Cinco técnicos brasileiros disputaram – ou ainda disputam – a atual edição do Campeonato Mundial Feminino de Vôlei, na Tailândia. Dois deles conseguiram levar suas seleções às oitavas de final, enquanto três se despediram da competição ainda na fase de grupos.
O mais famoso deles, que dispensa apresentações, é José Roberto Guimarães. Técnico da Seleção Brasileira, ele é um dos nomes mais lendários do voleibol mundial e o único tricampeão olímpico do Brasil – comandou o primeiro ouro da equipe masculina, em Barcelona 1992, e os dois únicos ouros do time feminino, em Pequim 2008 e Londres 2012.
Neste Mundial, Zé levou a Seleção ao primeiro lugar o Grupo C, com vitórias por 3 sets a 0 na primeira rodada, sobre a Grécia, e na terceira rodada, sobre Porto Rico; e triunfo por 3 sets a 2 sobre a França na segunda rodada. Nas oitavas, o Brasil – em busca do título inédito do torneio – enfrentará a República Dominicana.
Mas, além de Zé Roberto, há quatro técnicos brasileiros que treinam seleções estangeiras do Mundial. Um deles é tricampeão da Superliga, outro está à frente de uma seleção há quase 20 anos, outro ficou mais famoso por se tornar “algoz improvável” do Praia Clube na temporada passada e o último ganhou destaque na Superliga 2024/25.
Luizomar de Moura
O nome mais famoso da lista após Zé Roberto é o de Luizomar de Moura. O pernambucano é lenda do Osasco, time que comanda há quase 20 anos e pelo qual já conquistou três Superligas Femininas – incluindo a última, no Ginásio do Ibirapuera.
Luizomar é o técnico da Seleção de Cuba, tricampeã olímpica e mundial, que vive má fase apesar da extensa história de glórias. Ele já deu adeus ao Mundial, mas conquistou feito importante – na terceira rodada da fase de grupos, levou a equipe ao primeiro triunfo na competição após 16 derrotas consecutivas, com um 3 sets a 1 sobre a Eslováquia, no Phuket Municipal Stadium, em Phuket.
Como a seleção caribenha antes havia perdido por 3 sets a 0 para Bélgica e Itália, já entrou em quadra eliminada. Mas, em pouco tempo à frente do time – assumiu há pouco mais de um mês – o nordestino já conseguiu levantar a moral do time.
Antes de comandar Cuba, Luizomar já treinou as Seleções do Peru e de Quênia, pela qual esteve nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Marcos Kwiek
Marcos Kwiek é o brasileiro técnico de seleções estrangeiras com o trabalho mais longevo – comanda a República Dominicana desde 2008.
Ele também é o que comanda a equipe mais forte. A República Dominicana é a única equipe da lista que está classificada para a fase eliminatória do Mundial. Nas oitavas de final, entretanto, o time de Kwiek terá pedreira: enfrentará a Seleção Brasileira de Zé Roberto Guimarães, no domingo (31/8), a partir das 10h30, no Indoor Stadium Huamark, em Bangkok, capital da Tailândia.
Na fase de grupos, a seleção caribenha venceu por 3 sets a 0 Camarões e México, mas perdeu na terceira rodada para a China, por 3 sets a 0. Por isso, ficou em segundo no Grupo F e enfrentará o Brasil.
Antes de assumir a República Dominicana, o paulistano foi auxiliar de Zé Roberto entre 2003 e 2006 e enfrentou seu “mestre” nas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Paris 2024′ e na fase de grupos dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020′ (disputados em 2021).
No cenário de clubes brasileiro, Marcos Kwiek comandou o Pinheiros, em 2006/07; e o Bauru, entre 2015/16 e 2016/17 e em 2022/23.
Paulo de Tarso
Nascido em Belém do Pará, Paulo de Tarso Milagres comanda a Seleção de Camarões desde junho de 2025 – em 2016, chegou a ter outra curta passagem pela equipe.
O time africano já foi eliminado do Mundial com três derrotas por 3 sets a 0 – para o Japão, na estreia; para a atual bicampeã Sérvia, na segunda rodada; e para a Ucrânia, na terceira rodada.
Paulo tem extensa carreira no vôlei. O primeiro time treinado por ele foi o ADC Bradesco, onde permaneceu entre as temporadas 1997/1998 e 2008/2009. Depois, passou pelo Sub-21 do São Caetano, foi auxiliat técnico do São Caetano/Blausiegel e, em 2010, assumiu o comando das seleções Sub-21 e principal (masculinas) de Ruanda, treinadas por ele até o ano seguinte.
Em 2011/2012, o técnico nascido em Belém do Pará assumiu o Pinheiros e lá ficou até 2019/2019. No meio desse período, em 2016, chegou a ter curta passagem pela Seleção de Camarões.
Após deixar o Pinheiros, Paulo teve suas três primeiras experiências no voleibol de clubes internacional: em 2010/2021, comandou o Tarnow, da Polônia; em 2022/2023, treinou o Târgu Mureș, da Romênia e, em 2024/2025, chegou ao Alianza Lima.
A passagem pelo Peru durou pouco mais de sete meses; de 21 de agosto de 2024 a 31 de março de 2025, mas teve momento marcante: em janeiro, ele levou o Alianza à surpreendente vitória por 3 sets a 0 sobre o poderoso Praia Clube na fase de grupos do Sul-Americano, na Arena UniBH. A “zebra” fez a equipe liderar sua chave no torneio e pegar um adversário mais acessível na semifinal – o Estudiantes, da Argentina. Com a vitória na semi, as peruanas garantiram vaga inédita no Mundial de Clubes.
Na final, o Praia conseguiu “revanche” e venceu o Alianza por 3 sets a 0. No entanto, a história já tinha sido feita: foi a melhor campanha da equipe no Sul-Americano Feminino de Vôlei. O time de Lima só havia disputado o torneio em 1991, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, quando ainda se chamava “Sta. Teresita Alianza” e ficou na terceira colocação, atrás dos brasileiros Sadia Clube e Pão de Açúcar.
Guilherme Schmitz
Guilherme Schmitz comanda a Seleção da Colõmbia desde maio deste ano. Ele não é o primeiro brasileiro a treinar a equipe – Antonio Rizola, hoje técnico do Peru, comandou a Colômbia entre 2017 e 2023.
O time sul-americano já deu adeus ao Munial – na primeira rodada, perdeu por 3 sets a 0 para a República Dominicana do conterrâneao Marcos Kwiek; na segunda, caiu por 3 sets a 1 para a China e, na terceira, perdeu por 3 sets a 2 para o México.
Esta é a primeira experiência dele numa seleção principal – antes, havia sido auxiliar técnico das Seleções Brasileiras Sub-23 e Sub-20 e técnico da Sub-19, entre 2023 e 2024.
Guilherme se destacou pela grande temporada à frente do Fluminense em 2024/25. Além do título do Campeonato Carioca sobre o arquirrival Flamengo, que finalizou jejum de oito anos sem troféus, ele levou o tricolor à melhor campanha da história dos pontos corridos na Superliga: foi o quarto colocado, com 15 vitórias, sete derrotas e 43 pontos conquistados.
No mata-mata, o Flu foi eliminado pelo Bauru nas quartas de final após três jogos eletrizantes. O time paulista seria vice-campeão do torneio.
Em 2025/26, Schmitz terá sua primeira experiência internacional: comandará a Universidad San Martín, do Peru.