“Preparar um ser humano para que ele esteja pronto para enfrentar o mundo”. Esse, para Erasmo Damiani, gerente geral da base masculina do Atlético, é o lema da formação do clube que, por meio do departamento de psicologia, promove debates sobre diversos temas de grande importância na sociedade brasileira, como a febre de apostas esportivas, violência doméstica, violência sexual e as problemáticas das redes sociais.
Em entrevista exclusiva ao No Ataque, Damiani destacou a importância do alvinegro como formador social ao relembrar que a maioria dos atletas que saem das categorias de base não consegue alcançar o sucesso financeiro no futebol: “Muitos vão vender o almoço para pagar a janta”.
“Não somos formadores de jogadores de futebol, somos formadores. Estamos preparando um ser humano para que ele esteja pronto para enfrentar o mundo, porque infelizmante dos 200 atletas, não são todos que chegarão àquele 0,001% de jogadores que ganha acima de ‘X’ por cento”
Erasmo Damiani, gerente geral da base do Galo
“Lidamos com várias classes sociais dentro do clube, mas claro que no futebol a maioria vêm de uma classe mais humilde, que tem mais problemas. Tentamos sempre abordar com eles vários temas do dia-a-dia, violência doméstica, violência sexual e redes sociais”, afirmou o dirigente.
Problema de atleta com apostas e importância da psicologia
Damiani destacou a importância do departamento de psicologia do Atlético para abordar problemas delicados com os atletas. Ele citou como exemplo uma situação com a qual o clube se deparou no ano passado – o possível envolvimento de um jovem das categorias de base – cujo nome não foi revelado – com apostas esportivas.
“Quando temos problemas que fogem um pouco (do normal), nosso departamento de psicologia entra, participa, e aí vamos lá e conversamos com o atleta. Muitas vezes, não colocamos a família, porque ela pode, ao invés de ajudar, atrapalhar. Às vezes falamos para o empresário o que está acontecendo, sentamos com o atleta e o empresário”, disse.
No ano passado, tivemos uma situação em que achamos que o atleta tinha envolvimento com apostas. Chamamos ele, fomos claros e abertos, falamos: ‘Cara, fala a verdade. Estamos aqui para te ajudar, até para podermos entender o porquê disso’. Ao fim, conseguimos contornar, a psicóloga fez o acompanhamento, o atleta foi sentindo a confiança que estávamos dando para ele.
Erasmo Damiani, em entrevista exclusiva ao No Ataque
“Envolve vários fatores, é da idade. Eu falo internamente, com essa idade nós fizemos coisas erradas também. Agora, não dá para ficar persistindo (no erro), porque se temos 30 jogadores e dois ‘fora da casinha’, daqui a pouco esses dois podem levar os demais (para o ‘mau’ caminho), aí tem que dizer: ‘Olha, infelizmente tudo que tentamos contigo não foi’. Mas é a nossa função de tentar sempre recuperar o ser humano”, finalizou o gerente.