O técnico Cuca divulgou um comunicado na noite desta segunda-feira (24/6) em que detalha os motivos pelos quais decidiu deixar o Athletico-PR. No comunicado (leia a íntegra abaixo), o ex-comandante do Furacão “ignorou” as fortes declarações do presidente Mario Celso Petraglia, que o havia criticado severamente.
Cuca agradece aos torcedores, aos jogadores e aos funcionários, mas não menciona o mandatário. A última frase do texto soa quase como uma “indireta”: “Como dizerem os sábios: o tempo é o senhor da razão!”.
Ao longo do texto, Cuca relata o momento em que colocou o cargo à disposição, nesse domingo (23/6), após o empate por 1 a 1 com o Corinthians, na Ligga Arena, em Curitiba, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro.
“Quando entramos na roda de oração pós-jogo, com todos desolados, não era hora de se buscar culpados. Tentaram! Me senti obrigado a assumir toda a responsabilidade e colocar meu cargo à disposição, como forma de resguardar o grupo”, lê-se.
Cuca detalha motivos para saída
O treinador indicou, em especial, dois motivos para a saída. O primeiro, segundo ele, foi assumir a responsabilidade pelo momento de instabilidade do time, que levou gols no fim e permitiu ao adversário o empate nos últimos três jogos do Brasileirão (contra Flamengo, Botafogo e Corinthians)
Em seguida, Cuca citou mais um motivo: a falta de contratações. O treinador indicou que não recebeu da diretoria os reforços desejados e cobrados para o ano do centenário do clube.
“A comissão técnica pleiteou um grupo maior de jogadores, visto o tamanho da responsabilidade que tínhamos. Nenhuma demanda foi feita publicamente, apenas dentro do escopo dessas reuniões (internas), onde sempre entendi as limitações orçamentárias do clube e por isso levei opções diversas”, pontuou Cuca.
Petraglia criticou Cuca
Mais cedo nesta segunda-feira, o presidente Mario Celso Petraglia publicou um forte desabafo no Facebook em que classifica a saída de Cuca como “traição”.
“Prometo que não seremos doravante mais usados e abusados pelo mau caráter de pessoas que, pela nossa resiliência, aceitamos ajudá-las! Foi o que ocorreu com o Cuca, o qual nos usou e depois nos traiu! Jamais esperava um comportamento descontrolado que teve nos vestiários após o empate com o Corinthians (…) Lamentável que um homem que se diz torcedor do Furacão, com 61 anos, tendo treinado grandes clubes, não tenha o controle suficiente para esfriar a cabeça e não ter o “piti” como se comportou ontem!”
Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico-PR
Leia o pronunciamento de Cuca
Vestiário é sagrado!
Em décadas de futebol, aprendi que uma das funções de um comandante é proteger seu grupo de jogadores. Quando a temperatura está quente, meu papel é baixá-la.
Ontem precisei interferir nesse sentido.
Jogadores arrasados que precisavam de acolhimento e não de mais cobranças e julgamentos.
Quando entramos na roda de oração pós-jogo, com todos desolados, não era hora de se buscar culpados. Tentaram!
Me senti obrigado a assumir toda a responsabilidade e colocar meu cargo à disposição, como forma de resguardar o grupo.
Fui convidado para um projeto grandioso no ano do centenário do Clube, e não gostaria de ter deixado o trabalho antes de concluído.
O projeto sempre foi desenhado através de reuniões internas onde a comissão técnica pleiteou um grupo maior de jogadores, visto o tamanho da responsabilidade que tínhamos. Nenhuma demanda foi feita publicamente, apenas dentro do escopo dessas reuniões, onde sempre entendi as limitações orçamentárias do clube e por isso levei opções diversas.
Antes de assumir o Athletico eu recebi outras propostas de trabalho. Inclusive, meses antes, do próprio Clube. Eu serei sempre grato pela receptividade e apoio do torcedor. A relação até a oração de ontem era mutuamente equilibrada e respeitosa. Quando aceitei o convite, o fiz honrado e com um sonho de grandes conquistas. Conheci uma estrutura única mas contava com uma construção de grupo com ainda mais alternativas.
Agradeço mais uma vez a oportunidade de poder comandar meu time do coração. Estou muito triste, mas não poderia ter tomado qualquer decisão diferente naquele momento.
Obrigado, torcedor, pela paciência e voto de confiança.
Obrigado aos jogadores que me acolheram sempre muito bem, e com quem sempre tive ótima relação.
Agradeço aos funcionários do clube por tanta gentileza comigo e com minha comissão. Desejo sorte e vitórias ao Furacão!
Como dizem os sábios: o tempo é o senhor da razão!”