Se a relação entre as diretorias de Atlético e Cruzeiro já foi conturbada no passado, o cenário dos próximos anos promete ser bem diferente. Principais investidores das Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs) de Galo e Raposa, respectivamente, Rubens Menin e Pedrinho cultivam vínculo positivo e devem trabalhar para reduzir eventuais atritos entre os clubes.
Em entrevista à ESPN, Menin endossou o poder da rivalidade entre Atlético e Cruzeiro. Ainda assim, avaliou positivamente o fato de um cruzeirense ter assumido a administração do arquirrival.
“Até então, todas as SAFs eram feitas por investidores estrangeiros. Bacana, é bom, traz dinheiro para o futebol, mas não tem o coração. A primeira SAF que teve coração foi a SAF do Atlético. Isso é diferente. Se a gente souber combinar coração com razão, bacana”, iniciou.
“Agora, o Cruzeiro também. O Pedrinho tem coração. E que bom, né? Ele é nosso rival, nós queremos ganhar todas dele – e ele quer ganhar todas da gente. Agora, vamos com muito respeito. Eu ia no campo, no Mineirão, as duas torcidas juntas. A gente saía com camisa, um passando pelo outro, e não tinha problema. Na Europa é assim. Nós temos que voltar a ter um ambiente melhor no futebol”, prosseguiu.
A relação entre Menin e Pedrinho
Ao projetar a relação entre as administrações, Menin disse acreditar que eventuais imbróglios serão tratados com “racionalidade”. O empresário acredita que os investidores terão possibilidade de “trabalhar juntos” em prol do futebol.
“Eu acho que com o Pedrinho, vai ter uma racionalidade, por Cruzeiro e Atlético serem os grandes rivais que são – talvez a maior rivalidade do Brasil. Mas de os dois se ajudarem em todas as coisas que forem para o bem do futebol mineiro e do futebol brasileiro. Eu acho que existe um espaço nessa conversa com o Pedrinho. Uma racionalidade, um coração bom para a gente trabalhar juntos. Eu acho que isso é muito bom. Com respeito. A gente se conhece, sabe o que cada um pensa”, afirmou.
Em junho deste ano, o acionista do Atlético chegou a publicar foto com Pedro Lourenço em rede social. Os empresários se encontraram em festa junina realizada em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
“Cada um tem um lado, mas acho que a coisa vai ser boa. Essa relação vai ser boa. (…) Eu converso com ele, de vez em quando encontro e falo: ‘Parabéns’. Liguei para parabenizar quando ele comprou o Cruzeiro. Bacana mesmo. Acho que é bom. No fundo, para o futebol é bom. Essa rivalidade entre Cruzeiro e Atlético é excepcional. Movimenta a meninada, a moçada e faz a emoção do futebol. Isso faz parte. Não vamos matar isso não que a gente mata o futebol”, acrescentou.
Torcida única nos clássicos
Em janeiro deste ano, Atlético e Cruzeiro celebraram acordo por torcida única nos clássicos entre os rivais pelo período de dois anos. A medida temporária se deveu principalmente aos episódios registrados no primeiro enfrentamento entre Galo e Raposa na Arena MRV, em outubro de 2023, quando parte da torcida celeste depredou o estádio alvinegro.
Rubens Menin avaliou o acordo como “solução extrema”. Além disso, lamentou brigas envolvendo torcedores rivais.
“É tudo que eu quero (torcida mista). Gente, qual é a lógica de você ter um campo com torcida única? Isso é uma solução extrema, que não pode acontecer, poxa. O estádio é bonito é com as duas torcidas gritando, uma gritando mais que a outra… Isso que é o bonito do futebol. E nós perdemos um pouco da beleza do futebol com a torcida única”, disse.
“Eu fico tão triste com briga de torcida. Por que brigar? Que coisa mais rude, sair brigando, dando tapa, dando soco. Isso tem que acabar. Nós temos que querer ganhar, temos que respeitar o adversário, respeitar a torcida adversária – dentro das boas regras. Vamos torcer muito, vamos gritar muito, mas vamos respeitar”, pediu Menin.
Cruzeiro e Atlético voltarão a se enfrentar no sábado (10/8), a partir das 21h30, no Mineirão, em Belo Horizonte. O clássico será disputado pela 22ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.
