Ao fim do primeiro turno da Série A do Campeonato Brasileiro, o cenário era negativo para o Atlético. Em 10° lugar na principal competição nacional, com 27 pontos, o Galo se via a quatro pontos do G6 e tinha a meta de assegurar uma vaga na próxima edição da Copa Libertadores ameaçada. Sob o comando do experiente Felipão, o time mineiro protagonizou grande arrancada no returno, com aumento expressivo de aproveitamento, e ganhou oito posições na tabela de classificação.
Se, nos dias atuais, parte significativa da torcida do Atlético faz coro pela permanência de Felipão no comando em 2024, a perspectiva chegou a ser praticamente oposta há alguns meses. Antes da vitória sobre o São Paulo, por 2 a 0, no Morumbi, pela 18ª rodada, o Galo chegou a ser o 13° colocado do Brasileirão, com 21 pontos, a sete de distância do G6.
A resposta no segundo turno começou na 21ª rodada, com triunfo diante do Santos, por 2 a 0, na inauguração oficial da Arena MRV – a nova casa do Atlético em Belo Horizonte. Mesmo sem atuações brilhantes, o Galo dava sinais de evolução, aprimorava especialmente a consistência defensiva e somava pontos.
O retorno definitivo ao G6, grupo classificatório ao principal torneio continental, ocorreu na 30ª rodada, com vitória convincente sobre o Fluminense de Fernando Diniz – que viria a ser campeão da Libertadores dias depois -, por 2 a 0. Este jogo faz parte de um recorte recente de nove partidas de invencibilidade, com sete vitórias e dois empates no período.
Atlético assegura liderança absoluta do returno do Brasileiro
Com nova vitória sobre o São Paulo no último sábado (2/12), por 2 a 1, no Mineirão, em Belo Horizonte, o Atlético assegurou a liderança do returno do Campeonato Brasileiro. Até então, foram 39 pontos conquistados na segunda metade da competição, por meio de um aproveitamento de 72,2%.
O Palmeiras, que está próximo de conquistar o Brasileirão mais uma vez, é o vice-líder do returno. O time comandado por Abel Ferreira somou 35 pontos na segunda parte da Série A.
Em comparação com o primeiro turno, a diferença é significativa. Com aproveitamento de 47,3%, o Galo somou 27 pontos na primeira metade do Campeonato Brasileiro. Os números revelam um aumento de rendimento de 24,8% – o maior do returno.
O Atlético chega à última rodada do Brasileirão com chances de título, ainda que ínfimas, mas bastante próximo de confirmar vaga direta na fase de grupos da Copa Libertadores de 2024. Vice-líder, com 66 pontos, o Galo subiu oito posições desde o meio do torneio.
Mudanças promovidas por Felipão possibilitaram evolução do Atlético
As mudanças para essa virada de chave começaram pelo “simples”, na escalação do Galo. O lateral-direito Renzo Saravia e o zagueiro Jemerson (ainda que contestado) assumiram a titularidade nos lugares de Mariano e Bruno Fuchs (lesionado).
Do meio para a frente, o meia-atacante Hyoran perdeu a vaga para o volante Otávio, e o atacante Pavón foi substituído pelo meio-campista Rubens – e, mais recentemente, por Igor Gomes. As alterações, é claro, refletiram no aspecto tático.
Felipão iniciou o trabalho no Atlético optando pelo tradicional 4-3-3, mas se adaptou às características do elenco e consolidou um sistema forte com o 4-4-2 nessa reta final de temporada. No primeiro esquema, Paulinho ficava mais fixo na ponta, e Hulk centralizado.
A mudança possibilitou que a dupla atuasse mais próxima, além de não depender tanto de um meia na criação das jogadas. A formação também foi propulsora do melhor momento de Zaracho em 2023: pela direita, com liberdade para ajudar a defesa e apoiar o ataque, como brilhou em 2021.
Outra peça fundamental que retomou o nível técnico após a sequência negativa foi o lateral-esquerdo Guilherme Arana. Ainda que tenha tido atuações de nível regular no pós-lesão, retomou de vez o protagonismo nas últimas semanas, marcando inclusive dois gols nos últimos quatro jogos.
Defensivamente, os números falam por si só. O Galo tem a melhor defesa da Série A, com apenas 28 gols sofridos em 37 jogos – até então, os melhores números do clube na história do Brasileirão por pontos corridos.
Por fim, o Atlético também apresentou melhora nas movimentações ofensivas, especialmente na saída de bola. Com mais fluidez na troca de passes e letalidade nos contra-ataques, a equipe mineira conquistou resultados importantes com vantagens “curtas” na maioria das vezes.
Como ressaltado por Felipão, os jogadores se adaptaram ao seu estilo, enquanto ele precisou se adaptar às características dos atletas. Méritos para um dos treinadores mais experientes do futebol brasileiro.
Atlético se prepara para último compromisso de 2023
O Atlético tenta coroar a temporada com “chave de ouro”, ainda que não fique com o título do Campeonato Brasileiro. Campeão do returno, o Galo espera vencer o Bahia na Fonte Nova, em Salvador, às 21h30 desta quarta-feira (6/12), para confirmar vaga direta na fase de grupos da Copa Libertadores de 2024.
Líder dessa arrancada, Felipão tem contrato com o Atlético até o fim do próximo ano. Em entrevistas recentes, dirigentes e investidores do clube mineiro têm indicado que o multicampeão gaúcho deve seguir no comando da equipe em 2024.