“Nenhuma experiência é individual”. A frase que recém viralizou na internet se encaixa bastante na história de dois ídolos do Corinthians. Curiosamente, o destino reservou a Ronaldo Giovanelli e Cássio um desfecho bastante parecido no Timão. Vinte e seis anos separam as saídas dos dois maiores goleiros alvinegros, que deixaram o Parque São Jorge e, em contextos distintos, ganharam oportunidades na Toca da Raposa.
Assim como ocorreu com Ronaldo, em 1998, Cássio perdeu a titularidade e deixou o Corinthians de forma conturbada, após uma passagem de mais de dez anos. Em busca de novos ares, o atleta de 36 anos acertou com o Cruzeiro e é esperado em Belo Horizonte.
No fim da década de 1990, Ronaldo seguiu um caminho parecido. A trajetória com a camisa celeste, porém, foi curta e marcada por fim inusitado – algo que não diminuiu o carinho do ex-goleiro por seu antigo clube.
Trajetória de Ronaldo em Corinthians e Cruzeiro
Ronaldo, Ronaldo Giovanelli ou Ronaldão. Ao longo das mais de quatro décadas de carreira, o agora comunicador da TV Band foi chamado por vários nomes. Voz ativa nos bastidores do Corinthians, o ex-jogador de 56 anos se mantém intocado no panteão dos grandes ídolos preto e brancos.
A trajetória de Ronaldo no Corinthians começou em 1979, nas categorias de base, e terminou em 1998, quando passou 42 dias treinando à parte e não teve contrato renovado. O técnico Vanderlei Luxemburgo, que havia acabado de ser anunciado, foi o responsável por pedir a dispensa do goleiro.
“A pior coisa que um jogador pode sentir é que está atrapalhando. E era isso o que eu vinha sentindo no Corinthians. Então, peguei minhas coisas e saí”, disse Giovanelli em entrevista à época.
Dessa forma, Ronaldo deixou o Corinthians depois de 19 anos e 602 jogos disputados. Ele é o quarto jogador que mais vestiu a camisa do Timão e ganhou seis títulos: três Campeonatos Paulistas (1988, 1995 e 1997), o Campeonato Brasileiro de 1990, a Copa do Brasil de 1995 e a Supercopa do Brasil de 1991.
Nos meses seguintes ao fím do vínculo, Ronaldo teve curtas passagens por Fluminense e Inter de Limeira-SP até ser contratado pelo Cruzeiro no primeiro semestre de 1999. Pela equipe celeste, foram oito jogos entre 19 de maio e 17 de julho daquele ano.
A chegada do goleiro fã de rock and roll repercutiu entre os torcedores e gerou até um cântico especial: ‘Ronaldo metaleiro, vê se fecha o gol para a torcida do Cruzeiro’.
Mas, o curto período na Raposa terminou com mal-entendido. Quando o goleiro André Döring chegou ao clube, o técnico Levir Culpi optou por liberar Ronaldo, que tinha contrato curto. No dia seguinte, Giovanelli foi informado que haviam mudado de ideia e teve que tomar uma decisão.
“Eu estava indo para o carro, o Benecy (Queiroz, ex-dirigente celeste) me chama: ‘Não sai não, volta que o Levir quer falar com você’. (Levir:) ‘Então, mudamos de planos’. Falei: ‘Não, peraí, eu estou sabendo agora que eu não faço mais parte. Você, sendo o treinador, já me tirou, agora quer me trazer de volta?’. Ele: ‘Eu vou conversar com a direção de novo. Vi todo mundo chorando. O pessoal gosta de você para dedéu. A gente não se atentou a isso’. Eu falei: ‘Eu também gosto de vocês aqui, mas eu vou embora. Agora, eu que vou embora’. (…) Aí foi aquela choradeira. Depois, o Levir me ajudou a ir para outro time”
Ronaldo Giovanelli
Em entrevista ao De Lavada Podcast, em junho de 2022, Ronaldo ressaltou que mesmo a passagem tendo sido curta e com fim ‘tragicômico’, não guarda nada além de carinho pelo Cruzeiro. A declaração foi dada durante a última temporada celeste na Série B.
“O Cruzeiro é maravilhoso, velho. Cruzeiro é o maior de Minas (Gerais). Vocês que estão aí na internet, é só procurar. ‘Ah, mas o Cruzeiro, a Raposa, está há dois (três) anos na Série B’. Mas procura aí, os títulos, tudo que tem aí. Cruzeiro é o maior de Minas (Gerais). Foi lindo jogar lá, maravilhoso”, afirmou Ronaldo.
Contrato de Cássio com o Cruzeiro
Cássio chegou a acordo verbal com o Cruzeiro na terça-feira (14/5). O goleiro de 36 anos terá contrato de três temporadas e salário de R$ 700 mil na Toca da Raposa.
Para se transferir imediatamente para o clube celeste, Cássio precisou negociar e garantir uma rescisão com o Corinthians. A chegada do goleiro a Belo Horizonte está prevista para terça-feira.
Trajetória de Cássio no Corinthians
Cássio foi contratado pelo Corinthians em dezembro de 2011, após passagem de quatro anos pelo PSV, da Holanda. Reserva de Júlio César no início da trajetória, o goleiro não precisou de muito tempo para se tornar ídolo do Timão.
Em 2012, o camisa 12 foi um dos grandes destaques da conquista mais desejada do clube: a Copa Libertadores. No fim do ano, Cássio ainda foi coroado com o título e o troféu de melhor jogador do Mundial de Clubes.
De 2013 até 2019, levantou outras seis taças: quatro Campeonatos Paulistas (2013, 2017, 2018 e 2019), dois Campeonatos Brasileiros (2015 e 2017) e a Recopa Sul-Americana de 2013.
Ao todo, Cássio participou de 712 jogos – segundo que mais atuou, atrás apenas de Wladimir (806) – e defendeu 32 pênaltis pelo Corinthians. O destaque dentro de campo foi reconhecido pela Seleção Brasileira, que o convocou para a Copa do Mundo de 2018 e a Copa América de 2019.
Cássio foi eleito o melhor goleiro da Série A em várias oportunidades pelos prêmios Craque do Brasileirão (2015), Bola de Prata (2022) e Troféu Mesa Redonda (2015, 2017 e 2022). Em 2018 e 2022, ele ainda ganhou a Luva de Ouro da Copa do Brasil.