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Cruzeiro: jornalistas do México analisam estilo de jogo dos times de Larcamón

No Ataque conversou com profissionais de imprensa que acompanharam o trabalho de Larcamón, novo técnico do Cruzeiro, no México
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Jornalistas do México analisaram, a pedido do No Ataque, o estilo de jogo dos times comandados por Nicolás Larcamón, técnico acertado com o Cruzeiro até o fim de 2025. Os profissionais de imprensa foram unânimes ao destacar a preferência do técnico por uma equipe de posse de bola e estilo ofensivo, além da capacidade de tornar os jogadores mais versáteis em campo.

Apesar de ser argentino, o comandante de 39 anos não fez carreira em equipes profissionais em seu país de origem. Ele iniciou sua trajetória à beira dos gramados no futebol da Venezuela, em 2016, e teve passagem por clubes do Chile.

Contudo, foi no México onde se destacou. Nicolás comandou o Puebla entre 2020 e 2022 e, logo em sua primeira temporada, levou o clube à semifinal do torneio nacional. Em quatro competições à frente do time, foram 80 jogos, 27 vitórias, 32 empates e 21 derrotas.

“Nicolás Larcamón chegou ao México muito jovem, com poucas credenciais para o que o futebol mexicano exige. O Puebla era uma equipa vertical com o Larcamón, mas a chave vinha sempre para o mesmo ponto, jogadores que, sem serem a sua posição ofensiva natural, conseguiam aparecer no ataque e tornavam-se perigosos”, analisou Zaritzi Sosa, repórter do canal TUDN.

Para Israel Romo, correspondente do TUDN, Larcamón tem um estilo muito peculiar de trabalhar. Ele destacou que o treinador também costuma ser uma espécie de analista. Outro fator apontado foi o lado ‘paternal’ do argentino.

“Ele é analista de cada partida. Grava todos os treinos com drone e depois exibe uma sessão de vídeos antes das partidas. Larcamón é um treinador estudioso. Ele trabalha muito a psicologia do jogador de futebol com o coaching. Na hora pode até ser paternalista. Ele se aproxima do jogador e conversa principalmente sobre a questão psicológica, só depois vem com a questão do futebol”, enfatizou.

Larcamón pelo León

A filosofia de trabalho de Larcamón no Puebla despertou o interesse do León, que apostou no técnico para comandar um projeto vitorioso. Ele foi contratado como grande promessa do futebol mexicano. E deu certo, apesar da demissão na semana passada.

Nicolás conquistou a Liga dos Campeões da Concacaf de 2023 e credenciou o time à disputa do Mundial de Clubes. Durante as duas temporadas no León, foram 23 triunfos, 12 igualdades e 16 reveses.

Larcamón foi demitido do cargo logo após a eliminação na primeira fase do Mundial de Clubes da Fifa para o Urawa Reds, do Japão, na última sexta-feira (15/12). Os mexicanos foram derrotados por 1 a 0, em Jedá, na Arábia Saudita.

A saída do treinador foi tida como inesperada pelos torcedores do León. A diretoria do time da América do Norte tratou o resultado como “vergonhoso” e, por essa razão, optou pelo desligamento do treinador.

O argentino ainda está na Arábia Saudita e deve chegar ao Brasil na próxima semana para assinar contrato com o Cruzeiro. O clube celeste aguarda a definição dos detalhes burocráticos para fazer o anúncio oficial. Neste momento, as partes estão apenas apalavradas.

Estilo de jogo ofensivo de Larcamón

Romo também analisou o estilo de jogo das equipes dirigidas por Larcamón. O jornalista mexicano, que acompanhou de perto o trabalho do argentino no Puebla e no León, destacou a coragem dele em manter os blocos altos sempre.

“É um treinador que gosta de jogar sobretudo com uma linha de cinco, sendo três defensores centrais e dois laterais. São dois médios (volantes), um meia e um nove enfiados dentro da área. Ele também usa um meia que vai pela direita ou pela esquerda. Às vezes, muda a linha de cinco na defesa para quatro, mas o que não muda muito é a parte dos meio-campistas que chegam de fora”, explicou.

“Ele costuma jogar em blocos, exercendo muita pressão, sendo essa uma das suas principais chaves para gerar gols”, completou Zaritzi Sosa.

A ‘audácia’ de Larcamón pode ser entendida ao analisar as inspirações profissionais do treinador. Ele é fã dos compatriotas Marcelo Bielsa, Alejandro Sabella e Marcelo Gallardo, técnicos consagrados na Argentina.

