FINANÇAS

Atlético, Cruzeiro e outros clubes na Bolsa de Valores? Estudo faz comparativo de receitas

RB Investimentos divulgou estudo em que compara o faturamento dos clubes do futebol brasileiro ao de empresas listadas na Bolsa de Valores

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A RB Investimentos divulgou um estudo em que compara o faturamento dos clubes do futebol brasileiro ao de empresas listadas na Bolsa de Valores (B3). Atualmente, quase 500 companhias têm papéis negociados no mercado de ações.

O Flamengo, que fechou 2022 com arrecadação de R$ 1,17 bilhão, estaria na 227ª posição, à frente de Iguatemi (shoppings), Brisanet (telecomunicações), Mobly (loja de móveis), Westwing (loja de decoração) e Br Partners (banco de investimentos).

O Palmeiras, com R$ 867 milhões em receitas no ano passado, seria o 253º colocado. Corinthians, R$ 777 milhões, e São Paulo, R$ 661 milhões, ocupariam, respectivamente, o 265º e o 276º lugares.

Próximos na lista apareceriam Internacional – 291º, com R$ 467 milhões – e Atlético – 293º, com R$ 422 milhões. As agremiações esportivas ficam à frente de Telebras e Technos.

Na relação, a RB citou as três primeiras do ranking geral: Petrobras (setor petrolífero), JBS (alimentos) e Itaú Unibanco (financeiro). Depois, elencou as instituições com ganhos compatíveis aos do futebol brasileiro.

Clubes brasileiros e empresas da B3

  • Petrobras – R$ 641,2 bilhões (1º)
  • JBS – R$ 374,8 bilhões (2º)
  • Itaú Unibanco – R$ 283,3 bilhões (3º)
  • Flamengo – R$ 1,17 bilhão (227º)
  • Locaweb (hospedagem de sites) – R$ 1,138 bilhão (228º)
  • Gafisa (construtora) – R$ 1,135 bilhão (229º)
  • Boa Vista (serviços financeiros) – R$ 872 milhões (252º)
  • Palmeiras – R$ 867 milhões (253º)
  • Statkraft (energia hidrelétrica e renovável) – R$ 861,8 milhões (254º)
  • Vittia (insumos para agricultura) – R$ 851,1 milhões (255º)
  • Corinthians – R$ 777 milhões (265º)
  • Le Biscuit (loja de departamentos) – R$ 775,8 milhões (266º)
  • Mundial (utensílios domésticos) – R$ 761,2 milhões (267º)
  • São Paulo – R$ 661 milhões (276º)
  • Mobly (móveis e artigos de decoração) – R$ 637 milhões (278º)
  • Track Field (roupas e artigos esportivos) – R$ 567,4 milhões (283º)
  • Internacional – R$ 467 milhões (291º)
  • Cambuci (roupas e artigos esportivos) – R$ 440 milhões (292º)
  • Atlético – R$ 422 milhões (293º)
  • Santanense (tecidos) – R$ 409,9 milhões (294º)
  • Flex S/A (gestão de relacionamentos) – R$ 406,8 milhões (295º)

Outras companhias

Além de Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Internacional e Atlético, a RB Investimentos apresentou os números de 20 clubes em 2022, configurando um intervalo entre Bragantino (R$ 353 milhões) e Vitória (R$ 42 milhões). Cruzeiro, com R$ 150 milhões, e América, R$ 149 milhões, constam no relatório.

Todas as associações de futebol registraram receitas superiores às de diversas organizações na Bolsa de Valores. A Monark, fabricante de bicicletas, embolsou R$ 18,5 milhões em 2022, enquanto a Atompar, focada na venda de cursos para iniciantes no mercado financeiro, obteve R$ 35,8 milhões no mesmo período.

Empresas listadas na B3 que faturaram abaixo dos clubes de futebol - (foto: Reprodução/RB Investimentos)
Empresas listadas na B3 que faturaram abaixo dos clubes de futebol(foto: Reprodução/RB Investimentos)

Todavia, a RB chamou atenção para o tamanho da dívida de vários clubes, fato que afastaria investidores. O Atlético tem o maior passivo: quase R$ 1,5 bilhão. Na sequência vêm Corinthians, R$ 1,029 bilhão; Cruzeiro, R$ 800 milhões; Vasco, R$ 715 milhões; e Botafogo, R$ 614 milhões.

A avaliação colocou o Vitória como principal destaque negativo, uma vez que a dívida de R$ 243 milhões é quase seis vezes superior à receita de R$ 42 milhões apurada em 2022.

Em contrapartida, o Flamengo tem dívida de “apenas” R$ 327 milhões – 28% dos R$ 1,17 bilhão de faturamento. Fortaleza (dívida de R$ 60 milhões / receita de R$ 259 milhões), Goiás (dívida de R$ 24 milhões / receita de R$ 107 milhões) e Cuiabá (dívida de R$ 3 milhões / receita de R$ 133 milhões) são outros exemplos de administração sustentável.

Análise

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos e autor do estudo, ressaltou a importância de analisar o potencial de investimento considerando o tamanho e a fidelidade das torcidas.

“Existem clubes que estão fora da elite do futebol nacional, mas que têm torcidas expressivas em suas regiões ou em todo o país. Esses clubes podem se beneficiar de um aumento de receitas com patrocínios, direitos de transmissão, bilheteria e sócio-torcedor, se eles conseguirem retornar à primeira divisão e se mantiverem nela”.

Gustavo Cruz – RB Investimentos

O economista destaca que alguns clubes têm infraestrutura de qualidade como estádios modernos, podendo gerar renda com eventos além do futebol. Por fim, ele considera que a listagem na bolsa é uma oportunidade para o desenvolvimento do esporte no Brasil, mas também um desafio que exige profissionalismo e responsabilidade dos gestores.

“O Brasil pode se inspirar nos exemplos de sucesso de outros países, onde os clubes conseguiram conciliar o aspecto financeiro com o esportivo e social. Assim, o mercado financeiro e o futebol podem se beneficiar mutuamente, criando um cenário mais sustentável e competitivo para todos os envolvidos”.

Em Inglaterra, Alemanha, Espanha e Portugal, ações de times como Manchester United, Bayern de Munique, Real Madrid e Benfica são negociadas em bolsa. No Brasil, apesar de vários terem se transformado em SAFs – Vasco, Botafogo, Coritiba, Cruzeiro, Atlético, Bahia e Cuiabá -, nenhum clube ingressou na B3.

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