Principais promessas das categorias de base do Cruzeiro nos últimos anos, os atacantes Thiago e Vitor Roque atuaram juntos no profissional, mas deixaram o clube em negociações com contextos distintos. O primeiro foi vendido ao Ludogorets Razgrad, da Bulgária, enquanto o segundo acertou a transferência ao Athletico-PR, ambos em 2022.
Thiago ficou marcado por ser a primeira venda da gestão de Ronaldo Nazário à frente da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) celeste. Os búlgaros desembolsaram 700 mil dólares (R$ 3,6 milhões na cotação da época) por 75% dos direitos econômicos do jogador.
O negócio por esse valor não foi tão bem visto por parte dos cruzeirenses, que mesmo com desconfiança, consideravam que o atleta poderia ter maior valorização. A opinião também foi semelhante à de Ronaldo. O Fenômeno chegou a revelar que a venda só foi realizada para sanar problemas de fluxo de caixa imediatos.
Representado pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues, que atualmente responde pela associação civil, o Cruzeiro havia recusado uma proposta por Thiago em 2021. O Ludogorets tinha oferecido R$ 7 milhões pelo centroavante. O montante seria dividido entre o clube mineiro (75%) e o Verê-PR (25%).
Saída de Vitor Roque
Na base do Cruzeiro desde 2019, Vitor Roque foi promovido ao time principal na reta final da Série B do Campeonato Brasileiro de 2021. O responsável por lançar o jovem foi Vanderlei Luxemburgo. Ele ainda recebeu chances com Paulo Pezzolano no Mineiro, além das fases iniciais da Copa do Brasil do ano seguinte.
Roque deixou o Cruzeiro em abril de 2022, aos 17 anos. O centroavante foi comprado pelo Athletico-PR, que depositou em juízo os R$ 24 milhões de sua multa rescisória. Contudo, a Raposa teve direito somente a 45% desse valor (R$ 10,8 milhões).
Cruzeiro vendeu barato?
Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Thiago não considera que os movimentos do Cruzeiro foram ruins. O centroavante, que hoje pertence ao Brugge, da Bélgica, entende que os jogadores poderiam ter rendido mais aos cofres celestes, mas foram vendidos por um valor considerável em meio à crise financeira que o clube enfrentava.
“Eles (diretores) falavam que a gente era ativo do clube, que uma venda poderia fazer o Cruzeiro se reerguer aos poucos e por isso eles arriscaram em muitos atletas. Foi necessário isso e, poxa, revelaram um grande atleta que foi o Vitor Roque. (O Cruzeiro) fez uma grande venda. Poderia ser maior? Poderia. Mas tiveram a mentalidade de arriscar e acreditar nele. Poderia ter mais isso no futebol brasileiro, arriscar nos jogadores (de base) não só nos momentos em que a corda está no pescoço”, iniciou.
Thiago também revelou que não guardou mágoas em relação ao tratamento no Cruzeiro naquele período, pelo contrário. O atacante ficou extremamente grato por Ronaldo entender os motivos pelos quais preferiu sair.
“Aquele foi o momento certo para me vender, eu digo no contexto geral. O torcedor já não tinha mais paciência comigo e também fez bem para mim psicologicamente, porque eu não estava bem. Agradeço muito o Ronaldo por ter entendido isso, que eu não estava bem”, concluiu.
Ele disputou 64 partidas pela Raposa entre 2020 e 2021, marcou dez gols e deu três assistências. Contudo, Thiago não conseguiu cair nas graças de parte da torcida cruzeirense e era constantemente cobrado nas redes sociais.
