FUTEBOL NACIONAL

Em carta ao irmão, Endrick detalha dificuldades familiares e relação com Real Madrid

Em alta na Seleção Brasileira e no Palmeiras, o atacante Endrick, de apenas 17 anos, escreveu carta aberta ao irmão Noah, de quatro, para contar trajetória
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Pela The Players Tribune, Endrick, do Palmeiras, escreveu carta aberta ao irmão Noah, de quatro anos. No texto, contou histórias do pai e da mãe durante a infância e fez revelações inéditas sobre a ligação com o Real Madrid. No último sábado (23/3), o atacante de17 anos fez o gol da vitória da Seleção Brasileira diante da Inglaterra e se tornou o atleta mais jovem a marcar em Wembley.

Nesta segunda-feira (25/3), a Players divulgou o depoimento completo de Endrick. A joia palmeirense deixou claro que a relação com o futebol sempre foi muito forte. “Pode perguntar para a mãe como eu me apresentava pras pessoas. Endrick Felipe Moreira de Sousa, ATACANTE”, revelou o jogador.

Endrick também relembrou as situações de dificuldade que enfrentou junto da família e tudo que passaram juntos para que o sonho de ser jogador de futebol se tornasse realidade.

“Na nossa família, não nascemos em berço de ouro. Nascemos no berço do futebol. A gente sempre vivia no limite. O Pai conta que eu sentei no sofá e disse a ele: ‘Não se preocupe. Com o futebol, vou dar uma vida melhor pra gente’. Antes daquele dia, eu era só uma criança e o futebol, apenas um jogo. Depois daquele dia, o futebol se transformou no caminho para uma vida melhor. Algumas semanas depois, fui pra São Paulo para treinar na Academia do Palmeiras e anotei meu primeiro objetivo: ‘Melhorar a situação da nossa família’. Colocar objetivos é algo importante da minha vida. É a minha maneira de conversar com Deus. Quando fui para o Palmeiras, sabia que faria pelo menos 2 a 3 refeições por dia na escola e no treinamento”, pontuou.

“Futebol não foi apenas o meu sonho, mas o sonho do nosso Pai, do nosso avô, o sonho de toda família. Você acha que quando papai estava dormindo embaixo da bilheteria do estádio do Palmeiras, ele teria sonhado que seu filho jogaria lá um dia? Quando eu tinha 15 anos e me tornei profissional no Palmeiras, posso dizer honestamente que alcancei tudo que eu sempre quis na minha vida, graças a Deus. Consegui comprar uma casa pra mamãe e tirar nossas duas avós de Chaparral, que era perigoso. Depois daquela conversa que tive com o Pai no sofá, eu sabia que agora tinha alcançado meu primeiro objetivo: ajudar minha família a ter uma vida melhor”, seguiu.

Endrick, em vários momentos do depoimento, deixa claro e reconhece o apoio e a luta incessante dos pais para que ele conseguisse seguir sua trajetória no futebol. “Na verdade, nem mesmo eu conhecia essas histórias até bem pouco tempo atrás, porque a Mãe (Cintia) sempre escondia sua dor para proteger meu sonho. Eu nunca vi a Mãe chorar. Ela costumava entrar no banheiro para eu não perceber. Mas a Mãe telefonava para o Pai muitas vezes, dizendo que não aguentava mais, que queria voltar para casa, só que aí eu voltava dos treinos contando histórias sobre o que aconteceu naquele dia, e os gols que marcamos… E ela via meus olhos brilhando”, completou

A promessa do futebol brasileiro também ressaltou o sacrifício feito pelo pai, Douglas, principalmente quando veio a São Paulo para trabalhar no Palmeiras. “Eles só tinham uma vaga. O Pai começou a trabalhar na equipe de limpeza, dentro do estádio. Ele sempre sonhou em estar em um ambiente de vestiário quando era menino, então, ele ia trabalhar com um sorriso no rosto. Ele ficou lá por três anos, primeiro catando lixo no estádio e depois sendo promovido para limpar o vestiário do time titular. Ele dizia para os jogadores que um dia seu filho jogaria com eles”.

Relação com o irmão Noah

Endrick já demonstrou em diversos momentos o carinho e a admiração que tem pelo irmão mais novo. Ao Players Tribune, ele relembrou um acontecimento curioso no dia do nascimento de Noah.

“Eu estava jogando uma partida importante na época, tinha apenas 13 anos, e você não queria sair da barriga da mamãe. O relógio fazia tic-tac-tic-tac sem parar, e mamãe e papai se perguntavam o que você estava esperando. Então, de repente, o Pai recebeu uma ligação de seu amigo que estava no jogo. Ele disse: ‘Douglas!! Douglas!! Endrick acabou de fazer um gol!!’ E então, naquele exato momento, tudo que se ouviu no quarto do hospital foi Wwaaaahhh!!!!!!!!! Você finalmente saiu para comemorar comigo”, contou Endrick.

Ligação com o Real Madrid

Endrick foi vendido pelo Palmeiras ao Real Madrid em dezembro de 2022, pouco depois de assinar seu primeiro contrato profissional com o Verdão. A joia da base palmeirense se juntará aos merengues partir de julho de 2024, quando completar 18 anos. O atacante explicou que a ligação com o time espanhol vem desde pequeno, quando tinha sete ou oito anos, e que acompanhava os jogos da equipe.

“Quando era pequeno, eu não tinha celular ou qualquer coisa, então eu costumava pegar emprestado o computador da mamãe e assistir aos melhores momentos dos jogos do Real Madrid. Eu sei que você é muito jovem para lembrar desses nomes, mas eu estava obcecado com aquela equipe de 2013-14 com Cristiano, Modric e Benzema. Essa foi minha porta de entrada na história do clube. Comecei a entrar no Youtube e aprender sobre o Galácticos e depois cada vez mais fundo — Puskás, Di Stéfano… Pode acreditar, em Madri, você vai ouvir falar mais sobre esses craques”, declarou Endrick.

Em fevereiro deste ano, a joia visitou as dependências do Real Madrid e conversou com os jogadores. Modric, em especial, revelou algo marcante para Endrick: “Tudo aconteceu muito rápido, como se eu estivesse em um sonho. Mas o que mais me lembro é quando entrei no vestiário e o Modric falou comigo. A camisa 10 estava pendurada e ele apontou para o assento ao lado dele e disse: ‘Número 9 e Número 10. Quem sabe… na próxima temporada, talvez você se sente do meu lado'”.

Endrick também reforçou sobre a inspiração em Cristiano Ronaldo, um dos maiores ídolos da história do clube madridista: “Mais do que ninguém, eu assisti Cristiano. Não apenas os melhores momentos, mas também o quanto ele se dedicou e o que outros diziam sobre sua mentalidade. Com ele, aprendi que o trabalho duro é até mais importante que o talento”, afirmou.

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