ATLÉTICO

Atleticano conta como ‘se infiltrou’ na torcida do Bahia para ver jogo do título

Por causa da pandemia do coronavírus, setor visitante estava fechado, mas torcedor do Galo contornou a situação e relembrou a agonia

Compartilhe
google-news-logo

Enviado especial a Salvador

A ligação entre o Atlético e a Fonte Nova é eterna por causa do jogo histórico em 2 de dezembro de 2021, que encerrou o jejum de quase 50 anos do clube no Campeonato Brasileiro. Porém, em razão da pandemia do coronavírus, os torcedores do Galo não estavam liberados para assistir à partida in loco, que terminou com vitória dos mineiros por 3 a 2, de virada, contra o Bahia.

Só que o torcedor apaixonado contorna qualquer situação para estar com o time do coração, principalmente no possível jogo do título na cidade onde mora. Na ocasião, o empresário mineiro Leonardo Prates, de 38 anos, que se mudou para Salvador em 2016, montou uma estratégia para se infiltrar na Fonte Nova, na partida atrasada da 32ª rodada do Brasileirão de 2021.

As lembranças de uma noite como “espião” na torcida do Bahia foi tema de entrevista exclusiva ao No Ataque. Veja abaixo detalhes do relato do empresário Léo, dono do Peritus Bar, ponto de encontro dos atleticanos em Salvador. Ele terá a oportunidade de ver o Atlético jogar novamente em solo soteropolitano.

O jogo será realizado na noite de quarta-feira (6/12), às 21h30, novamente na Fonte Nova, pela 38ª e rodada do Brasileiro. A partida marcará o retorno do Galo a Salvador desde o confronto que terminou no título de 2021.

A estratégia do atleticano infiltrado

Atento ao comportamento das torcidas, Leonardo Prates idealizou com semanas de antecedência a estratégia para estar no estádio e presenciar o jogo decisivo do Atlético. Ele deu detalhes sobre a escolha do setor e até em relação às camisas usadas.

“Eu recepcionei essas pessoas [que viajaram de Minas para Bahia] que não sabiam onde ficar e compramos ingressos no mesmo setor, que eu já tinha planejado por saber que é um setor que a torcida do Bahia não gosta. Mas o estádio estava cheio e tinha muitos torcedores do Bahia lá. Fui com uma camisa preta e estávamos em seis pessoas sem camisa do Bahia, que dava na cara que éramos atleticanos”, destacou.

Mesmo com as ideias do empresário, a estratégia teve falhas, principalmente ao encontrar outros atleticanos, que se reconheceram. Até por isso, o clima com a torcida do Tricolor de Aço ficou um pouco hostil, mas sem violência, como Leonardo frisou.

“Quando a gente estava chegando perto do local que assistiríamos ao jogo, tinha um tanto de atleticanos. Nos reconheceram, mas o clima começou a ficar um pouco ruim [em relação aos torcedores do Bahia]. Não era de violência, mas era um clima de rivalidade porque, nitidamente, éramos torcedores do Galo”

Léo Prates, torcedor do Atlético

E as curiosidades de se infiltrar na torcida adversária em um jogo decisivo chegam ao ápice no momento dos gols, que proporcionaram uma virada épica – o Atlético contou com três gols em cinco minutos. Mesmo tendo uma alta carga de emoções, Léo não reagiu no terceiro gol e deu detalhes de todas bolas na rede na Fonte Nova.

“Um a zero para o Bahia, a torcida toda levantou e eu não. Até a galera que estava comigo levantou, meio de ator, mas eu fiquei sentado. No 2 a 0, mesma coisa. Aí um cara que estava atrás de nós, me deu um ‘pedala’ assim, do tipo: ‘toma, 2 a 0’. Aí logo depois disso foi 2 a 1, segui na mesma, Só que o bom é que a torcida do Bahia xinga muito. Aí no 2 a 2, foi a minha vez de atuar, porque eu xinguei o time olhando para o cara que tinha mexido comigo. Eu fingia estar xingando o Bahia, mas olhando para o cara”, afirmou Léo, que seguiu.

“Já no 3 a 2, eu já nem comemorei. Fiquei quieto, segurando a emoção e esperando que o jogo acabasse. Todo mundo chorando, mas tampando o rosto. Com o título, um cara começou a cantar o hino do Galo e teve um início de confusão, porque era uma derrota que é vista hoje como a que decretou o rebaixamento do Bahia, mas não teve briga, não teve nada”, disse o empresário.

A atitude de ficar em silêncio após um dos grandes gols da história do Atlético – o segundo gol de Keno e o terceiro do Galo, que decretou a virada – chama a atenção por ser um instinto do torcedor vibrar, principalmente no estádio. Léo tentou descrever o porquê de ter ficado quieto após a bola na rede.

“Eu não sei explicar como [fiquei quieto no 3 a 2]. Foi mais o senso de respeito à outra torcida. Eu sou do estádio, é o que eu mais sinto falta de BH é ir ao estádio, que é um ambiente que eu respeito. Eu acabei extravasando no 2 a 2, xingando o time e o cara. Quando o Galo fez o 2 a 1, eu tinha certeza que ia virar. No 2 a 0, os caras queriam voltar, mas eu falei que não, que o Galo ia virar. Eu fiquei contido, a alegria só não saiu no grito, mas estava ali, que era o mais importante”

Léo Prates, empresário atleticano

A partida entre Atlético e Bahia em 2021 está eternizada na memória do torcedor atleticano e de forma ainda mais especial nas lembranças de Leonardo. Ele fez questão de deixar claro que repetiria a estratégia novamente, caso fosse necessário.

“Valeu a pena. Faria tudo de novo. Eu nunca tinha deixado o bar em um evento tão grande, mas nesse dia eu tive que deixar. Não tinha como. Valeu tudo. Valeu ter comemorado ali de maneira contida, porque eu vivenciei algo que gerações e gerações não conseguiram ver. Eu estava no estádio. Eu vi de perto”, concluiu.

Campanha do Galo

O Atlético conquistou o Campeonato Brasileiro de 2021 com uma campanha de 26 vitórias, seis empates e seis derrotas em 38 rodadas. Com 84 pontos, o Galo ficou 13 à frente do vice-campeão, Flamengo, e a 18 do terceiro colocado, Palmeiras. Hulk marcou 19 gols e terminou a competição como artilheiro.

Compartilhe
google-news-logo