O Cruzeiro iniciou a caminhada na Copa Sul-Americana com as expectativas dos torcedores nas alturas. As razões eram óbvias: primeiro, pelo recheado elenco, que, segundamente, havia tido a oportunidade de treinar com o então novo técnico, Leonardo Jardim, por cerca de um mês devido à eliminação no Campeonato Mineiro; para completar, os celestes tinham estreado com vitória – mesmo que não tão convinvcente – no Campeonato Brasileiro (2 a 1 sobre o Mirassol, em casa). Entretanto, nada ocorreu como esperado. Por diversos fatores, a Raposa fez campanha irreconhecível e perdeu a chance de se classificar no Grupo E, composto por três adversários inferiores, ainda na quarta rodada.
No momento em que a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) sorteou as chaves da competição, a impressão era de que o Cruzeiro se daria bem diante de Unión, da Argentina, Mushuc Runa, do Equador, e Palestino, do Chile. Antes da estreia, a torcida ainda não estava completamente convencida com o trabalho de Leonardo Jardim, mas havia alta expectativa justamente pela suposta qualidade dos adversários e dos representantes celestes.
Três derrotas em três rodadas
Em 1º de abril, o Cruzeiro visitou o Unión no Estádio 15 de Abril, em Santa Fé, na Argentina. Cássio, William, Gamarra, Fabrício Bruno, Villalba, Romero, Walace, Christian, Wanderson, Lautaro e Gabi foram os escolhidos por Leonardo Jardim. O que se viu em campo foi pouca técnica e apatia. No último minuto do acréscimo, o castigo: Diego Díaz deu a vitória por 1 a 0 aos mandantes.
Ali, a desconfiança passou a ocupar espaço. Mas a chance da redenção estava próxima. Em 9 de abril, a Raposa recebeu o modesto Mushuc Runa no Mineirão, em Belo Horizonte. Diferentemente do que se imaginava, o Cruzeiro não conseguiu jogar, e os equatorianos, que haviam aberto o placar, venceram por 2 a 1. Ali, atuaram como titulares Cássio – duramente criticado por falha – William, Fabrício Bruno, Jonathan Jesus, Marlon, Eduardo, Romero, Matheus Henrique, Matheus Pereira, Gabi e Dudu.
Na terceira rodada, em 24 de abril, triunfo diante do Palestino no Francisco Sánchez Rumoroso, em Coquimbo, era essencial para que a Raposa pudesse respirar no torneio. Mais uma vez, a decepção. Os celestes até foram dominantes, mas, castigados pela ineficiência, perderam por 2 a 1 – também saíram atrás no marcador.
Até então, Leonardo Jardim encontrava dificuldades para potencializar os jogadores. O comandante conseguiu encontrar uma escalação ideal três jogos antes do duelo com o Palestino, no empate por 1 a 1 com o São Paulo, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro.
Entretanto, pela já complicada situação no Grupo E, preferiu não entrar com força máxima diante dos chilenos – fato que não pode ser utilizado como desculpa pelo tropeço. Naquela ocasião, começaram jogando Cássio, Romero, Fabrício Bruno, Jonathan Jesus, Kaiki, Murilo Rhikman, Walace, Rodriguinho, Lautaro Díaz, Gabi e Dudu.
Justamente depois do confronto, uma ‘bomba’ explodiu nos bastidores celestes. Insatisfeito com a condição de reserva, Dudu disse não entender por que não ocupava espaço entre os titulares. Na partida seguinte, contra o Vasco, pela Série A, foi cortado. Segundo Leonardo Jardim, não apenas a declaração o levou a tomar tal decisão, e sim comportamentos internos. Na sequência, depois de muita novela, clube e atacante encerraram contrato. Antes disso, Marlon havia sido emprestado ao Grêmio.
Eliminação sacramentada
Em 7 de maio, o Cruzeiro viajou ao Estádio Olímpico de Riobamba, na cidade homônima, para enfrentar o Mushuc Runa. Era vencer ou vencer para sobreviver. Mais uma vez, a equipe levou o primeiro golpe e conseguiu apenas empatar. Com um ponto, o primeiro até então na competição, não tinha mais condições de avançar ao mata-mata.
Depois, restou à Raposa fechar cumprir tabela. Recebeu no Gigante da Pampulha o Palestino e venceu por 2 a 1, nos acréscimos, em 14 de maio. Nessa quarta-feira (28/5), jogou com o Unión, não conseguiu furar a meta adversária e apenas empatou sem gols. Nas três últimas oportunidades, Leonardo Jardim seguiu com time alternativo – deu, inclusive, duas chances ao goleiro Léo Aragão.
Fatores cruciais para a queda do Cruzeiro
O primeiro fator crucial para a queda do Cruzeiro foi a falta de reação. Em todas as partidas, com exceção da última, a equipe sofreu o primeiro golpe dos duelos. Aqui entra o segundo fator: frequentemente apática, a Raposa não teve fôlego nem criatividade para virar, apenas diante do Palestino, pela quinta rodada – por vezes, os celestes não tiveram objetividade.
O descompasso em campo, isto é, a falta de entrosamento, também foi perceptível. Os times alternativos acionados por Leonardo Jardim não conseguiram engrenar. Como mencionado anteriormente, a obrigação do Cruzeiro era colecionar resultados positivos independentemente de quem estivesse em campo devido ao nível dos adversários.
Desde o início, o comandante pareceu não priorizar a Sul-Americana. Depois do jogo que sacramentou a eliminação, o treinador minimizou o vexame: “É uma experiência que o Cruzeiro não pode jogar esta competição. Nós não queremos jogar esta competição, queremos jogar outra, a que jogam os melhores… Por isso, temos que estar focados nas outras competições de forma que não voltemos a essa”.
No início da atual temporada, Pedro Lourenço, sócio majoritário da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Cruzeiro, afirmou que as obrigações do time são levantar ao menos um título e conseguir vaga na Copa Libertadores de 2026 – agora, para atingir o principal torneio do continente, a Raposa tem de vencer a Copa do Brasil ou terminar o Campeonato Brasileiro no G6, que pode se expandir ao longo da temporada.
Ainda, diversas vezes, os celestes bateram cabeça defensivamente, principalmente em bolas aéreas. Em seis jogos pela competição, a equipe foi vazada sete vezes, média de 1,16 por partida – em paralelo a isso, o ataque não compensou. Atualmente, Leonardo Jardim parece ter conseguido sanar o problema defensivo, que já persistia desde o início da temporada. Ao considerar todos os duelos do ano, a média de gols sofridos do time é de 0,89.
Grupo do Cruzeiro na Sul-Americana
- Mushuc Runa – 16 pontos – 5 vitórias e 1 empate
- Palestino – 9 pontos – 3 vitórias e 3 derrotas
- Cruzeiro – 5 pontos – 1 vitória, 2 empates e 3 derrotas
- Unión – 4 pontos – 1 vitória, 1 empate e 4 derrotas
Próximos jogos do Cruzeiro
Sem a Sul-Americana no calendário, o Cruzeiro volta a campo neste domingo (1º/6), quando recebe o Palmeiras no Mineirão, às 19h30, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro. Antes da parada para a Copa do Mundo de Clubes, visita o Vitória no Barradão, em 12 de junho (quinta-feira), às 19h, pela 12ª rodada.
A Raposa também está garantida nas oitavas da Copa do Brasil. No entanto, ainda não sabe o adversário – pode ser qualquer um dos outros 15 classificados – nem a data dos confrontos de ida e volta, previstos para 30 de julho e 6 de agosto, respectivamente – a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não realizou o sorteio para a definição dos duelos nem detalhou o calendário.