ATLÉTICO

Balanço do Atlético detalha receitas de 2023 e dívida herdada pela SAF; veja documento

Galo tem superávit no exercício devido a operações extras, mas ainda convive com desequilíbrio com custos e receitas envolvendo o futebol
Foto do autor
Compartilhe

O Atlético conseguiu reduzir parcialmente a dívida com a venda de 75% das ações da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) à Galo Holding, mas ainda vive situação delicada financeiramente. Nesta sexta-feira (26/4), o No Ataque teve acesso ao balanço financeiro do clube em 2023, que revela também receitas, custos e outros detalhes.

O alvinegro se tornou SAF em 1º de novembro do ano passado e, com isso, deixou de registrar as receitas e o custo com futebol na associação a partir deste período. Portanto, o balanço não considera entradas e saídas da principal modalidade nos dois últimos meses de 2023.

Naquele momento, os investidores assumiram uma dívida de R$ 1,36 bilhão, quase R$ 500 milhões abaixo de quando acertaram a compra das ações, em julho.

O Atlético, no entanto, não transferiu todo esse valor para a SAF, por restrições comerciais e legais. Por isso, o documento detalha uma dívida de R$ 1,2 bilhão – ainda que os investidores sejam os responsáveis por pagar o restante. 

A maior parte desse débito ainda é com empréstimos e financiamentos. Essa é a dívida que preocupa quem comanda o Galo, já que gera juros constantes. Veja, na imagem abaixo, o perfil do endividamento herdado pela SAF.

Balanço do Atlético mostra perfil da dívida herdada pela SAF | Foto: Reprodução

No fim de 2022, o Atlético também devia R$ 440 milhões de um empréstimo para concluir as obras na Arena MRV, mas esse número não foi informado no balanço financeiro da associação. Os detalhes estão no balanço da SAF, que será apresentado ao Conselho Deliberativo alvinegro nesta segunda-feira (29/4).

Receitas e custos do Atlético em 2023

Em relação à operação com futebol, o Atlético registrou um prejuízo de R$ 133 milhões entre 31 de dezembro de 2022 e 1º de novembro de 2023. As receitas foram de R$ 363 milhões, sendo que imagens, premiação e vendas de atletas representaram 57% do total. Veja as receitas com futebol profissional abaixo:

As receitas do Atlético com futebol profissional | Foto: Reprodução

O custo, por sua vez, foi de R$ 430 milhões. O clube gastou R$ 217 milhões com direitos de imagem e salários de jogadores e comissão técnica, além de R$ 77 milhões com atletas negociados. 

Custo do Atlético com futebol chegou a R$ 430 milhões | Foto: Reprodução

Especialista analisa balanço do Atlético

Apesar do prejuízo com futebol, o Atlético teve um superávit de R$ 142 milhões em 2023, que só foi possível graças ao aporte de R$ 600 milhões da SAF. É o que explica Amir Somoggi, sócio da Sports Value, empresa especializada em negócios do esporte e marketing esportivo.

“O Atlético só está em uma condição equilibrada porque tem essas operações externas ao futebol, shopping, estádio. Não é da operação do dia a dia que fez o Atlético estar com superávit (R$ 142 milhões –  R$ 71 milhões em 2022). Se olharmos o Atlético só pelo futebol, ele é extremamente deficitário”, iniciou.

“O Atlético tem uma questão extracampo, porque o que faz dele um clube superavitário não são as receitas do futebol. Todo balanço do Atlético tem um valor negativo no futebol. Você tem essas operações extracampo, só de ‘outros’ foram R$ 600 milhões de impacto sobre o prejuízo que transformou em lucro. Qual a grande preocupação? Que essa SAF consiga organizar e crescer a receita para ter um equilíbrio”, pontuou. 

Segundo o profissional, o Galo convive com esse desequilíbrio há anos, mas não teve um impacto financeiro ainda maior devido ao bom desempenho dentro de campo.

“Para poder competir com Palmeiras, Flamengo e São Paulo, o Atlético sempre investiu mais do que poderia. Todos os números mostram um desequilíbrio no departamento de futebol. Mas como os títulos chegavam, premiação, vendas de camisa, Manto da Massa, Galo Na Veia, tudo era maior quando o clube foi campeão brasileiro”, afirmou.

Por fim, Amir acredita que o caminho para o Atlético é investir no marketing, principalmente para aumentar as receitas com o sócio-torcedor e a Arena MRV.

“O grande desafio do Atlético para os próximos anos é crescer o marketing, sócio-torcedor, aumentar receitas da Arena MRV e, com os títulos vindo, entrar no ciclo virtuoso. O clube não está longe disso, está em um sobe e desce, precisa de um equilíbrio para poder competir com Palmeiras e Flamengo”, finalizou.

Compartilhe