AMÉRICA

Ídolo do América revela que foi açougueiro antes de virar jogador aos 22 anos

Referência para toda a equipe, Juninho completou 400 jogos com a camisa do América e relembrou trabalho árduo antes de ser profissional
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São mais de 400 jogos com a camisa do América, além da enorme identificação com a torcida. Não à toa, Juninho é visto como uma referência no elenco e é um dos líderes da equipe. Com a braçadeira de capitão e com novo desafio para a temporada, o volante relembrou, em entrevista exclusiva ao No Ataque, o caminho difícil e ‘demorado’ até o futebol profissional.

Natural de Goiânia e morador da cidade de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, Juninho levou algum tempo para se tornar jogador. Ainda que o sonho fosse latente, ele precisava trabalhar e ao mesmo tempo lutar pelo desejo de entrar em campo. Ao contrário da maioria dos atletas, em que o caminho natural é começar pela categoria de base, com ele não foi bem assim.

“Eu cheguei a fazer escolinha. Não cheguei a pegar base, sub-15, sub-17. Tive que alinhar com trabalho e isso me distanciou da base. Sempre trabalhei cedo. Com 14 anos eu estava trabalhando e base pra mim não tinha. Mas foi em uma dessas oportunidades de trabalho que surgiu a possibilidade de jogar na várzea.”

“Eu sempre tive o desejo de ser jogador, mesmo trabalhando. A gente parava para assistir jogo e eu me imagina no campo, mesmo distante do sonho. No peito ardia um desejo. Mesmo eu estando longe, eu tinha fé que eu poderia acontecer. E eu não mudaria nada na minha trajetória”, relembrou Juninho.

Na época, ainda adolescente, Juninho trabalhava em um mercado da cidade. A rotina era assim: trabalho no supermercado, fazendo todo tipo de serviço e depois corria para jogar futebol, na várzea. Antes de se dedicar inteiramente ao futebol, assumiu o posto de açougueiro.

“O dono do mercado tinha um time. Eu trabalhava no supermercado e ia pra várzea. Era um jogo dia de sábado, foi em um desses jogos que fui convidado para participar do amador. E começou a aparecer as oportunidades. Trabalhei no supermercado, fui atendente de caixa, limpava prateleira, atendia no bar, por fim fui açougueiro, no mesmo supermercado. É engraçado que sempre que tinha a possibilidade de ir pra outro lugar, minha carteira continuava assinada com o mercado. Caso não desse certo, ele falava ‘você volta’. Eu tinha uma motinha, aí ele me liberava pro futebol e depois eu voltava, fiquei nessa um bom tempo. Sou muito grato a ele”

Juninho, volante do América

Com as oportunidades reduzidas na cidade e sem o convívio nas categorias de base, a conquista do futebol profissional veio só aos 22 anos, no Aparecida EC, em Goiânia.

“Eu saí de estado, voltei, mas continuei trabalhando. E graças a uma oportunidade que teve de várzea, o cara acabou me chamando para uma terceira divisão do Campeonato Goiano e as coisas começaram a acontecer. Mas antes de me tornar jogador profissional, foi um tempo árduo, me tornei profissional com 22 e 23 anos.”

História no América

Juninho chegou ao América em 2016, por empréstimo do Athletico-PR. No ano seguinte, foi adquirido de forma definitiva e conquistou a Série B do Campeonato Brasileiro. Mesmo desafio que terá nesta temporada.

Há oito anos vestindo a camisa do Coelho, Juninho viveu bons momentos no clube. Passou por Segunda Divisão, mas também comemorou as glórias e, principalmente, participou da mudança de patamar do América. Nos últimos anos, o alviverde disputou semifinal da Copa do Brasil, conquistou vaga inédita na Copa Libertadores e na Copa Sul-Americana.

Nesta temporada, o volante chegou a marca de 400 jogos pelo clube. Ele se tornou o recordista com a camisa americana. Antes dele, o goleiro Milagres detinha o posto.

“Eu estou em um lugar que eu amo. Se você olhar minha carreira, vai ver que não tem nada de demais. Simples. Mas eu sou muito realizado e isso passa por estar aqui no América. É um lado humano, que a gente sente no dia a dia. Eu sou feliz. Pude dar uma qualidade de vida melhor para a minha família depois que eu cheguei aqui. Cheguei no América com tudo organizado e comecei a conquistar. Alcançar essas marcas no clube é muito prazeroso”, falou.

Sobre os planos para a temporada, Juninho destacou que mantém os pés no chão, mas revelou desejo de levantar a taça ao lado dos companheiros. O América estreia nesta sexta-feira (19/4), diante do Botafogo-SP, às 19h, no Estádio Santa Cruz, pela primeira rodada da Série B.

“E agora almejo muito ser campeão. Eu tenho o desejo de ser campeão aqui. Porque não adianta nada a gente ficar cinco, seis anos e não ser marcado com títulos”, finalizou.

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