Um torcedor do América-RJ que foi agredido por portar bandeira da Palestina no estádio Giulite Coutinho, no Rio de Janeiro, entrou na Justiça contra o clube e Romário, jogador e presidente do time carioca, alegando danos morais e materiais. É o que garante o blog Ancelmo.com, do jornal O Globo.
O caso ocorreu no dia 2 de junho, durante vitória do Mecão por 3 a 1 sobre o Artsul, pela Segunda Divisão do Campeonato Carioca. Imagens de vídeo da confusão foram anexadas ao processo.
O que aconteceu
A confusão começou depois que seguranças do América viram que uma torcedora do clube exibia a bandeira da Palestina na arquibancada e tentaram, à força, retirar o objeto da mão dela para recolhê-lo.
A ação violenta dos profissionais gerou confusão generalizada entre os torcedores que estavam à volta e os seguranças. O caso acabou na 53ª Delegacia Policial em Mesquita, na Baixada Fluminense, onde a torcedora e outros adeptos denunciaram ter sido vítimas da violência dos guardas.
Após o ocorrido, o América se pronunciou em nota. O clube lamentou a violência praticada contra a torcedora, mas justificou a iniciativa dos seguranças em recolher o objeto alegando que “não é permitida a presença de bandeiras, slogans ou qualquer tipo de conteúdo de natureza política na torcida”.
Romário voltou aos gramados para jogar pelo America-RJ
Aos 58 anos, o Baixinho estava aposentado desde 2008, quando tinha 42 anos. Mas, na quarta-feira da semana passada (17/4), ele surpreendeu e anunciou o retorno aos gramados como presidente-jogador.
Desde o início do ano, Romário preside o America-RJ, tradicional clube que já venceu sete vezes o Campeonato Carioca e chegou a disputar e brigar pelo título da Série A do Campeonato Brasileiro no século passado. Atualmente, a equipe disputa a Série A2 do estadual.
O Baixinho decidiu abandonar a aposentadoria aos 58 anos para realizar o sonho de atuar com o filho dele, Romarinho, que foi contratado pelo América em março deste ano. Romário deixou claro que só vai entrar em campo em breves parcelas de tempo de algumas partidas.
Leia a nota do América
Querida Torcida Americana,
O America Football Club vem a público manifestar o seu pesar em relação aos acontecimentos do dia 02 de junho de 2024, no jogo America x Artsul, no Estádio Giulite Coutinho, válido pela 3ª rodada do Campeonato Carioca Série A2.
Lamentamos o ocorrido com um dos nossos torcedores e já identificamos e advertimos os responsáveis pelo ocorrido. Deixamos claro que a violência e a truculência não se coadunam com as práticas do Club e de seus dirigentes no trato com qualquer um de nossos apaixonados torcedores.
Contudo, cabe destacar que a responsável por estabelecer as regras gerais para jogos oficiais de futebol em território nacional é a Confederação Brasileira de Futebol – CBF e em seu Regramento Geral de Competições (RGC) de 2024 traz o seguinte dispositivo:
Art. 79 – Os clubes, sejam mandantes ou visitantes, são responsáveis por qualquer conduta imprópria do seu respectivo grupo de torcedores nos termos do Código Disciplinar da FIFA e do CBJD.
Parágrafo único – A conduta imprópria inclui, particularmente, atos praticados contra delegações de Clubes e equipes de arbitragem em deslocamentos para partidas, tumulto, desordem, invasão de campo, violência contra pessoas ou objetos, uso de laser ou de artefatos incendiários, lançamento de objetos, exibição de slogans ofensivos ou com conteúdo político, ou a utilização, sob qualquer forma, de palavras, gestos ou músicas ofensivas, incluindo manifestações racistas, xenófobas, sexistas, homofóbicas, transfóbicas ou relativas a qualquer outra forma de discriminação que afronte a dignidade humana.
Assim sendo, do ponto de vista normativo, considerando que a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) se submete a tais regras e é ela quem organiza o Campeonato Carioca da Série A2, não é permitida a presença de bandeiras, slogans ou qualquer tipo de conteúdo de natureza política na torcida, seja ela organizada ou torcedor individual, nos jogos disputados no campeonato.
De acordo com o mesmo regulamento, em seu artigo 135, a prática desses atos pode fazer o Club incorrer em sanções, que podem ser de cunho patrimonial – multas de até R$ 500.000,00 – ou administrativas – como perda de pontos, mandos de campo e até a exclusão do campeonato.
Como se não bastasse, a Lei Geral do Esporte, em seu artigo 158, inciso IV, trata do tema da manifestação em estádios, determinando que a entrada e permanência em estádios está condicionada ao torcedor não portar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas.
Como já noticiado na grande mídia, o debate político, quando levado para o âmbito esportivo (e, especificamente aos estádios), pode provocar retaliação daqueles que tenham compreensão distinta daquela manifestada, gerando episódios de violência e conflito, como já ocorrido em outros estádios. Não é o que queremos!
Logo, diante de todo esse cenário, em cumprimento ao disposto no Regulamento Geral de Competições, a Diretoria do America vem reiterar seu entendimento de não autorizar a entrada de todo e qualquer material de cunho político durante os jogos disputados pelo Club.
Estamos certos de contar com a colaboração e cada torcedor americano. Lembrando sempre que:
AMERICA, UNIDO VENCERÁS! SANGUE!