Adversários já conhecidos do futebol chileno, Gabriel Milito e Nicolás Larcamón protagonizarão um fato histórico no próximo fim de semana. Pela primeira vez, o clássico entre Atlético e Cruzeiro será comandado por dois técnicos argentinos. As equipes se enfrentarão neste sábado (30/3), às 16h30, na Arena MRV, em Belo Horizonte, pelo jogo de ida da final do Campeonato Mineiro.
Recém-contratado pelo Galo, Milito iniciará sua passagem pela capital mineira logo no maior clássico do estado. Ele foi anunciado como substituto de Felipão, demitido do cargo na última quarta-feira (20/3).
Por sua vez, Larcamón está à beira da área técnica da Raposa desde o início da temporada e comandou a equipe em 11 jogos, com sete vitórias, dois empates e duas derrotas. Ele já passou pela experiência do clássico e saiu vencedor. O ‘hermano’ orientou o time na vitória celeste por 2 a 0, na Arena MRV, pela terceira rodada da primeira fase do Mineiro.
Neste sábado, porém, Milito e Larcamón terão uma experiência que nenhum outro compatriota pôde ter. Em meio aos tantos estrangeiros que passaram pelos clubes, eles serão os primeiros técnicos argentinos a se enfrentarem no Atlético x Cruzeiro.
Técnicos argentinos do Atlético
Gabriel Milito é o quinto treinador do Atlético nascido na Argentina. Ele ampliou a lista encabeçada por Gregório Suárez e preenchida por Jorge Sampaoli, Antonio ‘Turco’ Mohamed e Eduardo Coudet, respectivamente.
Foi Gregório quem ‘abriu as portas’ do clube para os argentinos. Em 1944, ele comandou o time mineiro em 16 jogos, conquistando 10 vitórias, quatro empates e duas derrotas. Apesar do bom rendimento da equipe em campo, o alvinegro não conquistou nenhum troféu naquela temporada.
O segundo treinador argentino do Atlético só chegou a Belo Horizonte 76 anos depois. Em 2020, a diretoria do Galo anunciou Jorge Sampaoli, que teve passagem vitoriosa em meio às polêmicas extracampo. Das 45 partidas, teve 26 triunfos, oito igualdades e 10 reveses. O único título conquistado foi o Mineiro daquele ano.
Antonio Mohamed dirigiu a equipe na temporada de 2022, mas acabou demitido depois de 45 compromissos, com 27 vitórias, 13 empates e cinco derrotas. ‘Turco’ foi campeão mineiro e da Supercopa do Brasil.
O ‘hermano’ mais recente da história atleticana é Eduardo Coudet, que teve saída conturbada em 2023. O treinador entrou em atrito com a torcida e até mesmo com a diretoria. Insatisfeito com o que havia sido prometido quando foi contratado, ele fez cobrança interna e deu a entender que deixaria o clube.
Em 35 jogos à frente do Atlético, Coudet venceu 21, empatou oito e perdeu seis. Ele ganhou o Mineiro, porém causou discórdia na Copa do Brasil ao escalar time misto contra o Corinthians e perder nos pênaltis nas oitavas de final.
Treinadores argentinos do Cruzeiro
Nicolás Larcamón é apenas o segundo treinador argentino da história do Cruzeiro. Ele tenta trilhar, com mais sucesso, o caminho do compatriota Nelson Ernesto Filpo Nuñez. O experiente treinador, que morreu em 1999, aos 81 anos, chegou ao clube como desconhecido em 1955.
Na ocasião, a Raposa passava por problemas financeiros devido à construção da sede social e não tinha recursos para contratar um treinador renomado. Sob o comando do ex-treinador, o Cruzeiro sofreu uma sequência de derrotas e terminou o primeiro turno do estadual na penúltima colocação. Nelson não resistiu à pressão interna e teve o contrato rescindido em 16 de outubro do mesmo ano.
Já o retorno do argentino ao clube, em 1970, teve um contexto diferente. Nuñez se tornou conhecido no cenário nacional ao ser campeão pelo Palmeiras, nos anos 1960, no time que ficou conhecido como “Academia”.
Filpo então comandou a equipe estrelada – composta por Tostão, Zé Carlos e Dirceu Lopes – no Mineiro e em poucos jogos do Campeonato Brasileiro. Uma nova sequência de derrotas derrubou o treinador, que ficou no cargo apenas 40 dias.
Nuñez orientou o time em 30 jogos somando as duas passagens. Foram 11 vitórias, oito empates e 11 derrotas (45,55% de aproveitamento).