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Cruzeiro fracassa em programa de sócios e fica longe de meta de Ronaldo

Contagem do plano de sócio-torcedor do Cruzeiro está abaixo de 50 mil; meta de Ronaldo para 2023 está longe de ser alcançada
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O Cruzeiro está cada vez mais distante da meta de sócios-torcedores estabelecida pelo gestor Ronaldo Nazário para a atual temporada. A Raposa apresentou, nessa segunda-feira (2/10), contagem abaixo dos 50 mil aderentes ao programa. A queda vertiginosa no número deve impactar muito na receita final da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no fim deste ano.

A decadência do sócio, que até o fechamento desta reportagem estava em 49.762 torcedores, deixou o Cruzeiro longe de alcançar a marca de 100 mil colaboradores. Ronaldo havia traçado a meta para a torcida celeste logo após o título da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022.

À época, o Fenômeno elogiou o trabalho feito pelo departamento de comunicação do Cruzeiro, que junto a ele, ajudou a convencer os cruzeirenses da importância do projeto. O programa tinha superado a marca de 71 mil adimplentes.

“Comunicamos à torcida a importância do programa Sócio 5 Estrelas, e a galera entendeu e apoiou super. Hoje estamos aí com quase 70 mil sócios. A meta para o ano que vem é 100 mil sócios, para começar o ano. Acho que essa é uma boa meta e tenho certeza que a torcida do Cruzeiro vai fortalecer muito”, disse Ronaldo em setembro do ano passado.

O Cruzeiro teve um ‘boom’ na plataforma nos primeiros meses da gestão do empresário, com 60 mil novos sócios. Antes do anúncio da venda de 90% dos direitos da SAF para Ronaldo, em dezembro de 2021, o clube tinha pouco mais de 10 mil associados.

Procurado pelo No Ataque para explicar os motivos da queda do número de contribuintes, o Cruzeiro não se manifestou. A reportagem será atualizada com o posicionamento em caso de retorno do clube.

Possíveis explicações para a queda

Fim dos planos cativos

A diminuição no quadro de sócios não é novidade, já que o Cruzeiro apresentava uma tendência de queda desde o fim de 2022. À época, Lênin Franco, ex-diretor de negócios e marketing, explicou que a Raposa tinha mais de dez modalidades e que nem todas eram rentáveis ao clube. Ele afirmou que seria preciso encerrar os planos de cadeiras cativas. E assim foi feito.

Os novos planos entraram em vigor a partir de janeiro deste ano. Hoje, todas as dez categorias do ‘Sócio 5 Estrelas’ oferecem descontos na compra dos ingressos, mas não garantem cadeiras cativas aos torcedores.

Outra ação que desestimulou parte da torcida foi a não implementação do season ticket – espécie de ingresso para os sócios durante toda a temporada. Essa opção é comum nos grandes modelos de clubes europeus.

Falta de uma casa fixa

O declínio do sócio-torcedor ficou ainda maior no primeiro trimestre deste ano, quando o clube estrelado abriu mão de jogar no Mineirão. A diretoria celeste entrou em conflito direto com a Minas Arena – concessionária que administra o estádio – até que as condições para o uso do local fossem favoráveis a ele.

Cruzeiro voltou ao Mineirão após se acertar com a Minas Arena

Sem o Gigante da Pampulha, a Raposa se viu obrigada a mandar seus jogos em outros estádios mineiros e até fora do estado. O Cruzeiro assumiu o Independência como palco principal, mas ainda atuou na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, no Parque do Sabiá, em Uberlândia, e no Kléber Andrade, em Cariacica-ES.

A constante mudança de casa teve impacto na lotação do público nos jogos do Cruzeiro pelo Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Brasileiro. Consequentemente, alguns cruzeirenses abriram mão de dar continuidade ao plano de sócios.

“Quando os jogos voltarem para o Mineirão eu compro. Se não voltar, vou cancelar meu sócio. Jogo no Independência, onde não cabem 20% da torcida do Cruzeiro. Vou pagar o sócio para que? Para assistir na TV não precisa de sócio”, reclamou um cruzeirense nas redes sociais.

Desempenho esportivo ruim

O desempenho esportivo ruim do Cruzeiro nesta temporada também pode ser citado para ajudar a entender a queda do número de sócios. O time avançou às semifinais do Mineiro depois de muito sofrer na fase de grupos. Contudo, a equipe celeste foi eliminada na semifinal do torneio pelo América.

O Cruzeiro também deu adeus à Copa do Brasil nas oitavas de final. A eliminação foi diante do Grêmio, em pleno Mineirão lotado. A trajetória do clube no Brasileirão também tem deixado os cruzeirenses decepcionados: 12º colocado, com 30 pontos.

Peso do sócio na arrecadação do Cruzeiro

A torcida do Cruzeiro, especialmente os sócios-torcedores, teve papel fundamental para ajudar a encorpar as receitas da SAF em 2022. De acordo com o balanço financeiro divulgado pela empresa de Ronaldo Fenômeno, o montante recolhido com bilheteria e o programa societário representa 41% do valor total arrecadado.

O plano de sócios rendeu aos cofres da Raposa R$ 30.324.000. Já a presença em massa dos torcedores nos estádios para acompanhar o time, principalmente no Mineirão, deu bom rendimento. A bilheteria nos 25 jogos como mandante na temporada passada acumulou R$ 31.937.000.

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