FUTEBOL NACIONAL

Clube que ameaçou fechar as portas tem melhor campanha geral no Brasileiro

Invicto, time fundado em 2020 tem a melhor campanha de todas as divisões do Brasileiro; relembre porque o clube ameaçou fechar as portas
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Oito vitórias e um empate em nove jogos, 92% de aproveitamento. Quem vê os números expressivos do Manauara na Série D não imagina que, há pouco mais de dois meses, o clube ameaçava fechar as portas. O time amazonense é dono da melhor campanha de todas as divisões do Campeonato Brasileiro.

E não para por aí: a equipe comandada pelo técnico Marcelo Vilar tem o melhor ataque geral do Brasileiro – marcou 28 gols em nove jogos, média superior a três por partida. Na defesa, o Manauara também se destaca: sofreu apenas cinco gols em nove partidas – quarta melhor marca da Série D, empatado com Treze, Crac e Itabuna.

Líder do Grupo A1 da Quarta Divisão Nacional, o time amazonense é um dos quatro ainda invictos no Brasileiro, ao lado de Botafogo-PB (Série C), Treze e Itabaiana (Série D). Na última partida, nesse domingo (16/6), pela nona rodada da primeira fase da competição, a equipe nortista goleou o Humaitá, do Acre, por 5 a 0.

Melhores campanhas das quatro divisões do Brasileiro

  1. Manauara (1º do Grupo A1 da Série D, com 25 pontos) – oito vitórias e um empate em nove jogos, 92% de aproveitamento
  2. Athletic (1º da Série C, com 21 pontos) – sete vitórias e uma derrota em oito jogos, 87% de aproveitamento
  3. Treze (1º do Grupo A3 da Série D, com 23 pontos) – sete vitórias e dois empates em nove jogos, 85% de aproveitamento
  4. Botafogo-PB (2º da Série C, com 20 pontos) – seis vitórias e dois empates em oito jogos, 83% de aproveitamento
  5. Brasiliense (1º do Grupo A5, com 22 pontos) – sete vitórias, um empate e uma derrota em nove jogos, 81% de aproveitamento
  6. América (1º da Série B, com 21 pontos) – seis vitórias, três empates e uma derrota em 10 jogos, 70% de aproveitamento
  7. Botafogo (1º da Série A, com 19 pontos) – seis vitórias, um empate e duas derrotas em nove jogos, 70% de aproveitamento
  8. São Bernardo (4º da Série C, com 17 pontos) – cinco vitórias, dois empates e uma derrota em oito jogos, 70% de aproveitamento
  9. Avaí (3º da Série B, com 20 pontos) – seis vitórias, dois empates e duas derrotas em 10 jogos, 66% de aproveitamento
  10. Flamengo (2º da Série A, com 18 pontos) – cinco vitórias, três empates e uma derrota em nove jogos, 66% de aproveitamento
  11. Bahia (3º da Série A, com 18 pontos) – cinvo vitórias, três empates e uma derrota em nove jogos, 66% de aproveitamento

Manauara ameaçou fechar as portas

Há cerca de dois meses e meio, o Manauara ameaçou encerrar as atividades caso não conquistasse o acesso para a Série C neste ano. O motivo para fechar as portas, no entanto, não seria falta de estrutura ou de condições para pagar jogadores, caso da maioria dos clubes que deixam de existir no Brasil, e sim político. O presidente do time era acusado de manipular resultado de partida do Campeonato Amazonense.

Entenda a situação

Presidente do clube, que foi fundado em novembro de 2020, Marcus Paulo Rodrigues de Souza redigiu comunicado publicado nas redes sociais do Manauara no dia 3 de abril. No texto, ele se defende de acusações de envolvimento em manipulação de resutado em partida do Campeonato Amazonense, diz que é perseguido pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Amazonas (TJD-AM) e ameaça não disputar competições estaduais e nacionais em 2025 (mesmo já classificado para a Série D do ano que vem) caso a equipe não conquiste o acesso para a Série C do Brasileiro neste ano.

Marcus Souza foi acusado de manipular resultado da partida entre Parintins e Rio Negro, pela quarta rodada do segundo turno do Amazonense, disputada no Estádio Francisco Garcia (Chicão), em Rio Preto da Eva, no dia 19 de março.

Quarto árbitro da partida, Walter Francisco Nascimento relatou que o presidente do Manauara entrou no vestiário dos árbitros antes do apito inicial, mesmo sem autorização e sem ter ligação direta com o jogo, para desejar bom trabalho à equipe de arbitragem.

Ademais, Allefe, lateral-direito do Parintins, acusou Marcus de ter entrado no vestiário do Rio Negro antes da partida, que terminou com placar elástico a favor do Parintins: 7 a 0. Os jogadores do Rio Negro abandonaram o campo aos 25 minutos do segundo tempo, forçando que o apito final fosse antecipado.

Allefe relatou, em story no Instagram, que os atletas do time rival tiveram atitudes “suspeitas” durante a partida: “o time vem a campo com cinco jogadores no banco. Faz uma substituição no primeior tempo, as outras quatro assim que começa o segundo tempo. Depois disso, começa o anti-jogo treinador do treinador pedindo para jogador cair. Jogador que tinha acabado de entrar na partida atende o pedido e ainda sai de ambulância para fazer raio-x”.

Apesar do placar elástico, o time de Allefe foi prejudicado pelo abandono. Entenda o motivo.

