Aos 24 anos, Rebeca Andrade mostra a maturidade de quem tanto competiu em alto nível ao longo da vitoriosa carreira. Se em 2021 a ginasta chegou aos Jogos Olímpicos de Tóquio com o rótulo de ‘esperança de medalha’, em Paris 2024 a expectativa é muito maior. Ela irá à Europa com o status de maior atleta brasileira da atualidade e símbolo global de uma das mais tradicionais modalidades esportivas. Mas a pressão não parece incomodá-la.
Leve e sempre com um sorriso no rosto, Rebeca Andrade atendeu pacientemente jornalistas de diversas partes do país durante o Prêmio Brasil Olímpico 2023, realizado na última sexta-feira (15/12), no Rio de Janeiro. O No Ataque esteve na cerimônia e participou das conversas com a campeã olímpica no individual geral.
No bate-papo, a ginasta passou 2023 a limpo, detalhou a preparação para os Jogos da França e explicou como lida com a pressão: sessões com a psicóloga, conversas com a mãe e boas risadas com Friends, uma das séries mais icônicas dos anos 1990. Leia as principais respostas a seguir:
Conquista do troféu de melhor atleta do ano no Prêmio Brasil Olímpico pela terceira vez
“É uma honra. Só de ter sido indicada já foi algo muito grandioso, mas conseguir esse prêmio mais uma vez é uma representação de todo o meu trabalho, o meu ano, de como tenho evoluído, de como a minha equipe tem me ajudado a realizar todos os meus sonhos e alcançar os objetivos. Apesar de ser só o meu rostinho ali, de ser só eu subindo naquele palco, pode ter certeza de que toda a minha equipe está sendo representada.”
Qual a sua avaliação do ano?
“Foi um ano muito incrível, cheio de realizações, não poderia ter sido melhor. Individualmente e como equipe, estou realmente muito, muito feliz mesmo por todos nós. Para Paris, a gente se prepara já. Agora, está um pouco mais tranquilo. Mas em janeiro a gente já começa com o sangue nos olhos, faca nos dentes. Não tem descanso, não tem dor, não tem cansaço, não tem nada. A gente está ali, pronta para mostrar o melhor que o Brasil tem como equipe, e cada menina individualmente também. Espero que as coisas aconteçam da melhor maneira possível. Tenho certeza que todo mundo vai dar o melhor.”
Você falou em ‘sangue nos olhos, faca nos dentes’. Como lidar com a parte mental e as cobranças neste momento de preparação intensa?
“Para mim, é mais tranquilo. Eu converso muito com a minha psicóloga. Se em algum momento, eu me sentir mais ansiosa, eu converso com a minha mãe, com a minha psicóloga, eu assisto a uma série, eu fico com os meus cachorros. Então, tem muitas coisas que podem me acalmar. Ainda não chegou 2024, mas o meu foco já está lá em Paris. Mas, ao mesmo tempo, estou com a cabeça bem tranquila, porque preciso me preparar, me cuidar para que não aconteça nada até chegar o momento. É um dia depois o outro.”
Qual série você gosta?
“Tem muitas séries, mas uma que eu amo muito é Friends. Porque eu gosto de dar risada.”
Voltando ao desempenho em 2023, a prata por equipes no Mundial foi uma das medalhas mais importantes da sua carreira?
“Com certeza. Foi uma medalha muito esperada por muitas gerações, por muitos anos. Ter feito parte dessa equipe, dessa realização, é algo muito grandioso. Todas as meninas trabalharam muito para que a gente conseguisse conquistar essa medalha. Foi uma medalha muito suada, mas também com muito sorriso. Então, foi sensacional.”
Sobre essa reta final de preparação, como encontrar os erros e corrigi-los em um nível tão alto de performance?
“Difícil não é (achar os erros), não é? Tenho ali o meu treinador (Francisco Porath) sempre para pontuar. Mas foi um ano muito incrível, cheio de realizações e conquistas. Acho que foi o melhor ano da ginástica feminina, foi sensacional. Poder ter feito parte desta equipe que trouxe tantas coisas para o meu esporte foi algo grandioso, então fico bem feliz. Para 2024, espero estar feliz, saudável mental e fisicamente, porque se essas coisas não caminharem juntas, o resultado não acontece. O resultado é consequência. Vou estar pronta para dar 110% de mim na Olimpíada. Vai dar tudo certo.”
Quais as diferenças de Tóquio 2020 para Paris 2024?
“Eu chego muito mais madura. Acreditando ainda mais no nosso potencial como equipe. Já acreditava muito nos profissionais da nossa equipe, mas agora, conseguindo colocar os pingos nos i’s, conseguindo realizar e tendo as nossas medalhas, faz com que todo mundo continue acreditando ainda mais um no outro. Isso faz muita diferença para a gente.”
O que espera para ter um 2024 perfeito?
“Ah, medalhas, né!? Medalhas, medalhas, medalhas… Em todas as competições. Não só nos Jogos, porque a gente vai para algumas competições antes da Olimpíada. Chegando na competição, que eu me sinta muito feliz e confortável. Que o meu corpo trabalhe junto com a minha mente, que as coisas realmente aconteçam como nos treinamentos. E que, se eu precisar pensar rapidamente, que eu consiga realizar para que eu não perca nada. Que eu curta cada dia, cada momento e que eu viva tudo aquilo, como foi em Tóquio, como foi no Mundial. Então, que eu possa aproveitar tudo com a minha equipe. Agora, vai ser bem melhor: em Tóquio, estávamos só eu e a Flávia (Saraiva). Agora, vamos levar toda a equipe.”
*Jornalista viajou a convite do Comitê Olímpico do Brasil (COB)