VÔLEI

Vôlei: Irã disputa VNL enquanto país é atacado por Israel; atleta do Minas se emociona

No Ataque conversou com atleta do Minas e do Irã e com gerente da seleção de vôlei, que explicou como deu a notícia ao elenco

Na noite dessa quinta-feira (12/6), enquanto a Seleção do Irã disputava partida emocionante contra Cuba, no Maracanãzinho, pela Liga das Nações Masculina de Vôlei, o gerente da equipe, Amir Khoshkhabar, recebeu ligação na beira da quadra. Era seu amigo da Federação de Vôlei Iraniana, que deu a ele a notícia de que o país acabara de ser atacado por Israel.

Alegando estar fazendo um “ataque preventivo”, a Força Aérea Isralense lançou ofensiva de larga escala, com aeronaves, bombas e mísseis, visando atingir instalações nucleares, centros militares e edifícios do governo do Irã em Teerã, capital do país.. O ataque matou pelo menos 78 pessoas e feriu mais de 320, a maioria civis, segundo o enviado do Irã à Onu, Amir Iravani. Autoridades do exército iraniano e cientistas nucleares estão entre os mortos.

Em conversa com o No Ataque e outros veículos de mídia nesta sexta (13/6), Amir Khoshkabar contou que, ao receber a notícia, foi aconselhado a não contá-la aos jogadores até que a partida acabasse.

“Foi um sentimento “interessante”. Acho que estava no segundo set quando meu amigo da Federação Iraniana ligou, disse que estávamos sobre um bombardeio e pediu: ‘Por favor, não diga aos jogadores, deixe eles jogarem’. Mas foi realmente muito difícil. Os jogadores disseram a mim depois do jogo: ‘Quando olhávamos seu rosto, ficamos assustados. O que aconteceu? Estávamos ganhando de 2 sets a 0, mas você estava muito, muito triste’”, iniciou.

A equipe acabou levando a virada e perdendo no tie-break para Cuba. Mas, depois do baque pela dura derrota, veio o baque real.

“Depois da partida, contei o que aconteceu. Foram notícias muito ruins, alguns deles choraram, no vestíário eles choraram.”

Amir Khoshkadar

A reação do capitão

Capitão do Irã e atleta do Minas Tênis Clube, o levantador Javad Karimi não quis conversar com a reportagem do No Ataque na quinta, pois estava abalado minutos após receber a impactante notícia. Ele sequer passou pela zona mista – no entanto, mesmo jogadores que passaram pelo local preferiram não falar nada.

Nesta sexta-feira (13/6), no entanto, após a derrota por 3 sets a 2 para a Eslovênia, Javad parou para falar com a imprensa. No entanto, emocionado, não conseguiu continuar sua resposta.

“Quando nos contaram que eles (Israel) atacaram o nosso país… (para de falar e se emociona). Desculpe, eu não consigo.”

Javad Karimi

Amir Hossein Esfandiar, ponteiro que atua pelo Foolad Sirjan Iranian, do Irã, disse: “isso é realmente importante para nós. Não sei se vocês sabem, agora no Irã estamos em guerra contra Israel. Isso é realmente uma m**** para nós, porque nossa família ainda está lá e a nossa mente está no Irã, mas fisicamente estamos aqui. Isso é realmente difícil para nós”.

“Nós conversamos muito e tentamos ‘mudar a mente’ deles (dos jogadores), mas eles estão tristes. O problema continua, hoje (o bombardeio de Israel) foi pior que ontem”, contou Amir Khoshkhabar. O dirigente ainda disse que o apoio da torcida brasileira à Seleção Iraniana na partida desta sexta, “ajudou os jogadores em meio a essa condição”.

O que a Seleção do Irã vai fazer?

Resta ao Irã apenas mais um jogo da primeira semana da Liga das Nações, disputada inteiramente no Rio de Janeiro – no domingo (15/6), a seleção do Oriente Médio enfrenta a Ucrânia a partir das 13h30.

Após uma semana sem jogos, a equipe persa jogará a segunda semana da VNL – entre os dias 25 e 29 de junho – em Belgrado, capital da Sérvia. E, na terceira semana, entre 16 e 20 de julho, atuará em Gdansk, na Polônia.

Ao que tudo indica, os conflitos bélicos entre Israel e Irã vão se estender. Nesta sexta, o Irã revidou o ataque e bombardeou alvos militares na cidade de Tel Aviv, capital de Israel, e na cidade de Jerusalém. Líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei disse, após os bombardeios em Teerã: “Com esse crime, o regime sionista (de Israel) deve se preparar para um destino amargo e doloroso, o qual definitivamente acontecerá”.

Amir Khoshkhabar explicou que a Seleção do Irã terá “muitos problemas” se a guerra se estender, porque o visto que eles têm na Europa é limitado.

“O visto na Europa é limitado, e não podemos ficar por mais tempo do que o visto determina. Precisaremos voltar para o Irã antes de ir para a Polônia. Realmente não sabemos como lidar com esse problema”, concluiu o dirigente.

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