O técnico do Cruzeiro, Leonardo Jardim, deixou o Rio de Janeiro, nesse domingo (4/8), satisfeito com o desempenho do seu time na vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo, no Estádio Nilton Santos, mas aproveitou para fazer uma cobrança direta. Ele mandou um recado para o Mineirão, especialmente sobre o campo – que, para o comandante português, não está bom. E o Mineirão não deixou sem resposta a crítica de Jardim, do Cruzeiro, ao gramado.
Para Jardim, o estado do campo do Gigante da Pampulha não está à altura do clube celeste.
“O Mineirão, e isso é uma crítica, o gramado não tem estado em condições. Um clube grande como o Cruzeiro tem que ter um gramado melhor”
Leonardo Jardim, técnico cruzeirense
O treinador afirmou que são detalhes que podem definir o placar de uma partida: “Esses pormenores ganham jogo. Não é só pensar em ganhar ou perder, é preciso dar condições, acreditar no processo, trabalhar bem os toques, que os jogadores estejam posicionados, mas também que os gramados estejam bons para jogar futebol”.
O que diz Mineirão
O Mineirão reagiu ao comentário de Jardim. Em nota oficial, disse que o campo está com “jogabilidade garantida”.
“O Mineirão reitera que o gramado é permanentemente monitorado sob critérios técnicos e com metodologia consolidada, em linha com os parâmetros oficias e as melhores práticas, e encontra-se plano e com a jogabilidade garantida”, diz o comunicado.
Na nota, via assessoria, o estádio explicou os efeitos do inverno sobre o tipo da grama utilizada e como é o procedimento para mitigar os problemas.
“Como já é de conhecimento, a grama bermuda celebration, certificada pela Fifa, sofre um processo de hibernação no inverno, por conta da queda das temperaturas mínimas e do menor índice de radiação solar. Como forma de garantir uma cobertura vegetal complementar neste período, é realizada o overseeding, que consiste na semeadura da espécie ryegrass, própria para tempos frios. Por se tratar de uma condição já conhecida no inverno, o Mineirão adota constantemente práticas para mitigar os impactos do período, como o uso de iluminação artificial, aplicação localizada de hormônios, fertilizantes granulados e reparos semanais.”
Gramado do Nilton Santos
Curiosamente, a crítica de Leonardo Jardim foi feita após um jogo disputado em estádio de gramado sintético.
O “tapetinho”, como é chamado pelos torcedores do Botafogo, foi instalado no início de 2023. Segundo o clube alvinegro, conta com dois certificados da Fifa.
O gramado do Nilton Santos foi defendido por John Textor, então dono da SAF botafoguense, no início deste ano, quando jogadores do futebol brasileiro divulgaram uma campanha contra o campo sintético.
“Achamos que esse gramado reduz lesões comparando com os tipos de gramados que temos aqui no Brasil. Eu não entendo bem a razão disso, mas as raízes são superficiais, a grama sai, e os campos, como nós dissemos, parecem pastos de vaca. Não me importo com a discussão sobre isso, mas, por favor, não me venha com anedotas, jogadores mais velhos dizendo que os joelhos doem. Eles podem falar de outros gramados. Nosso gramado é confortável para jogadores jovens e velhos”, comentou Textor.
Na época, ele ainda alfinetou os gramados naturais de estádios do Brasil: “No futuro, se houver uma mudança, deve haver padrões para grama natural. Se eles decidirem se livrar do gramado artificial, eles devem subir o sarrafo. Sugiro o gramado desso (tipo de gramado), como temos na Premier League, que é 20% híbrido, 80% grama. Nossos clubes têm dinheiro na Série A. Se vamos nos livrar do artificial, vamos mudar, vamos botar um gramado desso”.
Por fim, Textor falou sobre o investimento feito na grama artificial: “Investimos talvez US$ 2 milhões nesse gramado, um gramado desso custa US$ 1,3 milhão. Então parem de falar do nosso gramado. Se quiserem falar de gramados, vamos melhorá-los no país inteiro. Acho que o artificial deve ficar aqui por um tempo, porque funciona, é saudável. Se vamos usar o artificial, devemos usar o que é moderno, não o que é velho”.