Parintins perdeu liderança geral para o Manauara

Com a vitória por 7 a 0 sobre o Rio Negro, o Parintins chegou chegou aos 18 pontos na tabela geral do Amazonense e assumiu a liderança provisória. O líder da classificação geral (que soma as pontuações do primeiro e do segundo turno do campeonato) garante vaga na Série D 2025.

Foi o último jogo do Parintins na fase de classificação geral. O time ainda poderia ser ultrapassado justamente pelo Manauara, que ainda tinha dois jogos a disputar: contra o Rio Negro e contra o São Raimundo

Dias depois, o time enfrentou o Rio Negro e goleou por 8 a 0. Assim, chegou a 14 gols de saldo na tabela geral – justamente um a mais do que o Parintins, que tinha 13.

Essa diferença no saldo foi crucial, no final das contas. Depoois de golear o Rio Negro, o Manauara venceu o São Raimundo e finalizou a fase de classificação geral com os mesmos 18 pontos de Parintins e Manaus – mas ficou em primeiro graças ao saldo de gol melhor que o dos adversários, e garantiu vaga na Série D de 2025.

Acusação de manipulação de resultados

Após o suspeito abandono dos jogadores do Rio Negro no segundo tempo da partida contra o Parintins, quando o placar marcava 7 a 0, o Procurador Geral do TJD-AM, Ruy Mendonça, disse que via indícios de que a partida foi manipulada: “Há indícios fortíssimos de ocorrência de manipulação visando a alteração indevida do resultado e do curso da disputa de jogo, removendo da partida por completo a sua imprevisibilidade. A Procuradoria pedirá ao Tribunal a instauração de inquérito com vistas a apurar a existência de infração disciplinar e determinar a sua autoria. Os culpados serão punidos”.

Dias depois do jogo, o presidente do TJD-AM, Hugo Ribeiro, determinou suspensão preventiva de Marcus Souza, presidente do Manauara, pelo prazo de 15 dias úteis ou até o julgamento da denúncia de manipulação do resultado da partida entre Parintins e Rio Negro.

Veja a nota oficial do Manauara sobre o caso

Há dias venho sendo bombardeado na imprensa por uma suposta ação de interferência no resultado da partida entre Parintins e Rio Negro. Por conta dessa suposição fantasiosa e irresponsável, há um inquérito aberto e apesar de em momento nenhum nem eu nem o manauara termos sido intimados a nada, é claro que a motivação dele é a postagem irresponsável do atleta Aleffe, que postou em rede social que eu e meus diretores teríamos adentrado ao vestiário do Rio Negro. A afirmação do Aleffe é mentirosa. Nunca entrei no vestiário do Rio Negro, comrpovado por depoimentos de membros da comissão técnica do Rio Negro em entrevistas posteriores. Simplesmente passei pela área de acesso à tribuna de honra, convidado pelo diretor de competições Cláudio Nobre que interviu ao ver que eu estava sendo hostilizado no estádio e iria embora. Ao ir para a tribuna de honra vi a porta do vestiário dos árbitros aberta e simplesmente entrei para cumprimentar o diretor da CEAF Weden Cardoso, o fiz, e saí. Tudo sem qualquer animosidade, apenas atos de cortesia. Membros da comissão técnica do Rio Negro, em entrevista às rádios já disseram e repetiram que o time não tinha condições de ter jogado o campeonato. Que não recebiam salário, que não recebiam assistência médica, que não recebiam alimentação adequada, que viviam sob ameaça de despejo, que não treinavam e que não tiveram condições de suportar o peso de um gramado encharcado como o da partida contra o Parintins, partida essa que esteve sob ameaça de cancelamento por conta do estado do gramado. Uma tragédia anunciada na qual a responsabilidade é toda dos gestores do próprio Rio Negro. A sensação que se tem é que se busca um bode expiatório para mascarar uma incompetência geradora de uma situação inevitável.

Por conta dessa mentira irresponsável do Aleffe sou alvo de uma medida inominada que me puniu sem sequer me ouvir e num processo no qual todos os elementos conduzem pra que eu seja absolvido, e serei. Cumpro uma suspensão preventiva de 15 dias num processo em que ao julgar situação idêntica o STJD disse por 7 x 2 que não cabe suspensão preventiva. Na partida contra o nacional cheguei a ser impedido de entrar no estádio, precisando acionar meu departamento jurídico para usar assistir à partida na arquibancada, como qualquer torcedor pode fazer.

Hoje deve acontecer o depoimento do presidente do Rio Negro, e nos causa estranheza que não tenhamos tido notícia de convocação para depoimento nem do Aleffe, nem de atletas do Rio Negro, nem de membros da comissão técnica nem do Rio Negro nem de ninguém do Manauara. Simplesmente haverá o depoimento de alguém que não estava presente na data e que, pelo que se sabe, sequer acompanhava sua equipe em suas partidas. Simplesmente tivemos a informação do depoimento de alguém que tem todo interesse em desviar o foco de suas responsabilidades sobre uma participação sem qualquer profissionalismo, e de olho em receber o patrocínio público destinado aos clubes profissionais do Amazonas.

Infelizmente somente podemos concluir que esse depoimento, a ser dado por alguém sem qualquer credibilidade nem em sua agremiação nem no seio do desporto em geral, será direcionado a produzir mais factóides com o único fim de alimentar as ilações mentirosas e irresponsáveis feitas contra um desportista manauara.

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