Mesmo com oscilações, o trabalho de Gabriel Milito segue positivamente avaliado no Atlético. O clube enxerga, com o treinador argentino, a possibilidade de ter um projeto de longo prazo no comando técnico.
Nos bastidores, o dia a dia com Milito continua agradando atletas e departamento de futebol. Parte da diretoria alvinegra vê a oscilação na Série A do Campeonato Brasileiro como “natural” – especialmente em virtude do período entre junho e julho, no qual o Atlético precisou lidar com extensa lista de desfalques.
Na Cidade do Galo, o Centro de Informação do Galo (CIGA) monitora diariamente treinamentos, próximos adversários e o rendimento da equipe. Analistas de desempenho e de mercado mantém diálogo constante com a comissão técnica chefiada pelo “Marechal” e, segundo relatos internos, os argentinos se mostram “incrivelmente abertos” durante conversas relacionadas à performance do time.
Pessoalmente, ainda de acordo com fontes ouvidas pela reportagem de No Ataque, Milito dá abertura para sugestões e faz questão de explicar ajustes e alterações que promove na equipe. Com relatórios quantitativos e qualitativos elaborados pelo CIGA, o treinador monitora constantemente os índices de acertos e erros em pormenores fundamentais para o cumprimento da proposta de jogo.
Aqui, é importante ressaltar que o clube adotou macroprincípios inerentes à ideia de futebol que deseja praticar pelos próximos anos. Esses conceitos foram revelados em vazamento de documento interno que embasou a contratação de Gabriel Milito, ainda em março.
O modelo de jogo do Atlético: tradução de macroprincípios
Princípios ofensivos do Atlético
- Preferência pela saída curta: oferecer suportes próximos em reinícios de jogo
- Construção vertical: quebrar as linhas do adversário com a criação de linhas de passe verticais e diagonais
Princípios defensivos do Atlético
- Não deixar o adversário sair curto: posicionar alto em reinícios de jogo
- Constante pressão na bola: pressionar o portador da bola o mais alto e mais cedo possível
Transição ofensiva
- Explorar contra-ataques: buscar rapidamente progredir em direção ao gol adversário
Transição defensiva
- Pós-perda agressivo: buscar recuperar a bola imediatamente após perdê-la
Em episódio recente, Milito foi alertado pelo CIGA a respeito do baixo índice de eficiência do Atlético em um pormenor relacionado aos macroprincípios defensivos. Nos dias subsequentes à análise desse relatório, a comissão técnica do ex-zagueiro elaborou atividades específicas em treinamentos para tentar corrigir esses problemas.
Nos últimos jogos, por exemplo, houve alteração na estruturação da saída de bola. Antes dos duelos contra São Paulo e Grêmio, o Galo iniciava a construção ofensiva com um 3+2, normalmente com três defensores e dois volantes próximos a essa primeira linha. Já nos compromissos contra os tricolores, o time de Milito construiu em 4+1, com quatro defensores na primeira linha e apenas um volante à frente.
Em termos de cobranças, fontes ouvidas pela reportagem garantiram que o perfil da diretoria alvinegra não condiz com uma postura “agressiva” em direção a comissão técnica nos momentos ruins atravessados pelo time. Segundo essas pessoas, o Atlético caminha no sentido de dar cada vez mais peso à análise do desempenho da equipe – de modo que o diálogo com o treinador e seus auxiliares passe essencialmente pelo eventual apontamento da necessidade de ajustes em determinados aspectos da proposta.
Com Milito, o Galo busca reencontrar o caminho das primeiras colocações na Série A do Campeonato Brasileiro e segue vivo na briga pelos mata-matas. O time alvinegro está nas quartas de final da Copa do Brasil e da Copa Libertadores.