dentro das decisões tomadas nos anos anteriores porque as jogadoras já tinham contrato em curso. Fizemos investimentos para melhorar a estrutura, que hoje já é um pouco melhor”.
Em março, o clube apresentou nova estrutura de treinamento das Vingadoras na Vila Olímpica, clube social do Galo situado no Bairro São João Batista, Região Norte de Belo Horizonte.
O local estava em reforma desde 2020. Nos últimos anos, as Vingadoras utilizaram o complexo apenas para almoço, academia e fisioterapia. Os treinos eram realizados na Arena Santa Cruz, campo público de futebol amador que fica no Bairro Maria Virgínia, na Região Nordeste da capital mineira, a mais de 10km de distância da Vila.
No final do ano passado, reportagem do ge.globo mostrou relatos de jogadoras do Atlético reclamando das condições oferecidas para o time feminino – desde o estado do gramado onde treinavam, sintético no estilo “society”, muito duro e fora dos padrões profissionais, até a estrutura do entorno.
Elas revelaram que evitavam usar os vestiários, pois o vaso era muito sujo. A Arena Santa Cruz recebe partidas de futebol amador e peladas.
Prazo para melhora foi estipulado
Bruno Muzzi prometeu melhorias concretas no futebol feminino e estipulou prazo para que o processo de reestruração seja completo.
“A SAF, daqui para frente, acredita no futebol feminino. Vai passar por esse momento de sofrimento e reestruturação. Tenho certeza que, daqui a dois ou três anos, estaremos com o futebol feminino equilibrado, sustentável e competitivo. O futebol feminino faz parte da nossa estratégia e é importante para a gente”
Bruno Muzzi, CEO da SAF do Atlético
Atlético feminino tem novo treinador
O Atlético anunciou, no dia 5 de julho, a contratação de novo técnico para o time feminino: Adriano Gutierrez, de 38 anos.
O treinador nunca teve experiência profissional no futebol feminino. Antes de chegar ao Galo, ele ocupava o cargo de auxiliar técnico da equipe masculina do Porto Vitória-ES desde o início do ano.
Antes, Adriano treinou equipes masculinas de base do Futgol, time de Contagem focado nas categorias de base, e foi auxiliar do time principal masculino do Itabirito, onde fez parte da campanha do inédito acesso ao Módulo I do Campeonato Mineiro.
Gutierrez é o terceiro técnico do time feminino do Atlético em 2024. Antony Menezes iniciou a temporada, mas foi demitido pouco mais de três meses depois, após seis derrotas em seis jogos no Brasileiro feminino e goleadas sofridas para o América (6 a 0, pela quinta rodada, no dia 13/4, na Arena Gregorão, em Contagem) e para o Cruzeiro (4 a 0, pela sexta rodada, no dia 21/4, no Sesc Venda Nova).
Desde a demissão de Antony, o cargo vinha sendo ocupado de forma provisória pelo auxiliar Bruno Proton. Sob o comando dele, a equipe perdeu seis jogos, empatou um e amargou o rebaixamento antecipado para a Série A2 do Brasileiro.
