Ex-presidente da Galoucura, César Gordin criticou o comportamento da torcida do Atlético na Arena MRV. Para ele, há uma mudança visível no perfil das pessoas que vão ao estádio.
Em participação no podcast Bora Pra Resenha, Gordin citou o alto preço dos ingressos como um dos fatores. Como consequência disso, o atleticano entende que os torcedores mais dispostos a apoiarem o clube não conseguem frequentar os jogos.
“Mudou demais. O preço mais barato do ingresso é R$ 80. Se não for sócio-torcedor não compra ingresso. Primeiro, se o cara não pagar a mensalidade de R$ 30 a R$ 200, não consegue comprar o ingresso. Isso já muda a cara do torcedor, porque o cara que não tem muita grana não vai pagar R$ 30”, iniciou.
“E ele leva o filho dele no jogo, que na nossa época criança de 12 anos não pagava ingresso. Hoje em dia tem que pagar o próprio ingresso de R$ 80, do filho, mais R$ 80, isso se não tiver outro filho. O refrigerante no campo é R$ 8, uma cerveja R$ 12, tropeiro R$ 30, cara vai no campo gasta quase R$ 400”, completou.
“Torcida morta”
Para César Gordin, ir ao estádio virou um passeio a mais na vida das pessoas. Ou seja, aqueles que vão não têm disposição para cantar o tempo todo e estão ali apenas pelo entretenimento.
“Só nisso a gente já viu que mudou o perfil do torcedor, o cara que ia com a cara pintada na geral, com bandeira, fantasiado, o outro que chorava, gritava o campo inteiro. Isso não existe, mudou, a torcida mudou. Hoje em dia o campo é um passeio. O cara vai ali para passear, tirar uma selfie. Não só no Atlético, no Cruzeiro também. Antigamente não. Todo mundo gostava de futebol. O que tinha para a molecada era futebol, para o povo era futebol”, disse.
Por fim, Gordin afirmou que a torcida do Atlético está morta, se referindo ao comportamento no estádio. Ele citou o último jogo do Galo na Arena MRV, em que o time foi derrotado por 2 a 1 pelo Coritiba, pelo Campeonato Brasileiro.
“O Atlético se ganhasse do Coritiba estava brigando pelo título. 1 a 0 para o Atlético e a torcida morta. Torcida morta. Não tem jeito. Vai falar, vai brigar, mas estava morta. Eu estava no campo. Sem grito. Você grita, o cara olha para você, ‘está cantando, me enchendo o saco’”, finalizou.
César Gordin foi presidente da Galoucura entre 2011 e 2016. Hoje, trabalha como vereador de Belo Horizonte pelo Solidariedade. Também em participação no BPR Podcast, o atleticano disse que está na hora de Hulk deixar o Atlético.