Imagina entrar na sala de aula em uma faculdade e encontrar uma campeã olímpica. Essa foi a experiência de alguns estudantes em Uberlândia com a presença de Ana Patrícia, que agora estuda fisioterapia. Já Duda iniciou o curso de marketing digital, no ensino à distância (EAD). As campeãs olímpicas no vôlei de praia começaram a “carreira” de universitárias meses após o ouro em Paris 2024 e deixaram claro: “Gostando até demais”.
A dupla brasileira que conquistou o maior objetivo enquanto atletas há sete meses deu uma entrevista ao No Ataque e falou sobre a novidade estudantil. Elas começaram a faculdade no início deste ano e estão conciliando com os treinos esportivos, até porque estão voltando à ativa em março. Entre 26 e 30 de março, as atletas disputam o Elite 16 do Circuito Mundial de Vôlei de Praia em Cancún, no México.
Porém, enquanto ainda estão em Uberlândia, as atletas do Praia Clube dividem a rotina com a faculdade. Ana Patrícia afirmou que está “muito legal” e fez questão de dizer que está “gostando até demais”. A atleta nascida em Espinosa, cidade no Norte de Minas Gerais, destacou que sempre teve esse interesse, mas a rotina a impediu por anos.
“Conciliar a faculdade com os treinamentos e as viagens é um desafio. Graças a Deus, a gente tem um parceiro muito bacana, que é a Uniube, e tem sido muito uma troca muito legal com eles. A gente tem conseguido. A Duda faz EAD e eu faço semipresencial, mas tenho conseguido conversar com as pessoas, explicar minha situação. Eles estão me permitindo encontrar novas possibilidades para que eu não tenha meu ensino prejudicado”, afirmou Ana Patrícia, que seguiu.
“Depois dessa Olimpíada, entendemos que era o momento de olhar para certos desejos que tínhamos, para certos sonhos que queríamos realizar. E eu acho que tem sido uma experiência muito bacana e aquela coisa: eu sou muito da máxima de que conhecimento é a única coisa que ninguém tira da gente. Então, é um sonho que estava ali guardadinho e que agora a gente está lutando”
Ana Patrícia, medalhista de ouro na Olimpíada de Paris 2024
Duda Lisboa teve um discurso semelhante ao da companheira de vôlei de praia. A sergipana de 26 anos escolheu o curso de marketing digital por ser empresária e ter uma loja de roupas, mas principalmente por ter a oportunidade de adquirir conhecimento. Ela ainda frisou que seria um passo natural após o fim do ensino médio, só que não ocorreu devido à vida de atleta.
“É bom para conhecimento. Eu acho que é uma área que está crescendo muito, mas o que eu acho legal é porque nós estamos fazendo uma coisa que era para a gente fazer quando a gente saísse da escola, teoricamente. Só que nós somos atletas, é totalmente diferente. E a gente não tem tempo”, destacou Duda, que continuou.
“Só que agora, depois da Olimpíada, a gente disse: ‘Não, precisamos fazer coisas’. Amamos jogar vôlei de praia, mas testar outras coisas, conhecer, aprender, estudar. A Uniube está ajudando isso no nosso time. Eles dão essa oportunidade da gente testar. EAD é um pouco difícil porque você não tem contato com as pessoas, é só com a ‘telinha’ ali, mas eu acho que a forma que a Uniube está trabalhando, uma coisa mais dinâmica também. Eu adorei assim”
Duda Lisboa, medalhista de ouro na Olimpíada de Paris 2024
“Me senti um ET”, disse Ana Patrícia
Mesmo com a ajuda da patrocinadora, a relação entre a vida profissional e estudantil não é fácil tendo em vista a rotina de treinamentos. Duda e Ana Patrícia realizam atividades na areia e na musculação, fora outras preparações visando o retorno ao mais alto nível do vôlei de praia. Mesmo assim, a campeã olímpica mineira ressaltou que está conhecendo algo novo da própria personalidade.
“Não está sendo fácil, porque realmente a gente sai daqui [treinamentos] muito cansadas. Eu faço faculdade à noite, Duda também sempre tem que tirar um tempo para estudar. Não é fácil conciliar, mas também tem sido muito legal porque eu tenho conhecido um outro lado meu. De conversar com outras pessoas sobre outros assuntos”, disse Ana Patrícia.
A atleta ainda relembrou como foram as primeiras aulas. Como é semipresencial, Ana Patrícia frequenta o campus da faculdade em alguns dias da semana e revelou que sentiu como “um extraterrestre” nas semanas iniciais, já que os colegas de sala a conheciam da disputa nos Jogos Olímpicos de 2024.
“Foi muito engraçado as primeiras semanas porque as pessoas tinham aquela coisa de: ‘Nossa, você estava na Olimpíada’, e eu ficava me sentindo meio que um ET assim: ‘Gente, que vergonha. Só quero estudar’ [risos]. Mas ao mesmo tempo é muito bacana você ver também que todo ambiente tem alguém que acompanha, torce, vibra e tem sido uma experiência muito legal viver isso também”
Ana Patrícia, atleta mineira
Duda e Ana Patrícia nas quadras
A dupla dourada do vôlei de praia conquistou uma das três medalhas do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris. As outras duas conquistas na Olimpíada de 2024 foram de Bia Souza, no judô, e Rebeca Andrade, no solo na ginástica artística.
Dando início à nova temporada, Duda e Ana Patrícia já têm um torneio no horizonte em 2025. A próxima competição das campeãs olímpicas será o Elite 16 do Circuito Mundial de Vôlei de Praia em Cancún, em Quintana Roo, no México. O torneio na América do Norte será entre os dias 26 e 30 de março.
Além do título, a disputa em terras mexicanas servirá de preparação para o grande evento do vôlei de praia no ano. De 14 a 23 de novembro, o Campeonato Mundial de Vôlei será disputado em Adelaide, na Austrália, e Duda e Ana Patrícia buscarão o bicampeonato. As atletas de 26 e 27 anos, respectivamente, venceram em 2022 e foram vice em 2023.
