VÔLEI

‘Herdeira’ do vôlei? Filha de bicampeã olímpica estreia contra o Praia na Superliga

Bicampeã olímpica e dona de três troféus da Superliga, Paula Pequeno vibra com a primeira temporada da herdeira Mel Folhas como profissional

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Segundo esporte mais popular do Brasil, o vôlei chama atenção para a quantidade de atletas que deram sequência aos legados dos pais. A lista passa por Bernardinho e Bruninho, Isabel Salgado e Maria Clara. Na nova geração, Paula Pequeno e Mel Folhas. Bicampeã olímpica e dona de três troféus da Superliga, a comentarista do Grupo Globo, vibra, aos 43 anos, com a primeira temporada da herdeira Mel Folhas como profissional.

A jovem é lapidada pelo Brasília e inicia a caminhada com a companhia do Distrito Federal na temporada 2025/2026 da elite nacional contra o Praia Clube, neste segunda-feira (20/10), às 21h, em Uberlândia.

Diferentemente da mãe, mas assim como o pai, Alexandre Folhas, ex-jogador de handebol, Mel nasceu em São Paulo, em 8 de junho de 2006. Mas cuidado, o sotaque é capaz de te confundir. O chiado na fala chama a atenção e induz ao “carioquês”. “É uma mistura”, brinca em entrevista ao Correio. A explicação está na vida no Rio de Janeiro. O início da vida nas quadras, inclusive, remete à Cidade Maravilhosa. Depois de ser federada pelo Bradesco, passou em teste do Flamengo e ficou lá por três temporadas até se transferir para o Fluminense, a última experiência antes de arrumar as malas para a primeira temporada longe de casa.

Mel joga como ponteira, posição considerada das mais desafiadoras do voleibol. É preciso saber recepcionar, defender e, claro, atacar. Ela entende que ser filha de Paula Pequeno gera expectativas sobre terceiros, mas tenta não levar isso de forma negativa. “Gera, sim, uma pressão muito grande. Isso é inegável. Não pela parte da minha mãe, como se ela me pressionasse, mas as pessoas e eu mesma. Porém, hoje levo muito mais como um legado do que como um fardo. Já foi um fardo, quando eu não sabia lidar com isso. Mas, hoje em dia, é muito mais um orgulho ter isso na minha vida”, confidenciou.

Paula Pequeno teve influência na chegada de Mel ao Brasília. Pesou na balança a confiança no trabalho do técnico Spencer Lee e na gestão do presidente Flávio Thiessen.

“O Brasília é um time no qual tem pessoas muito confiáveis e competentes. O Spencer, como líder, topou essa missão de fazer dessa oportunidade para ela se lapidar e aprender a treinar num mundo profissional, com meninas muito melhores do que ela. A grande receita de evolução é você treinar com jogadoras melhores. Essa oportunidade que o Flávio e o Spencer deram para ela vale ouro, é só o início de uma grande estrada, de uma longa batalha”, comemorou a bicampeã olímpica. 

Expectativas para a temporada

Na véspera de estrear como profissional em uma das ligas mais fortes do planeta, Mel avalia o conjunto como ponto forte do Brasília e compartilha qual time mais quer enfrentar nesta edição.

“É um time que está muito unido. Dará muito trabalho, vejo muito potencial. Vejo um futuro muito bom nesta temporada. Quero muito enfrentar o Fluminense, porque era a minha casa. Tem muita gente que eu gostaria de rever”, disse. O encontro com a companhia carioca será pela 11ª rodada, prevista para 21 de dezembro, no Sesi Taguatinga Norte. 

Paula se enxerga em Mel? Ou a filha acredita ter herdado características da mãe jogadora? Talvez, nem se tivessem combinado a resposta poderia ser tão igual. “Ela é muito vibrante, raçuda, uma menina de personalidade forte. Eu me vejo nela em vários momentos, inclusive até em gestos, na quadra. Lembro-me direitinho que os primeiros jogos dela, quando a vi, emocionei-me na arquibancada, justamente porque vi alguns movimentos parecidos de deslocamento e a forma como vibra. Na verdade, voltei no tempo e me vi na idade dela, com aquela emoção toda”, conta a protetora, direto do Rio de Janeiro. 

Em Brasília, Mel responde: “Acima de tudo, antes de falar de qualquer coisa técnica, é a garra. Acho que eu tenho um pouco disso dela, de querer muito. É o que eu mais me vejo nela ali”. A jovem está se habituando ao Distrito Federal. Mora com a avó materna, Gercione, tem curtido, mas sente faltar algo. “É um lugar muito tranquilo. É muito diferente do Rio. Já consegui me adaptar, mas ainda sinto muita falta do Rio. Falta uma prainha. Com o clima, não consegui me acostumar ainda. Aqui é muito gostoso também, gosto de morar aqui.”

Amor de mãe na Superliga

O primeiro desafio de Mel na Superliga será contra o fortíssimo Praia Clube. O clube de Uberlândia esteve em cinco das últimas seis finais e faturou o troféu em 2022/2023. É o início da trajetória para realizar alguns sonhos, como o de jogar na badalada liga do Japão e defender a Seleção Brasileira. 

A presença de Mel na Superliga desafia Paula Pequeno. Há um ano no Grupo Globo, o ícone das quadras pode ser escalada para comentar o jogo da filha e alerta: “Costumo ser imparcial. Ela terá de jogar bem, porque, se precisar ser criticada, a mamãe critica também. Falei com o meu marido: o dia em que eu comentar, não sei se terei de chamar alguém para me substituir, porque realmente o coração aperta, pois sabemos das dificuldades, mas vê-la jogando me enche de orgulho”, discursou. 

A confiança do Brasília em Mel faz parte de uma filosofia de investir em jovens e lançá-las no cenário nacional. “Algumas jogadoras que se destacaram aqui na temporada passada acabaram tendo oportunidades em clubes maiores. Isso foi muito importante, porque mostra a condição de revelar atletas. Temos sido trampolim, uma plataforma para colocar atletas jovens e atletas promissoras, com contratos melhores, claro, isso é muito bom e nos orgulha”, destacou o treinador Spencer Lee. 

O dono da prancheta do Brasília desde agosto do ano passado elogia a filha de Paula Pequeno. “A Mel traz uma genética muito importante, tem uma mãe bicampeã olímpica, o pai foi considerado um dos 10 melhores jogadores de handebol do mundo. Embora seja a nossa jogadora mais jovem, tem conquistado espaço e respeito no dia a dia de treinamento, sendo competitiva o bastante, proporciona desenvolvimento para as outras jogadoras”, analisou. 

O que esperar do time na temporada? Para o treinador, seguir na elite do voleibol é o maior objetivo. “O Brasília, nos últimos anos, não tem participado dos playoffs. A equipe tem um investimento que o coloca em seu lugar, brigando pela 10ª colocação na Superliga. Nossa briga, na verdade, seria pela permanência na Superliga”, comentou. 

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