Uma das responsabilidades atribuídas pela diretoria do Cruzeiro a Nicolás Larcamón que não foram cumpridas foi administrar bem o elenco no começo da temporada. Esse foi um dos pontos que ajudaram a encurtar a passagem do treinador argentino pela Toca da Raposa 2, em Belo Horizonte. O profissional de 39 anos foi demitido do cargo nessa segunda-feira (8/4).
O Cruzeiro fez nove contratações para enriquecer o trabalho de Larcamón em 2024, sendo muitas delas indicações do próprio técnico que já conhecia alguns jogadores do futebol norte-americano, já que havia trabalhado por último no León, do México. Entretanto, apenas dois desses reforços ganharam espaço no time titular com o argentino.
Larcamón pediu à diretoria celeste as contratações do volante Lucas Romero e do centroavante Juan Dinenno, que estavam no León e no Pumas, respectivamente. Além deles, Nico já havia enfrentado o meia José Cifuentes, do Rangers, da Escócia, e o atacante Álvaro Barreal, do Cincinnati, dos Estados Unidos, e deu ótimas referências.
O argentino também indicou um compatriota. Ele pediu a chegada de Lucas Villalba – emprestado pelo Argentinos Juniors até o fim da temporada – para reforçar a zaga estrelada. A defesa era uma preocupação para o comandante, já que gostava de atuar no esquema com três zagueiros.
Contudo, somente Romero e Dinenno tiveram sequência entre os 11 titulares. Cifuentes, Barreal e Villalba foram usados, na maioria das vezes, no decorrer do segundo tempo das partidas.
‘Panela’ de Larcamón no time titular
Larcamón preferiu insistir com alguns jogadores contestados pela torcida cruzeirense do que dar espaço para os reforços. Esse foi o caso de Neris, titular em 10 jogos nesta temporada, enquanto Villalba só começou três.
Outro atleta bastante questionado que caiu nas graças do treinador foi Mateus Vital, autor do gol do Cruzeiro na derrota por 3 a 1 para o Atlético na finalíssima do Campeonato Mineiro. O meia começou entre os titulares em cinco oportunidades.
Cifuentes e Barreal só estiveram na formação inicial no empate por 0 a 0 com a Universidad Católica, no Estádio Olímpico Atahualpa, pela primeira rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana. Eles ganharam a chance porque Larcamón optou por mandar a campo um time misto, visando à final do Mineiro.
Decisões questionáveis do treinador
Nico também foi bastante cobrado internamente antes de ser demitido por ter deixado Zé Ivaldo no banco de reservas no empate por 2 a 2 com o Atlético, na Arena MRV, no jogo de ida da final do Estadual. O zagueiro era cotado para começar a partida, mas foi surpreendido com a decisão do treinador.
Já quando se esperava que o camisa 5 iniciaria o duelo contra a Católica, na altitude de 2.850 metros de Quito, no Equador, no banco de reservas, ocorreu justamente o contrário. Zé foi titular e deixou o campo se queixando de dores na coxa esquerda, virando dúvida para a finalíssima do Mineiro.
Demissão de Nicolás Larcamón
A continuidade de Larcamón já estava em xeque desde a noite desse domingo (7/4), quando perdeu o título do Mineiro. O time celeste saiu à frente no placar com Vital, mas tomou a virada após uma mudança tática do treinador. Saravia, Hulk e Scarpa garantiram a vitória por 3 a 1 para o alvinegro.
Larcamón foi chamado de burro por grande parte dos mais de 61 mil cruzeirenses que lotaram o Mineirão contra o arquirrival. O time precisava do empate para erguer a taça após cinco anos, mas perdeu de virada.
Após o clássico, Larcamón assumiu a culpa pelo revés em casa. O treinador foi bastante questionado por mudar a formação tática do time após o primeiro gol. Ele sacou Vital e promoveu a entrada do zagueiro João Marcelo. Com a mexida, o Atlético dominou o meio-campo e encurralou o Cruzeiro no campo de defesa até conseguir os gols.
Nicolás comandou o Cruzeiro em 14 partidas nesta temporada – 12 no Mineiro, uma na Copa do Brasil e uma na Copa Sul-Americana – e teve 59% de aproveitamento. Ao todo, foram sete vitórias, quatro empates e três derrotas.