Leia a íntegra das análises

Zaritzi Sosa, repórter do canal TUDN

“Nicolás Larcamon chegou ao México muito jovem, com poucas credenciais para o que o futebol mexicano exige. Teve um dos elencos mais baratos do Campeonato Mexicano e, ainda assim, fez com que muitos de seus jogadores se tornassem versáteis em campo.

Ou seja, conseguiam dominar pelo menos duas posições, o que tornava essencial o que acontecia em campo. Ele costuma jogar em blocos, exercendo muita pressão, sendo esta uma das suas principais chaves para gerar gols.

O Puebla era uma equipa vertical com o Larcamón, mas a chave vinha sempre para o mesmo ponto, jogadores que, sem serem a sua posição ofensiva natural, conseguiam aparecer no ataque e tornavam-se perigosos.

É por isso que muitos destes jogadores aumentaram o seu valor e nas janelas de transferências custaram valores elevados, como Jordy Cortizo, Maxi Araujo ou Israel Reyes, para citar alguns”.

Larcamón no Puebla - (foto: Divulgação/Puebla)
Larcamón fez seu primeiro grande trabalho no México à frente do Puebla, de 2020 a 2022(foto: Divulgação/Puebla)

Israel Romo, correspondente do TUDN

“Nicolás Larcamón chegou ao México para comandar o Puebla com um time que, vamos dizer, não tinha grandes estrelas. Era um time que tinha jogadores que buscavam uma segunda chance, o que deu a ele isso de ser corajoso e ofensivo. Mas, acima de tudo, era um time de jogadores organizados, que não tinham mais espaço em outros times e encontraram uma oportunidade. Ele os fez jogar, foram até uma surpresa no primeiro torneio, chegando à fase final como o terceiro melhor.

É um treinador que gosta de jogar sobretudo com uma linha de cinco, sendo três defensores centrais e dois laterais. São dois médios (volantes), um meia e um nove enfiados dentro da área. Ele também usa um meia que vai pela direita e um que vai pela esquerda. Às vezes, muda a linha de cinco na defesa para quatro, mas o que não muda muito é a parte dos meio-campistas que chegam de fora.

Com o Puebla, liderou quatro torneios curtos durante dois anos, em todos eles se classificou para a pós-temporada ou se classificou para as fases finais. Porém, nunca chegou à final, sempre ficou na semifinal e, em alguns casos, nas quartas de final.

Uma de suas maiores conquistas foi recuperar o centroavante Santiago Ormeño, que até jogou pela Seleção Peruana. Porém, depois que deixou o Puebla sua carreira não foi mais a mesma. Um dos jogadores que mais se destacaram foi o colombiano Omar Fernández, que depois de deixar o Puebla também não conseguiu ter o seu melhor momento futebolístico. Ele foi para León e voltou ao Puebla, mas não teve muita sorte depois de Nicolás Larcamón o ter dirigido.

Depois de dois anos no Puebla, Larcamón chegou ao León com a principal tarefa de vencer a Liga dos Campeões da Concacaf, o que conquistou no primeiro semestre de 2023 ao vencer a final contra o time do Los Angeles FC da MLS.

Um de seus momentos mais complicados foi não ter conseguido chegar à fase final com o León e disputar o título de campeão mexicano. Com o passar dos jogos, ele entrou em desespero, não conseguia transmitir sua ideia. Além disso, tinha muitos jogadores lesionados e algumas baixas que não lhe permitiam ter seu melhor time no último semestre. Os resultados não foram nada bons. Ele somou sete pontos a menos que o primeiro colocado do torneio.

Os resultados não foram dados como esperados e a direção questionou o método. Outro questionamento foi o por que de não recorrer a alguns jogadores como Nicolás López, um pedido de Larcamón na equipe e raramente utilizado.

Sua apresentação no Mundial de Clubes não foi a esperada e apenas três horas após o término da partida foi demitido. Ele foi informado de que não continuaria comandando o León devido aos maus resultados e à sua forma de jogar, que tinha se desgastado nos últimos jogos.

Nicolás Larcamón é um treinador estudioso. Ele trabalha muito a psicologia do jogador de futebol com o coaching. Pode até ser paternalista. Ele se aproxima do jogador e conversa principalmente sobre a questão psicológica, só depois vem com a questão do futebol.

Ele é analista de cada partida. Grava todos os treinos com drone e depois exibe uma sessão de vídeos antes das partidas. Larcamón é um treinador estudioso.

Ele é analista de cada partida. Cuida da questão dos drones, grava todos os treinos com drone e exibe uma sessão de vídeos dois dias antes das partidas. Ele também tem uma questão psicológica, uma conversa motivacional”.

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